Tropa de Elite, chocante !?
Ontem à tardinha fui com os meus dois filhos assistir ao filme nacional "Tropa de Elite", atraído pelos comentários que antes de sua estréia no cinema já havia sido visto por 19% dos paulistanos, conforme divulgou o Datafolha. De acordo com a pesquisa, simplesmente, 1,5 milhão de pessoas assistiram em São Paulo e, segundo o diretor José Padilha, o fato se repetiu no Rio de Janeiro, só por cópia pirata. Um fenômeno de além marketing, porque sem nenhum planejamento aparente é sucesso de público. Incrível mesmo é que, ao relatar o meu programa de sábado a um amigo em Santos, fui surpreendido com a sua própria experiência: ___ No cinema ainda não ví, mas já rodei o dvd pirata pelo menos quatro vezes!
Em tempos de violência desmedida – crimes por todas as partes, assaltos em cada esquina das cidades, roubos cinematográficos, tráfico de drogas etc -, deixando um sentimento crescente de insegurança na população brasileira, "Tropa de Elite" consagra o carioca Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) na condição de justiceiros num país constitucionalmente organizado, combatendo o crime dentro e fora da própria polícia.
O grande interesse despertado pelo filme com certeza não está associado apenas à brutalidade policial no combate ao crime. Mas ele tem o condão de explicitar em síntese o roteiro da corrupção policial, coisa de 60 segundos suficientes para que o público visualize a cadeia de envolvimentos, desde o policial aspirante aos comandantes das corporações. Da mesma forma, conta o grau medíocre de consciência social dos nossos estudantes e as suas deformidades na compreensão da realidade nacional.
O narrador-protagonista Capitão Nascimento (interpretado pelo excelente Wagner Moura) expõe três opções para um policial no Rio de Janeiro: corromper-se, resignar-se ou ir à guerra. Então, como um país com leis, instituições e sob o regime democrático haverá de realizar a travessia do estado de caos, que "Tropa de Elite" nos realerta, para um Brasil socialmente justo, com igualdade de oportunidades e absolutamente seguro?
Esse filme a meu ver não é chocante. Afinal, o quê mais choca uma sociedade que não se cansa, faz tempo, de clamar por justiça, mas sem violência ?
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