Blog do Raul

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Sem medo de dormir com o inimigo.

É comum dizer, quando o assunto é política partidária, que política é "a arte de engolir sapos". Fica difícil discordar dessa interpretação que, aliás, afasta muitas pessoas desse mundo e permite a hegemonia de uns poucos. Poucos que ainda convivem com uma fração que adora manter a política na beira do esgoto (a tal "escória" definida por Ciro Gomes), mas que precisam sentir que não estão agindo com a indiferença dos cidadãos. Isso é o que parece quando as pesquisas mostram os baixos índices de confiança nos políticos de uma forma geral.

O presidente Lula sintetizou essa razão, quando se disse uma "metamorfose ambulante" para justificar a sua necessidade de mudar o passo da dança de acordo com a música. Afinal, quem poderia imaginar o seu governo tão conservador, que antes da sua própria eleição aterrorizava mercados e os setores conservadores da sociedade? Lula fez uma lição de casa, retornando ao princípio deste comentário, e manteve intactas as políticas bem sucedidas, principalmente na área econômica, onde radicalizou nas medidas mais ortodoxas e na permanência de gestores com o mesmo perfil do governo anterior.

No Congresso Nacional a dose foi repetida, dos governos Sarney e FHC, no contexto de que sempre as alianças políticas objetivam a conquista e a repartição do poder, a priorização de verbas orçamentárias, parcerias e governabilidade; raramente são programáticas. Para ser bem mais claro, é fundamental dizer que esse comportamento não se restringe ao Congresso, porque se repete em todas as esferas de governo (nos Estados e municípios).

A democracia é o melhor regime político, mas no Brasil ela vem se consolidando mais pelo reconhecimento e respeito à alternância do poder, que pelo aperfeiçoamento das suas instituições e práticas. Ela proporciona tanta flexibilidade, que quase tudo é permitido. Nossa organização partidária é artificial e está sujeita ao personalismo das lideranças políticas regionais. Ninguém ousa dizer que as suas alianças não são programáticas, porém em primeiro lugar estão os nomes e os projetos pessoais.

Clóvis Rossi resumiu estas reflexões, no título de seu artigo na Folha de São Paulo de hoje, ao escrever "quem se rende ganha". Para o momento que estamos vivendo novamente cabe um milhão de justificativas para tentar explicar a convivência de personalidades políticas com histórias e pensamentos tão diferentes na mesma cama e/ou sob o mesmo teto.

Se não houver uma reforma política, com o reassentamento da importância dos partidos políticos na sociedade, definidos ideológica e doutrinariamente, para então estabelecer o seu arco de alianças, veremos esse filme de unificar interesses e esforços para obter vantagens. Fora isso, olharemos apenas para os nossos próprios umbigos, agregando forças circunstanciais, sem conexões para o futuro, porque no jeito atual de fazer política parece sempre que o futuro é hoje.

Literalmente, dormimos com os "inimigos". Acho desnecessário relacionar com quem estamos ficando partidariamente nos últimos tempos. Curioso é saber que o fazemos com noção de onde mora o perigo!

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Lulopetistas miram mortes da dengue !

Todos os meios de comunicação estampam imagens das vítimas da epidemia da dengue no Rio de Janeiro. Apesar das movimentações concretas do governo lulopetista para controlar a situação e reverter esse quadro pavoroso, há entre os seus representantes aqueles mais interessados em comparar os números de mortes sob Lula e o seu ministro Temporão, com o período do governo FHC e na gestão do ministro Serra. Um comportamento vergonhoso, porque essa politização das estatísticas de mortes, desde a disputa de 2002, são desfavoráveis ao atual governo pela intensidade explosiva da epidemia carioca.

Se os lulopetistas quiserem a infeliz comparação pelo número de mortes sob as gestões FHC e Lula, além do comentário postado no blog do Josias de Souza, nesta terça-feira – http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2008-03-23_2008-03-29.html#2008_03-25_04_14_30-10045644-27 – vale destacar que a dengue já matou quase cinco vezes mais em 2008 do que na última epidemia. Em 2002, com FHC, foram 91 mortes para mais de 280 mil casos. Em 2008, 48 pessoas já morreram, em menos de 33 mil casos.

Complemento os dados de Josias de Souza, que se baseou em informações oficiais do Ministério da Saúde, excluindo 2008, que ora acrescento com os números divulgados hoje pela secretaria de saúde do Rio: durante os 8 anos de FHC, morreram 209 pessoas; nos cinco anos do PT, 373 óbitos foram registrados de 2003 a 2008; portanto, 164 mortes a mais do que entre 1995 e 2002.

Quem não se recorda do apelido que Lula e os seus lulopetistas quiseram colar na figura de José Serra, de "Ministro da Dengue". Se o caminho político é comparar, ao invés de um esforço coletivo das três esferas de governo para por fim à epidemia no Rio de Janeiro, as estatísticas demonstram que técnicamente o lulismo é incompetente na gestão das políticas de combate aos estragos do mosquito Aedes Aegypti. Nessa direção, Lula e Temporão fariam justiça se assumissem para si a alcunha de "Governantes da Dengue".

A jornalista Miriam Leitão fez um comentário sobre o tema, nos telejornais da Globo e na rádio CBN, respondendo que a culpa da dengue não é da população, como foi dito pelo prefeito-virtual-exblog Cesar Maia (DEM): "a população é vítima. É ela que está ameaçada e morrendo por uma doença que já esteve erradicada. Isso é uma epidemia grave e séria. Precisa ser combatida pelos três níveis de governo, juntos."

Lamentavelmente há governantes que não mudam hábitos quando o assunto é risco de morte da população. Gastam tempo discutindo coisas inúteis, se era epidemia e de quem era a culpa, por exemplo. Fora isso, basta de desgoverno!

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Prévias para ser contra cúpulas ?

O tema "prévias" está na pauta da imprensa brasileira, porque não há unidade nas posições pré-eleitorais e surge como opção de reafirmação de candidaturas com fichas para atirar nas mesas de negociações. Cenário muito diferente dos Estados Unidos, cujo modelo de eleições primárias em todos os estados para confirmar a preferência dos partidários republicanos e democratas por um pré-candidato à presidência da República é tradicional e tem um caráter democrático evoluído e mobilizador.

No Brasil, as prévias funcionariam hoje para contrapor às decisões das cúpulas partidárias, que na ausência de costume mais aberto de escolha continuam impondo candidaturas, sem informar sobre negociações e interesses políticos locais e regionais. Há em nosso país, vários partidos dentro de uma agremiação só e os seus estatutos prevêem um pouco de democracia representativa, com a definição de instâncias e delegações específicas até chegar às decisões e escolhas nas convenções.

Geralmente os ritos políticos afunilam os colégios eleitorais para a definição das candidaturas, porque a organização partidária, exceto nas principais legendas, ainda é muito artificial, frágeis doutrinária e ideológicamente falando. Mas, como é fácil montar um partido no Brasil, sem cláusula de barreiras que poderia forçar a unicidade de propostas e ações, as eleições contam com a participação de partidos de aluguel, sobrecarregados de dirigentes e sem militância.

Se a idéia de prévias fosse tratada de maneira séria, sem considerar o processo americano evoluído, daríamos um primeiro passo para fortalecer os ideais com o respaldo da participação crescente de filiados, militantes e, mais adiante, da própria sociedade. As prévias, num primeiro momento de travessia para as primárias, dariam maior transparência ao processo de escolha de nossos representantes, aglutinando forças renovadas para as próximas campanhas eleitorais.

Então, um candidato escolhido com esse rito político teria mais força para defender crenças da sociedade e pontos programáticos antenados com a realidade, cabalando novos simpatizantes e filiados. Pena que esse tema retoma a pauta e a própria agenda política nacionais, pela falta de consenso na escolha de nomes que aparecem como favoritos nas pesquisas atuais, para 2008 e 2010.

De bate pronto, acho melhor avalizar, ainda, a democracia representativa, considerando a opinião dos quadros dirigentes, desde que definam logo um arco de alianças que embase um cenário de composições eleitorais para agora e amanhã também. Gostei muito da entrevista do governador Aécio Neves, no jornal O Estado de São Paulo, domingo passado (23), quando enfatizou e estimulou o título da matéria: "O BRASIL PRECISA QUE SE CONVERSE MAIS".

Ao ser questionado sobre as tarefas que está assumindo neste momento difícil da história do PSDB, Aécio deixa uma lição para os afoitos: "Minha tarefa é a construção de pontes. O Brasil precisa que as pessoas conversem mais. O projeto de país (que passa necessariamente pelas reformas previdenciária, tributária e política), só vai acontecer se as pessoas de bem se entenderem. Portanto, que ninguém se espante, porque as conversas que venho tendo com lideranças importantes vão continuar, independentemente da candidatura à Presidência".

As prévias podem ser essenciais para a mobilização dos partidos, mas as intenções que envolvem essa disposição em nossos dias camuflam a divisão, porque os objetivos não estão claros, nem para os caciques, quiçá para a indiarada!

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Até quando vamos abusar da água ?

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Hoje, 22 de março, comemoramos o Dia Mundial da Água. Quase todos os dias temos algum motivo para comemorar, mas neste, especificamente, temos razões para ficar preocupados. Conforme estudos e pesquisas da Organização das Nações Unidas – ONU, cada pessoa necessita de 110 litros/dia para as suas necessidade de consumo e higiene. No Brasil, extrapolamos, pois gastamos mais de 250 litros/dias e isso significa um abuso, porque a escassez está rondando o nosso país, que para muitos é um oásis. Aproveitemos esta data para refletir sobre a nossa relação com a água.

É importante registrar que embora o Brasil possua 13,7% da água doce do mundo e 1,3 do maior aquífero subterrâneo do mundo, com um volume de 50 bilhões de metros cúbicos, a distribuição dessa produção de água é desigual. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, a cada ano verificamos a prorrogação do estado de atenção com os seus principais reservatórios, correndo o risco de rodízio, se não houver uso racional desse precioso líquido.

No mundo, conforme a ONU, vinte e seis países, com cerca de 232 milhões de pessoas, sofrem com a escassez de água e se não estiveram em estado de alerta para dar meia volta nas suas torneiras, com certeza morrerão de sede. Investimentos são necessários em captação, reservatórios, tratamento e distribuição, mas a consciência do consumidor-cidadão deve estar em primeiro plano.

REFLITA E FAÇA A SUA PARTE:

No banhofeche sempre o chuveiro quando estiver se ensaboando. Banhos demorados gastam de 95 a 180 litros de água limpa. Banhos de no máximo 5 a 15 minutos economizam água e energia elétrica.

Na escovação dos dentes ou no corte da barba – deixe a torneira da pia fechada, abrindo apenas para enxaguar a boca e/ou lavar o rosto. Escovar os dentes e/ou fazer a barba com a torneira aberta gasta mais de 25 litros.

Na descargauma vávula de vaso sanitário no Brasil chegar a consumir vinte litros de água tratada, quando acionada uma única vez. Aperte apenas o tempo necessário e não jogue lixo no vaso. Dominua o tempo das descargas e regule periodicamente a válvula de descarga.

Na torneirauma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros por minuto. Pingando, 46 litos por dia.

Na lavagem de louçasexecutar esse serviço de lavagem de louças, panelas e talheres com a torneira aberta, o desperdício chega a 105 litros. O correto é molhar tudo primeiro, depois ensaboar e finalmente enxaguar tudo de uma só vez.

Na lavagem de carroscom a mangueira aberta o tempo todo consome-se, em média, 600 litors; com balde, aproximadamente 60 litros.

Na limpeza do quintal e da calçada – não usar a mangueira como vassoura, porque pode gastar até 300 litros de água. Use uma vassoura de verdade e depois, se quiser, jogue um balde de água.

Vazamentoscertifique-se que não existem vazamentos em sua casa. Verifique todos os pontos de água: torneiras, bóias de caixa d’água, registros etc. Vazamentos nesses pontos representam 15% do consumo diário da água de uso doméstico.

NÃO SEJAMOS APÁTICOS COM O NOSSO PRÓPRIO FUTURO.

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Por qué no te callas, heim “PSDB” ?

José Serra lidera a corrida presidencial de 2010. Geraldo Alckmin, Beto Richa e Barjas Negri, respectivamente, repetem Serra em São Paulo, Curitiba e Piracicaba, nas pesquisas para as eleições municipais deste ano. Apesar disso tudo, o PSDB está numa encruzilhada, feito cachorro caído de caminhão de mudanças, porque a sua direção ainda não tomou partido da situação. Fica difícil de entender, por menor que seja a razão, o silêncio estratégico da sua direção nacional, que só aparenta papel de bombeiro e não dá um mero sinal do arco de alianças presentes e futuras do PSDB.

O PSDB nasceu há 20 anos, erguido na argumentação de que se tratava de um partido de quadros, líderes e tecnocratas nacionais e regionais. Ainda cedo, o Brasil elegeu duas vezes, Fernando Henrique Cardoso, no primeiro turno. Havia em 1995, um senso comum, de uma virada nacional com as reformas previstas no manifesto de fundação do PSDB e formatadas no projeto tucano para o país, que levou o nome de "Mãos à Obra". Toda a história conhecida, desde então, da estabilização da economia, das reformas na Educação e na Saúde, da rede de proteção social, dos investimentos do "Avança Brasil" em infra-estrutura etc, estava nesse documento detalhado, programado para execução e executado por FHC.

Mas o PSDB perdeu uma parcela importante de sua "massa" crítica, com as mortes de José Roberto Magalhães Teixeira (Grama), Sérgio Motta, José Richa, Franco Montoro e Mário Covas. E não houve interrupção nos projetos partidários para o país, porque o PSDB conta com Fernando Henrique, José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Marcello Alencar, Tasso Jereissati e Yeda Crusius, apenas para citar quem realmente lidera e comanda os ideais da social-democracia brasileira, nascida sob o lema "longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas".

Foi muito difícil para o PSDB, o comportamento de alguns de seus líderes em 2006. Ambições pessoais prevaleceram no Rio de Janeiro (com Eduardo Paes, que depois voou para o PMDB) e no Amazonas (com Arthur Virgilio). Da mesma forma a solidariedade com os tucanos ressentidos (Ciro Gomes), pelo então presidente nacional do partido, Tasso Jereissati, ao apoiar o irmão de Ciro em detrimento de Lúcio Alcântara, que era o candidato do PSDB a reeleição. E o corpo mole em Minas Gerais, por causa da condescendência de Aécio com o PT da Capital mineira? Apenas para citar algumas ocorrências, que tiraram a unidade partidária dos palanques tucanos e que reacendem para a necessidade de refletir sobre as razões de tantos erros.

Se as "ruas" forem ainda importantes para o PSDB, as pesquisas pré-eleitorais funcionam como um GPS, quando parece faltar rumo, numa "avenida" sem saída ou para não se perder mais em qualquer encruzilhada. Digo isso porque está pegando muito mal na sociedade brasileira, a falta de unidade no PSDB. Não há uma voz que uniformize o discurso partidário, uma palavra de ordem.

A Páscoa representa um momento de reflexão para o renascimento de uma esperança para o Mundo, em qualquer época. Minha sugestão é que tucanos de todas as patentes leiam atentamente os jornais e revistas da última semana, e, em memória daqueles que lamentavelmente não estão mais entre nós, parem de fazer e falar bobagens, que só servem para enfraquecer o PSDB.

É inacreditável o bate-boca público na Capital de São Paulo, quando há uma pré-candidatura do PSDB posta. Da mesma forma que é de uma infelicidade sem igual, a "volta" de Ciro Gomes "ao comando tucano", por Minas Gerais. Está nos jornais de hoje, leiam! Recortem também para refletir neste final de semana, inclusive com a sua própria família, sobre esse mar de dúvidas que assola o PSDB.

Um partido nacional está sempre pronto para eleições em todos os níveis. Muitas vezes, partidos nacionais, em função de sua política de alianças, optam pela composição política, olhando para uma perspectiva futura. Vale cobrar da direção do PSDB nacional, qual o seu arco de alianças? Qual o projeto de poder? Candidatura própria é fundamental só em São Paulo? Como fica a situação no Ceará? No Rio de Janeiro é Gabeira por antecipação? Quem se recorda da última vez que a prefeitura de Belo Horizonte foi disputada por um tucano?

Dúvidas que desconstroem o nosso PSDB…

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Porto de Peruíbe ou Xuxa Park ?

Há exatamente dez anos, o IBAMA anunciava seu parecer contrário à construção do Xuxa Water Park, em Itanhaém, no Litoral Sul de São Paulo. Estavam previstos investimentos de R$ 250 milhões e a geração de 2.500 empregos diretos e indiretos. Agora o IBAMA volta à cena regional para defender que o licenciamento ambiental do Projeto Porto Brasil, em Peruíbe, precisa ser feito em nível federal, não pelo Estado, como está ocorrendo. Será que a história se repetirá, com um novo não ?

Cerca de 200 comerciantes e empresários do Litoral Sul eram esperados pela Associação Comercial de Peruíbe, na noite desta terça-feira (18), para discutir o projeto portuário do empresário Eike Batista. De acordo com o cronograma, definido em comum acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, na próxima quarta-feira (26) será a vez da população regional conhecer e discutir os impactos econômicos e ambientais do Porto Brasil.

As audiências públicas preparam um plano de trabalho para orientar a LLX (empresa do grupo de Eike Batista) na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Na parte do plano de trabalho já elaborada, há a previsão de 11 berços de atracação de navios, sendo seis exclusivos para contêineres, um para minério de ferro, um para fertilizantes, dois para soja e açúcar e outro para cargas líquidas.

À título de recordação dos leitores deste blog, o Porto Brasil está planejado para ocupar uma área de 24 milhões de metros quadrados na estrada para Itanhaém (bairro Taniguá), portanto às margens da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, duplicada recentemente pelos governos Mário Covas e Geraldo Alckmin. O investimento previsto para implantação é de R$ 4 bilhões, prevendo a construção de uma ilha artificial de 500 mil metros quadrados a cerca de oito quilômetros da costa. Até 30 mil empregos deverão ser gerados durante a construção e na operação…

Parece fantasia, mas todo mundo começa a se envolver nessa nova perspectiva de desenvolvimento da Baixada Santista. Prefeita e vereadores de Peruíbe, deputados e lideres caiçaras estiveram no Rio de Janeiro para pedir que beliscassem os seus braços. Voltaram de lá acordadíssimos e convencidos de que essa obra, aparentemente megalomaníaca, pode entrar em funcionamento daqui a 8 anos.

Ou melhor, se o governo federal deixar. Porque, como num jogo, é possível dizer que se o dado jogado cair no número dois, por exemplo, a casa escolhida será o IBAMA. O jogador terá que voltar 10 casas e estacionar um tempo na casa do Xuxa Park, para não recomeçar do zero… e para não acabar de novo por aí!

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Missa para Rubens Lara, na terça (18).

A esposa Solange, os filhos Tércio e Tatiana, e o irmão Telmo agradecem pelo conforto recebido e convidam parentes, amigos e pessoas de suas relações para a missa que farão celebrar, em memória de ANTÔNIO RUBENS COSTA DE LARA, dia 18 de março, terça-feira, às 19h00, na Catedral de Santos, à Praça José Bonifácio, s/n.

A pedidos, publico texto do jornalista Carlos Mauri Alexandrino (Jornal da Orla):

Opinião
O Lara que eu vi
Mauri Alexandrino
 

O escritório do Pezinho, ficasse onde ficasse, era sempre território neutro nas décadas de 70 e 80, quase um refúgio, com certeza um abrigo. Estava sempre cheio de toda a variedade de esquerda da cidade, desde as mais tradicionais até o pessoal da contracultura, passando pela igreja progressista, pela universidade e até pelas múltiplas frações trotskistas. Só isso já era de muito admirar.

Mais notável ainda é que a presença era basicamente de jovens. Muito jovens. Tinham em comum o sentimento que Ulisses Guimarães muito mais tarde descreveria como “ódio e nojo à ditadura”. Aqueles escritórios, muito mais que a sigla, que os filiados e os detentores de cargos eletivos, representavam o que era de fato o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB. Lara, o Pezinho, acreditava nisso, nunca pediu crachá ideológico pra ninguém.

Foi por onde passaram as campanhas contra a censura, pelo fim da tortura e apuração dos assassinatos e desaparecimentos e pela anistia que se queria ampla, geral e irrestrita. Era onde se reunia a organização das campanhas pela autonomia política de Santos, pelos grêmios e diretórios acadêmicos livres, pelo amplo direito de sindicalização e reivindicação, pelo direito de greve, pela liberdade para a imprensa alternativa… Havia mais, mas não lembro assim de bate-pronto. Lara era sempre uma fonte de apoio, suporte e infra-estrutura. O pezinho quebrava todos os galhos.

O Lara era o sujeito a quem todo mundo recorria quando a cana baixava. Político de oposição podia pouco, quase nada, mas sua simples presença criava embaraços aos costumes policiais e, em geral, facilitava tirar o indivíduo da cadeia. Pelo menos quando não era caso do Departamento da Ordem Política e Social — o DOPS. Aí não tinha jeito nem para político da situação. Pezinho nunca faltou a tantos e tantos.

Ele era habituê de passeata, manifestação, greve… Não só para levar apoio, mas para dar segurança aos manifestantes. Os deputados estaduais emedebistas mais comprometidos com a luta anti-ditatorial, como era o caso na época de Eduardo Suplicy por exemplo, tinham entre suas tarefas apresentarem-se nesses eventos populares para refrear a fúria repressiva das forças policiais. Muitos jornalistas prestavam-se a essa tarefa também. Claro que não raramente as manifestações terminavam em bombas de gás e porradas, com ou sem a presença de deputados. Mas sem eles era pior, podem crer. O Lara sempre estava ali.

Com a lenta, gradual e segura queda da ditadura, cada grupo foi procurando seu próprio caminho. O MDB, que virou partido, acabou fracionado com a redemocratização do país, como era de se esperar. Fraturou-se também a Aliança Renovadora Nacional — a Arena, o partido da ditadura. A vida também levou a todos para outros caminhos, lugares, tarefas, trabalho… O tempo costuma alargar os espaços de proximidade que se tinha no passado. Foi o caso. Nos vimos pouco desde o final dos anos 80.

Mas até por isso, o Pezinho ficará na minha lembrança como a mais completa tradução do MDB, menos o movimento que um tempo. Um tempo em que estivemos todos juntos. E estivemos devido a uma causa comum que se sobrepunha a todas as demais considerações, é claro. Hoje é difícil, pra não dizer impossível, que surja uma causa comum de tão profundos efeitos. Mas que força formidável reunimos! A morte prematura de Rubens Lara me fez lembrar dela.

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Pelé quer “lisura” na Copa de 2014.

Até hoje não foram esclarecidas as graves denúncias de que os Jogos Panamericanos realizados no ano passado, no Rio de Janeiro, foi o mais caro de todos os tempos, com obras que acabaram custando até dez vezes mais do que o valor inicialmente estipulado. Pelé retomou essas histórias, para pedir "lisura" na administração da Copa do Mundo de 2014, no Brasil: "Tivemos uma administração duvidosa no Pan do Rio e espero que isso não aconteça de novo", afirmou ao jornal "O Estado de São Paulo", neste sábado.

Segundo notícias da época, a previsão girava em torno de investimentos orçados em R$ 386 milhões, mas que explodiram em mais de R$ 4 bilhões, envolvendo recursos disponibilizados e administrados pelo município, Estado do Rio e ministério dos Esportes. O ministro Orlando Silva (Esportes) comentou que na sua opinião o "planejamento do evento foi mal feito", responsável pelos atrasos em obras, estouro de orçamento, ausência de licitações e as denúncias de manipulação de verbas.

O Rei Pelé, que foi anunciado pela CBF o "Embaixador da Copa do Mundo no Brasil", na semana passada, tem mil razões para esse alerta, mas o governo federal precisa divulgar um cronograma de ações transparentes desde já. Caso contrário, haverá justificativa para que o nosso país retome o noticiário internacional, pela incompetência no seu planejamento estratégico e pela consolidação da imagem de um lugar no mundo que bate todos os recordes de corrupção.

Com certeza Pelé não deseja colar na sua imagem de "Atleta do Século" passado, a de garoto-propaganda superficial, enquanto nos bastidores a bandalheira corre solta: "O que eu quero é que saia tudo da forma mais correta possível. A CBF não vai querer que aconteça algo que desabone o país", enfatiza o Rei.

Precisamos cobrar dos nossos homens dos governos em todos os níveis, porque desta vez o evento da Copa não ficará restrito a um estado brasileiro, a tal "lisura" defendida por Pelé (dentro e fora dos campos de futebol), inerente às ações de quem nos representa para cuidar com responsabilidade do dinheiro e da coisa pública.

Tomando esses cuidados, com antecedência de seis anos, daremos um grande exemplo para as futuras gerações. Evitaremos também, desde já, a alimentação leviana de uma onda de boatos que atrapalharão os preparativos para o evento e nos envergonharão ainda mais. Ajudará bastante, se o ministério dos Esportes apresentar um relatório conclusivo sobre as irregularidades constatadas nas ações e obras do Jogos Pan Americanos, pela sua auditoria e pelo TCU. É tão simples atender o alerta de Pelé, não?

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Para quê CPI dos cartões corporativos ?

O quê era para ser uma resposta à sociedade brasileira, passando a limpo a questão da má utilização dos cartões corporativos durante o Governo Lula e esclarecendo as suspeitas dos atuais governistas em relação ao período FHC, o Congresso Nacional revela-se incapaz até para iniciar os trabalhos da CPI sobre o tema. Mesmo assim, não assinaria embaixo do artigo de Dora Kramer, intitulado "Solidariedade de resultados", no Estadão desta sexta (14), em que ela sugere um acordo espúrio entre PT e PSDB, para não executar uma operação de saneamento da política brasileira.

A falta de entendimento entre os dois partidos está obstruindo os trabalhos da CPI dos Cartões Corporativos. Com isso, potenciais investigados e quebras de sigilo como das contas da Presidência da República, por exemplo, estão do mesmo jeito, imóveis, sob névoas, secretíssimos. O Congresso Nacional assumiu para si uma tarefa que lhe é inerente e, como nos filmes vistos antes, está imobilizado, aumentando a perda da sua importância para o povo brasileiro.

Defendi a criação dessa CPI no início das denúncias, mas estou revendo essa posição, porque entendo que o Congresso tem outras urgências. Se não bastasse o seu imobilismo por causa da pauta de medidas provisórias, a dependência do governo pelos parlamentares é decepcionante. Literalmente revivemos a época do balcão de negócios do governo José Sarney, durante a Constituinte de 1987/1988.

Não se registra uma nova matéria para votação, se não tiver em troca a destinação de uma verba para as paróquias políticas ou de uma vaga nos ministérios. Imagina, então, um Congresso assim decidindo o futuro do país, com a mesma pressa e interesse verificados em vários momentos da crise Renan Calheiros.

O uso sem critério dos Cartões Corporativos foi confirmado pela divulgação das faturas e pela confissão dos ministros-usuários, nas compras em free-shops, tapiócas, além dos saques sem fim. Então, bastaria a um governo sério e comprometido com a transparência dos gastos públicos, reunirem esses comprovantes e enviar ao Tribunal de Contas da União, com cópias para o Ministério Público Federal e para a Polícia Federal. A Polícia, sem dúvida, chancelaria a operação de Robin Hood às avessas, porque com o uso abusivo dos cartões de crédito corporativos, houve a tomada de dinheiro do povo para os próprios bolsos e necessidades pessoais.

Não vejo razão para continuar essa farsa. A meu ver essa CPI já era. O PSDB está sendo usado nesse processo, por um PT que faz de conta que quer investigar tudo. O PSDB subscreverá um relatório sem consequências? Não acredito mais na capacidade dos parlamentares acompanharem e investigarem as ações erradas do governo. O descontrole desse processo, com a falta de entendimentos básicos entre os parlamentares nessa encenação, desmoralizará todas as CPI’s.

PSAlgum leitor deste blog tem notícias sobre os trabalhos da CPI sobre irregularidades nos repasses de recursos públicos às organizações não governamentais? O total de recursos repassados às ONG’s, entre 2001 e setembro de 2006, chegou a R$ 11 bilhões em valores correntes.

Em 2002, a estimativa era de que existiam 22 mil ONG’s no país, atuando nas mais diversas áreas, da saúde indígena e construção de cisternas no Nordeste a reforma agrária, atendimento a crianças de rua e biodiversidade. Estima-se que hoje existam 260 mil ONG’s, a maioria vivendo de repasses governamentais.

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Rubens Lara, por que tão cedo ?

Foto Arquivo

Lí certa vez que a morte de um amigo não é um fato jornalístico, mas um acontecimento existencial, que mobiliza camadas muito profundas de nossa personalidade. Permaneço em estado de choque pela morte de Rubens Lara. Amigo e companheiro sempre fiel aos ideais republicanos, que deixa um legado para todos nós que sonhamos com uma sociedade mais justa, menos desigual. Lara foi um educador do respeito aos princípios da res publica, coisa pública, para o bem comum, daquilo que é de todos, que ninguém pode dispor em benefício exclusivamente seu, em detrimento aos demais.

Hábil nos bastidores políticos, priorizava o planejamento estratégico, para evitar desvios de finalidades. Parceiro leal de tantas jornadas, Rubens Lara esmerava-se na conciliação e se mostrava previsível, porque sempre se destacou pelo seu caráter agregador em todos os sentidos da sua vida pública e privada. Creio que dos seus 64 anos de idade, quase 50 foram dedicados às causas coletivas e, principalmente, públicas. Que eu me lembre, Lara não era de surpreender os seus amigos e foi esta a primeira vez que ele não conseguiu controlar a situação.

Era um soldado dedicado e valioso do Partido. Seus amigos, correligionários, eleitores, simpatizantes e grande parte do PSDB de Santos agora sonhava vê-lo eleito ao lado de João Paulo Tavares Papa. Idéia que ele não descartava, apaixonado que era por sua querida Santos. Sua dedicação ao trabalho e à cidade nos torna duplamente órfãos, do companheiro político e do amigo solidário.

Rubens Lara nos deixou, prematuramente, no início da noite de hoje. Mas não me conformo com o acontecido, porque, recentemente, numa reunião em minha casa, confidenciou-nos (a Edmur Mesquita e a mim), que dispunha de pelo menos mais uns 20 anos de vida… Só nos resta o desejo de que, onde quer que ele esteja, continue a nos guiar, comandante que era dessa nossa luta!

Saudades, Lara, para sempre!

PS. Rubens Lara, para a surpresa de todos, faleceu na última quarta-feira (12), por volta das 20h00. Seu corpo foi velado no Salão Nobre Esmeraldo Taquínio, do Paço Municipal de Santos, desde às 23h45, e guardado no Cemitério Vertical Memorial Ecumênica de Santos, às 16h55 de quinta-feira (13), na presença dos seus familiares e amigos.

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