Blog do Raul

Bolsa Família sim, eleitoreira não !

A Bolsa Família serviu para manter em alta a popularidade do presidente Lula, durante os sete anos de seu governo, mas o pano de fundo será outro nas eleições deste ano: a capacidade de governar para todo o Brasil, inclusive com a manutenção e melhoria da rede de proteção social criada antes do atual governo federal do PT. Mas a candidata Dilma Rousseff ironiza a oposição, como se fosse proprietária de algum programa social que não teve participação, exceto do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento em que revelou a sua incapacidade gerencial. PSDB, DEM e PPS sempre condenaram e combateram o uso eleitoreiro da Bolsa Família, nunca a existência do programa que foram responsáveis pela sua idealização e execução a partir do Programa de Garantia de Renda Mínima em 1998 e a Bolsa Escola em 2001.

O programa Bolsa Família é bem sucedido no combate à pobreza, mas não é um instrumento de combate à desigualdade, como interpretam alguns. A Bolsa Família ajuda a tirar as famílias da pobreza extrema, mas para avançar verdadeiramente na direção da emancipação das pessoas é preciso distribuir ativos, fatores capazes de gerar renda. Essa concepção sempre esteve muito clara e presente quando nós criamos e implantamos a rede de proteção social durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

A candidata Dilma manipula fatos históricos para se inserir neles e não tem nenhum escrúpulo em continuar a apropriação de iniciativas que não foram de seu partido, o PT. Irônico é ler as declarações dela sobre os últimos movimentos de José Serra, do PSDB, defendendo a manutenção e o reforço do Programa Bolsa Família, porque “é uma coisa que funcionou”. Aliás, vem funcionando desde as origens em Campinas, com o ex-prefeito tucano José Roberto Magalhães Teixeira “Grama”, para garantir uma renda mínima às famílias situadas abaixo da linha da pobreza, desde que as suas crianças frequentassem as escolas.

O PT é que condenou de maneira feroz e destrutiva as políticas sociais e o próprio plano de estabilização da economia de FHC, usando os palanques eleitorais e as tribunas parlamentares para tentar colar no PSDB e em seus aliados a imagem de governantes sem legados ou de responsáveis por uma suposta “herança maldita”. Ora, essa atitude dissimulada e aparentemente ignorante da candidata revela a sua má intenção no debate sério e consequente, que toda a sociedade espera para escolher o melhor condutor da travessia para o futuro.

Não há temor de comparações, como o PT finge insistir e ao mesmo tempo responder em nome dos seus adversários e opositores. Dilma e o PT apostam que as oposições terão dificuldade de rechaçar as suas infâmias, numa linguagem popular que atinja a maioria dos brasileiros beneficiários da rede de proteção social. Todas as mídias expõem nesse início de caminhada eleitoral, o balanço da eficácia das políticas implementadas desde o governo Itamar Franco, que foi o responsável pela edição do Plano Real de Estabilização da Economia.

Com a economia estabilizada e um plano de investimentos em infra-estrutura elaborado, iniciando a execução por FHC, o governo tucano passou a executar programas sociais destinados a toda a sociedade, destacando ações voltadas para os brasileiros mais pobres entre os pobres. Lula e o governo do PT, ao assumir em 2003, confirmaram a existência dos inúmeros programas de transferência de renda para erradicar a pobreza e, prioritariamente, organizaram as iniciativas em um guarda-chuvas social, que se denominou e notabilizou como “Bolsa Família”, aumentando o orçamento e a capacidade de divulgação em todas as frentes disponíveis no país.

Quando Floriano Pesaro (secretário nacional do Programa Bolsa Escola no governo FHC) e eu (diretor de articulação com municípios do Ministério da Educação para implantação do programa em todo o Brasil na mesma época – 2001 e 2002) deixamos o governo e passamos o bastão para o PT, a Bolsa Escola somava 5,5 milhões de famílias beneficiadas. Em sete anos de governo eles dobraram o número de beneficiados, até porque depositaram todas as suas fichas nessa ação que durante o governo FHC condenavam como uma “Bolsa Esmola”.

Por fim, não vejo uma justificativa do PT e da sua candidata Dilma Rousseff, que martelam como um mantra o conceito copiado de José Sarney, do “tudo pelo social”, tentando passar a idéia de que as quase 12 milhões de famílias da Bolsa Família importam muito mais que os 37,6 milhões de benefícios concedidos, regularmante, durante o ano de 2002 apenas pelo governo FHC, com investimentos estimados em mais de R$ 30 bilhões.

José Serra pode muito mais defender a rede de proteção social desenhada e já executada com sucesso pelo PSDB, porque participou diretamente da concepção e gestão dos 12 programas à época de FHC – Bolsa Alimentação, PETI – Erradicação do Trabalho Infantil, Bolsa Escola, Auxílio Gás, Brasil Jovem, Abono Salarial PIS/Pasep, Bolsa Qualificação, Seguro Desemprego, Seguro Safra, Aposentadoria e pensões rurais, Benefício de Prestação Continuada – BPC/Loas e Renda Mensal Vitalícia. Portanto, Serra e o PSDB não precisavam apoiar politicamente o governo do PT, nos últimos sete anos e meio, mas fazer o que está fazendo agora, resgatando para o Brasil do futuro, a informação de que continuará defendendo o seu próprio legado sem pedir licença a incontinência verbal e aloprada de Dilma Rousseff.

Vale a pena rever o vídeo de Lula combatendo os “críticos” da Bolsa Família – http://bit.ly/cdtPfv

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11 comentários em “Bolsa Família sim, eleitoreira não !”

  1. Rui Cesar Rizek

    Prezado Raul Christiano.
    Se bem me lembro no início do atual governo federeal, a frequência a escola deixou de ser contrapartida ao recebimento do Bolsa-escola, retornando as crianãs ao antigo status de “trabalhadores” infantis e sem possibilidade de estudar – aliás, o atual governo tem personagens meio avessos a estudos e leituras.
    Não lhe parece que se mantida fosse essa exigência, hoje a situação escolar estaria sensivelmente melhor?
    Outra questão que gostaria de entender: o programa Bolsa alimentação obrigava a visitas médicas mensais; hoje ainda é assim?
    PPS, DEM e PSDB podem garantir que essas ” contrapartidas ” serão mantidas e, talvez, melhoradas, tais como expansão para o segundo grau?
    Forte abraço

  2. Edson Paixão

    Olá! Companheiro Raul!

    Demorou, e embora tardiamente, a linha de combate as inverdades, que quase se perpetuaram como sendo verdades únicas deste governo que pegou carona nos ideais do tucanato, enfim estam sendo levantadas e mostradas.
    Ainda bem que “acordamos” e alinhamos com um PSDB que eu sempre quiz ver. Até posso entender o amigo Raul, quando diz que naquele momento “não iriam se alinhar com eles (o PT)” fazendo um combate, mas com certeza, se tivéssemos realizado contínua e sistematicamente esta exposição de “verdades e mentiras”, com certeza os quadros de agora fossem diferentes e talvez até já tivéssemos outro Tucano na mesa do executivo nacional. Mas, como fala uma velha máxima: “antes tarde do que nunca”.
    Vamos a luta desfraldando a bandeira da verdade, da competência, do quadro político e social, da seriedade, da fidelidade, da moralidade, da velha e boa gestão da coisa pública e tantos outros que existem no nosso PSDB.

    Um abraço,

    Edson Paixão.

  3. Caro Raul, como é gostoso podermos ver esses “radicais livres” de outrora, se esguelando para defender o que nós, o PSDB, implantamos lá atrás com responsabilidade e imparcialidade, uma vez que nós não só davamos o peixe bem como ensinavamos a pescá-los e será dessa maneira que o Serra fará, implantando ensinos técnicos em todo o território desse nosso imenso País. AHH!!! É o País TODO e não como agora eles estão querendo dividir em norte e sul.
    Forte abraço e voo alto tucano.

  4. Zé Augusto

    Caro Raul.
    O ” partido da boquinha”,tem que ser desmascarado,não só em seu blog,temos que ir aos demais meios de comunicação,e colocar de forma clara quem são estes empulhadores,que tanto mal fizeram e ainda fazem ao nosso povo.Do mesmo jeito que fêz o Aécio em Minas ,quando listou o comportamento destes sacripantas em momentos cruciais para a vida democratica do nosso País.Como sugestão:que o PSDB e os partidos aliados estejam presentes diuturnamente nas ruas e na mídia.Vamos desmascarar de uma vêz por todas o “partido da boquinha”.
    Abçs.
    E como dizia o nosso líder André Franco Montoro: A luta continua…

  5. Emílio César Puime Silva

    Caro Raul,

    Nessa campanha o PSDB precisa deixar claro quando foi criado o programa, não podemos titubear dessa vez.

    A Dilma “guerra e ódio” vai botar pra quebrar!!!

    O Serra precisa ser enfático na defesa dos programas sociais!

  6. COMO DISSE O COMPANHEIRO EMILIO PRECISAMOS MOSTRA PARA O BRASILEIRO DESINFORMADO QUE FOMOS NOS QUE CRIAMOS O BOLSA FAMILIA QUE ELES PEGARAM E ESTAO FAZENDO POLITICA EM CIMA CRIARAM ATE LEI ,HOJE ELES NAO ABRAÇAM TAMBEM O PROER E A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL PORQUE CRIAMOS LEI E FICA IMPOSSIVEL ELES FALAREM QUE FOI ELES MAIS O BOLSA INFELIZMENTE NAO CRIAMOS MAIS VAMOS PROVAR PARA POPULAÇAO QUE FOI O PSDB QUE CRIOU.

  7. CRISTINA BENEVIDES

    Devemo a ACM (falecido), Cristovam Buarque, FHC, Betinho o início da Bolsa Família que era diferente e chamava-se Bolsa Alimentação. Lula só fez rascunhar por cima, ele e José Dirceu.

  8. Roseli Borges

    Acredito que se a bolsa escola estivesse vinculada nao só a frequencia, mas tbem ao bom desempenho dos alunos nas avaliaçoes, a educaçao iria realmente melhorar. Já que estudar não é só ir a escola, aprendemos lendo, ouvindo e fazendo as atividades propostas pelos professores nfelizmente nossas crianças e jovens nao fazem nem uma coisa e nem outra.
    Para nao haver nenhum tipo de duvida sobre as notas dos alunos, usar as avaliaçoes externas que já sao feitas.

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