Hidrovias da Baixada, uma idéia esquecida ?
Faz pouco tempo, o governador José Serra esteve em Santos e anunciou a retomada do projeto do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, uma antiga reivindicação regional. Mas tenho absoluta certeza que ele também vai tirar do papel a idéia do transporte intermetropolitano de barcos pelas hidrovias naturais da Baixada Santista. Quem valoriza essa possibilidade é um homem apaixonado pela região, o vice-prefeito de São Vicente, Paulo de Souza, que ganhou destaque no último final de semana com a reportagem "Barato e não-poluente, sistema aquaviário não sai do papel", de autoria do jornalista Pedro Cunha, de "A Tribuna". Uma solução escancarada, à espera de uma atitude decisiva desde 2004.
O próprio DERSA, conforme a matéria, dispõe de estudos preliminares prevendo a implantação de cinco linhas intermunicipais para transporte de passageiros por meio de barcos. As cinco rotas atenderiam as cidades de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Bertioga, servindo também para a exploração turística. Essa alternativa representaria aos usuários uma economia de até 50% no gasto mensal com o transporte coletivo intermunicipal.
A preocupação com o crescimento vertiginoso de veículos nos centros urbanos e a ausência de propostas viáveis de soluções para o transporte coletivo devem compor os programas dos candidatos às prefeituras em todo o país. Os espaços viários nas cidades estão cada vez mais restritos, o que nos obriga a questionar a falta de encaminhamento da idéia do uso das hidrovias pelo Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), que deveria apoiar imediatamente as soluções de caráter metropolitano como essa.
Não é a primeira vez que Paulo de Souza expõe a sua sensibilidade com os problemas regionais. A sua obstinação em urbanizar a favela México 70, em São Vicente, sensibilizou o governador Mário Covas, que priorizou obras de drenagem, canalização de valas, saneamento básico, construção de moradias dignas e recuperação de habitações, dentre outras intervenções no local. Paulo vai fundo nos seus objetivos, e o fato de resgatar agora a proposta de valorização do sistema aquaviário para a região, durante um governo que está olhando de frente para a Baixada, começo a imaginar luzes nesse caminho.
A matéria de Pedro Cunha resgata a cronologia desse alerta ao governo do Estado, esclarecendo que o projeto foi apresentado "durante o 1.º Fórum de Transporte Aquáviário do Litoral Paulista, realizado no Delphin Hotel, em Guarujá, em 15 de julho de 2004. Além de apontar diversas vantagens em um primeiro momento, que exigiria poucas interferências, a proposta já levantava a possibilidade de uma segunda fase, com a interligação de quatro das cinco rotas a partir do terminal de passageiros existente na Praça da República, em Santos. Assim, um usuário poderia viajar de barco desde a Ponta da Praia até Cubatão, com escalas em Vicente de Carvalho, na Praça da República e no Valongo, em Santos, e chegada nas proximidades da Cosipa".
Ele prossegue: "A partir da Ponta da Praia, também seria possível atingir o Bairro do Caruara, na área continental de Santos; a Cachoeirinha, em Guarujá; e o centro de Bertioga. Nesse caso, seria preciso trocar de barca na Praça da República. De barco, os santistas não teriam de cruzar as cidades de Cubatão ou Guarujá para se locomover entre a Ilha e o Continente. A única travessia que não estaria integrada à Praça da República seria a ligação entre a Área Continental de São Vicente e o Mar Pequeno, num percurso de quatro quilômetros que, por terra, é feito em 15 quilômetros. A idéia é navegar pelo Rio Mariana, permitindo o embarque e desembarque de passageiros no Humaitá e nas proximidades da Ponte Pênsil".
Há muitos leitores deste blog longe da realidade que descrevi com as informações de A Tribuna. Mas sei que a preocupação é geral com o aproveitamento das melhores alternativas em qualquer área de influência para melhorar a vida das pessoas. Vale cobrar a sensibilidade e o espírito empreendedor dos agentes públicos, encurtando distâncias entre os sonhos, projetos e a capacidade de executar urgente o que é mais necessário! As hidrovias da Baixada não podem ser esquecidas!
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