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Rita Lee propõe um BBB político !

Circula pela Internet uma história de que a roqueira Rita Lee, que sempre debochou da classe política, está sugerindo um confinamento do tipo Big Brother Brasil, com todos os pré-candidatos à presidência da República: "Eles ficariam debatendo e discutindo seus respectivos programas de governo. Sem marqueteiros, sem máscaras e sem discursos ensaiados. Toda semana o público vota e elimina um. Além de acabar com o horário político, a população conheceria o verdadeiro caráter dos candidatos. No final do programa o vencedor ganharia o cargo público máximo do país".

Parece piada a idéia de Rita Lee, mas se promovêssemos uma enquete entre os nossos leitores, com certeza ela seria aplaudida. Porque político virou uma classe de valor questionável, por culpa dele mesmo. Basta observar a relação dos maiores escândalos de corrupção em todo o mundo, que sempre tiveram políticos protagonizando a história.

No Brasil, desde os "anões do orçamento" uma enxurrada de lama vem afogando a imagem da classe toda por causa de alguns "soros-positivos" da bandalheira. Mas o desrespeito com os políticos não se dá apenas por causa da corrupção, também contribui para o seu desgaste a relação privilegiada com o poder, em um país com dívida social em aberto.

Retomo o assunto do texto "Quem pode se orgulhar de políticos", com o reforço da enquete da semana, querendo saber "de qual político você tem orgulho". Na semana passada, uma atitude aparentemente isolada no Rio de Janeiro, expôs algumas idéias simples para o relacionamento com as questões políticas. O protagonista dessa notícia, Fernando Gabeira, deputado federal pelo PV, que deixou o PT quando explodiram as denúncias do mensalão, sanguessugas e compras de votos no Congresso Nacional.

Gabeira volta ao noticiário, porque está unindo políticos e partidos no Rio, em favor da sua pré-candidatura a prefeito, provocando desde já a reação de Cesar Maia, prefeito do DEM, que acusou o golpe e tenta desconstruir a capacidade de gestão do deputado, cobrando lealdade do PSDB em sua aliança comum.

O interessante nessa história de avaliação da classe política, uma utopia para alguns analistas, está justamente nos princípios anunciados por Gabeira, de não pedir poderes ilimitados, nem caminhões de dinheiro, nem submissão dos partidos à sua vontade: "quero uma campanha limpa, sem ataques pessoais, propositiva; quero a divulgação pela Internet dos fundos e despesas da campanha, e o principal, caso eleito, quero escolher um secretariado por méritos e critérios profissionais e não partidários sem o habitual loteamento como moeda de troca por apoio político".

Gabeira, embora com suas posições polêmicas conhecidas em nível nacional, surge neste novo momento como uma voz descompassada no jeito do político brasileiro ver a política, muitas vezes justificando os erros do presente como uma repetição de procedimentos iguais no passado, como se fosse uma regra que não pode ser modificada.

Eleitores de Gabeira deram o seu testemunho, ao que chamam de um "estranho orgulho e um vago sabor de superioridade", porque nunca se envergonharam de sua conduta. Posso enumerar e atestar uma quantidade significativa de políticos que merecem a minha admiração, de várias legendas, porque ninguém é proprietário da ética. Cabe a nós refletir e propagar a constatação de que nem tudo está perdido.

Rita Lee tem o seu próprio modo de ver as coisas. Para ela, debochar "de políticos não é uma gracinha só minha. Acho que o Brasil inteiro fez isso nesses últimos 20 anos. Me sinto como o Brasil, desenferrujando aos poucos de uma estagnação forçada. O público de Brasília, por exemplo, é maravilhoso, bem diferente dos políticos malandros que poluem nossa Capital". Polêmica, no ano passado, durante um show lá, entre uma música e outra, Rita contou, irreverente: "ouvi dizer que o salário dos políticos vai ser doado às crianças pobres". O público aplaudiu!!!

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Escola não é tudo com Bolsa-Família !

Pesquisa divulgada ontem pelo jornal O Estado de São Paulo mostra que o programa mais importante do governo Lula, o Bolsa-Família, não consegue fazer as crianças completarem o ensino fundamental. Isso é grave, justamente porque a matriz dessa iniciativa, o programa Bolsa-Escola Federal, criado no governo FHC, foi responsável pela presença maciça de crianças de 6 a 15 anos na escola. Naquela época, as famílias recebiam o benefício, desde que mantivessem os seus filhos em sala de aula. O governo Lula ampliou o número de beneficiários, mas desobrigou a freqüência no início; quando voltou atrás nesse objetivo, as famílias não davam valor à escola, achando que recebem a bolsa porque são pobres, nada mais, além disso.

Os dados constam de levantamento dos ministérios da Educação e do Desenvolvimento Social e preocupam por causa da valorização exclusiva da compensação financeira. A evasão escolar crescente em 91 dos 200 municípios pesquisados, e a estagnação dos índices de exclusão escolar e social em 37 municípios, acende uma luz amarela de atenção, havendo tempo de modificar o foco de meramente assistencialista para uma reação emancipatória.

Hoje, o programa Bolsa-Família dá R$ 58 e mais R$ 18 para cada filho de zero a 15 anos de idade matriculado na escola. O governo Lula elevou o valor do benefício, mas não conseguiu manter a sua meta de fazer a população pobre ter escolaridade melhor e uma perspectiva de futuro longe da exploração do trabalho infantil e das condições de risco.

Como essas crianças ingressam mais tarde na escola, o Bolsa-Família está estendendo a faixa de idade para até 17 anos. Então surge uma dúvida sobre a eficácia do programa, tendo em vista que a pressão pela sobrevivência acelera o abandono da escola para buscar salário e contribuir com o orçamento familiar.

Não está na hora do governo Lula refletir sobre a necessidade de transformar o caráter compensatório e assistencialista, para emancipar os seus beneficiários, com a ampliação dos programas de reforço de aprendizado, cuidados com a saúde e vagas nos cursos técnicos e profissionalizantes?  Houve o momento, ainda na época do Bolsa-Escola, que a orientação estava baseada em dar o peixe, a vara de pesca e, ao mesmo tempo, no ensino de como pescar.

Retomo uma discussão desde o final do governo FHC, quando 97% das crianças de 7 a 14 anos foram matriculadas nas escolas. O maior desafio, então, foi universalizar o acesso à educação fundamental e crianças, adolescentes e jovens de todas as origens puderam frequentar escolas públicas boas e ruins. Ninguém gosta de ficar em escolas ruíns e isso reforça a minha tese de que o governo Lula não conseguiu, nos seus cinco primeiros anos, vencer o desafio de melhorar as estruturas e a qualidade do ensino.

Como diz o senador Cristovam Buarque, a criança vai para a escola "pela merenda, para garantir que a família receba o dinheiro da Bolsa. E em escola ruím, mesmo pagando, a criança não fica!" Quando será que Lula quitará a sua dívida com a cidadania? Quando superará esse estágio muito além do seu contentamento populista, que se resume em distribuir bolsas isso e aquilo, como se fossem esmolas?

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PSDB de Santos terá vice de Papa !

O PSDB de Santos decidiu pela coligação com o PMDB e indicará o vice-prefeito de João Paulo Tavares Papa. A executiva municipal ampliada por líderes locais encaminhou essa proposta aos 45 membros do seu diretório, que registrou um voto contrário e uma abstenção. O lead sinaliza para um assunto resolvido, uma página virada para um partido que nos seus quase 20 anos de existência sempre teve candidaturas próprias. Ledo engano, pois não há um nome para a vice que seja unanimidade entre os tucanos locais.

A experiência diz que para começar a andar é sempre preciso dar um passo de cada vez. Foi uma vitória para o PMDB santista unificar o PSDB em torno do seu candidato a reeleição. Escrevi sobre isso anteriormente, destacando, inclusive, que em todas as eleições que antecederam 2008, o PSDB disputou com candidaturas próprias, mas dividido. Em 2004, quando liderei a chapa-pura tucana, com o Bruno Covas de vice, conquistamos 13% dos votos na raça, porque uma parte dos líderes locais faziam campanha para Papa desde o primeiro turno (essa ferida está bem cicatrizada, mas é sempre bom lembrar em favor da unidade).

Assim foi com Nelson Fabiano (1988), quando uma parte era simpática a Telma; com o Koyu Iha (1992), as atenções eram divididas com David Capistrano e Beto Mansur; e com o Edmur Mesquita (1996 e 2000) flertavam com Beto Mansur. Esse comportamento foi responsável, a meu ver, pela fama de encrenqueiro do diretório tucano de Santos. É fundamental que se diga que, apesar dos pesares, o partido sempre foi favorecido com a eleição de vereadores tucanos (em 2004, elegemos quatro vereadores da coligação PSDB-PPS).

Ao relembrar esses fatos do passado, não o faço para intrigar com os dirigentes atuais, até porque tenho buscado com todas as minhas forças a unidade partidária. Muitos leitores deste blog conhecem o meu passado de militante e a minha dedicação permanente ao PSDB. Embora defendesse, original e prioritariamente o lançamento de uma candidatura própria em 2008, me conduzi antenado com a vontade da maioria das lideranças santistas.

No final da reunião de hoje, que resultou na pré-disposição à coligação com o PMDB na convenção municipal que será realizada no mês de junho, Koyu Iha me abordou e comentou que a minha postura estava irreconhecível, justamente porque ele bem lembrou de que sempre defendi radicalmente as resoluções partidárias. O ambiente harmônico da reunião me fez entender que Koyu só podia estar brincando por causa da minha aceitação e aprovação do resultado do diretório (por ironia do destino, logo o Koyu Iha, um peessedebista histórico que se uniu ao que a imprensa instiga de neotucanos).

Entendam que não se trata de uma revisão da minha posição política na cidade. Reconheço que o João Paulo Tavares Papa está realizando um grande trabalho, com a ajuda principalmente dos governantes tucanos (Geraldo Alckmin e José Serra), e que ele é diametralmente oposto ao estilo de Márcio França, que foi prefeito de São Vicente e contou com mundos e fundos dos governantes tucanos (Mário Covas e Geraldo Alckmin), manteve vice-prefeitos do PSDB nas suas chapas de PSB, mas sempre inibiu que os tucanos locais pudessem se transformar numa força eleitoral para sucedê-lo.

Márcio França defende o pensamento único em São Vicente. Ele não tem oposição local e o seu sucessor Tércio Garcia governa com todos os partidos, sim, inclusive com PSDB e PT na mesma barca de não conseguir viabilizar um nome para concorrer em outubro deste ano. Lá somos dependentes das articulações de Márcio, aliás, um péssimo exemplo para o PSDB se escolher para vice de Papa alguém que vire funcionário do prefeito e não crie condições para o fortalecimento de uma candidatura à sua sucessão em 2012.

Sei que começará uma corrida interna para a definição desse vice. Espero que essas movimentações não gerem fissuras numa unidade que, pela primeira vez, reafirmo, não é artificial. Ela foi construída e respaldada por muitos, que pensam diferente, e querem um PSDB vigoroso. Penso que a melhor alternativa seria conhecer todos os potenciais dispostos à vice, com foco também em 2012, independentemente do resultado eleitoral de 2008. Por fim, unificar todos em um, sem disputas e feridas, porque para 2012 vamos precisar repetir a dose deste ano, com apenas um lado da moeda, um único PSDB, para merecer a consagração nas urnas – por sua união e força!

PS. A decisão do Diretório Municipal de Santos será submetida à Coordenadoria Regional do PSDB e, em seguida, à aprovação pela Comissão Executiva Estadual do partido, porque Santos figura entre os municípios que deveriam apresentar candidatura própria. 

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Quem pode se orgulhar de políticos ?

Há um artigo de Nelson Motta, intitulado "Utopia carioca", na edição de hoje da Folha de São Paulo, que é uma declaração de amor a um político brasileiro, Fernando Gabeira. O deputado federal do PV está unindo vários partidos, dentre os quais o PSDB e o PPS, para defender a sua candidatura a prefeito do Rio de Janeiro. Essa movimentação está incomodando o atual prefeito local do DEM, Cesar Maia, que já passou o recibo da sua exclusão da aliança pouco convencional, culpando José Serra e Aécio Neves pela possível quebra da unidade nacional do DEM com o PSDB.

Ninguém, nos últimos tempos, expressou com tamanha simplicidade o quê espera da política e dos políticos, como o Nelson Motta. Ele realçou na Folha, aspectos que os cidadãos precisam ser alertados para cobrar dos atores políticos, quando o deputado federal Fernando Gabeira expressou as suas condições para ser o candidato além do PV: "não pediu poderes ilimitados, nem caminhões de dinheiro, nem submissão dos partidos à sua vontade. Exigiu uma campanha limpa, sem ataques pessoais, propositiva; divulgação pela internet dos fundos e despesas da campanha, e o principal: caso eleito, que o secretariado seja escolhido por méritos e critérios profissionais e não partidários, sem o habitual loteamento como moeda de troca por apoio político".

Gabeira é uma voz dissonante da política brasileira, diante da tentativa de seus representantes justificarem os erros do presente como uma repetição de procedimentos iguais no passado. Gabeira provoca a classe política nacional com a afirmação de que não acha que só porque a maioria dos políticos fazem errado, deve fazer também.

Acho que uns pitacos de atenção nas articulações cariocas farão bem a todos aqueles que defendem mudanças pra valer em 2008. Como eu disse no início, Cesar Maia está incomodado com Gabeira e com os cenários de São Paulo (com Geraldo Alckmin disputando a mesma prefeitura que Kassab) e de Minas Gerais (com Aécio querendo consolidar uma aliança PSDB-PT que dá certo no Estado desde 2000).

Os cenários indicam mudanças. Será que não há em São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Palmas, Manaus, Recife e por aí afora, outras utopias ao nosso alcance? Você, leitor deste blog, parou para pensar nos seus votos em eleições passadas? Consegue ter pelo seu eleito ou simplesmente votado um "estranho orgulho e um vago sabor de superioridade" como Nelson Motta por Fernando Gabeira?

Vago sabor de superioridade, principalmente quando comparamos os nossos escolhidos com figuras com mandato que desonram a nossa confiança e que só nos decepcionam! Tenho orgulho de muitos políticos. Aliás, nunca me decepcionei com os políticos eleitos ou não que mereceram o meu voto e a minha recomendação! 

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Imprensa acha “universitário” de 8 anos ?

Qual a credibilidade de uma imprensa que sensacionaliza a aprovação de uma criança, de 8 anos de idade, num vestibular para o curso de direito em Goiânia? Faz alguns anos, o personagem foi um analfabeto no Rio de Janeiro, com os mesmos argumentos de exibir a fragilidade do sistema de provas, a proliferação de faculdades particulares no país, a péssima qualidade do ensino e, por fim, o direito de matrícula já que foi aprovado.

Não consigo dormir sem registrar que estou pasmo com a fabricação desse "novo escândalo" da política educacional do Ministério da Educação, com a indolência da OAB Federal que não esboçou uma palavra de condenação ao gesto exibicionista da criança pelos próprios pais e de alguns ignorantes que alimentam a imprensa de factóides para alimentar interesses corporativos e tentar desmoralizar instituições educacionais privadas.

Essa nova história ganha vulto porque a OAB fez questão de botar pilha no assunto. Ela é useira e vezeira em se vangloriar da reprovação de bacharéis de direito em todo país, porque aplica provas xenófobas, que nem mesmo os seus atuais dirigentes conseguiriam os pontos necessários à aprovação. Há um prazer em compor provas difíceis, que muitas vezes de tão ininteligíveis várias questões são canceladas, porque nem os próprios mentores conseguem definir qual a resposta esperada. Isso é esdrúxulo para não dizer trágico e desmoralizante por si só.

Qualquer criança, jovem ou adulto analfabetos são capazes de aprovação num exame vestibular. Os testes são de múltipla escolha e, com os baixos níveis de escolarização de uma parcela importante dos pré-vestibulandos, não zerando nas provas é mais do que suficiente para o seu sucesso. Uma mera questão de probabilidade, ensinada nos cursinhos e/ou recomendada por uma alma que saliva pelo sensacionalismo, expõe a regra de reincidir numa alternativa apenas (a, b, c, d ou e) quando não souber a resposta, como forma de evitar que saia chutando respostas prova afora.

Passada essa fase e, se o nome estiver na lista de aprovados e/ou promovidos, na hora da matrícula em curso superior, há que se verificar se o mesmo tem a comprovação de certificados idôneos de cumprimento regular das etapas anteriores necessárias e de conclusão do ensino médio, não importa a idade. É óbvio que uma criança de 8 anos pode estar, no máximo, na quarta série do ensino fundamental. E, no caso daquele analfabeto carioca, um supletivo com certificação idônea para queimar etapas lhe faria bem.

Fora isso, se houve a matrícula da criança no 1.º ano do curso de Direito da UNIP de Goiânia, sem as devidas exigências documentais, este é um caso de negligência dos funcionários da secretaria da universidade ou os pais arquitetaram uma fraude, para fabricar o caso sensacionalista de uma criança traumatizada porque não conseguiu assistir às aulas com os seus colegas "bixos" (sic).

Lamento perder nosso tempo com sensacionalismo e com notícia que cheira a plantação, mas o fato é absurdo e me causou profunda indignação.

Se há solução para superar essa história? Claro que há, se o problema estiver localizado apenas nas formas de acesso ao ensino superior. As provas precisam ter questões mescladas entre múltipla escolha e respostas dissertativas. Além disso, precisam ter a exigência de uma pontuação mínima, pondo fim nessa coisa de não zerou passou.

O quê deve fazer o Ministério da Educação? Focalizar a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis, a começar por uma atenção quintuplicada nos ciclos fundamentais. Não dá para dizer que a prioridade é a educação, dispersando ações e recursos com o ensino superior, que a meu ver pode ser auto-sustentável. Uma outra discussão, para outro dia.

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Ninguém imagina Alckmin não-candidato !

Quando o PSDB aprovou resolução para provocar candidaturas próprias em todo o Estado de São Paulo, a partir de 2004, a medida foi encarada como corajosa para o partido sair da condição de linha auxiliar de muitos partidos e/ou governantes. Ouvi muitas histórias de que os prefeitos adoram ter vice-prefeitos tucanos, porque agregam valor e voto às chapas majoritárias, são sérios, leais, competentes e muito bem articulados. Entretanto, com a decisão de enfrentar eleições, perdeu várias, ganhou muitas e consolidou bastante o partido no Estado, que lhe garantiu a organização e representação política em todos os 645 municípios paulistas. Mas há exceções à regra, desde que ela não considere Geraldo Alckmin não candidato a prefeito da Capital, num cenário em que há sinalização da sua vitória, se as eleições fossem hoje.

Em todo os estado são verificadas movimentações importantes, para a definição do arco de alianças do PSDB, transpondo naturalmente a atual formação partidária da bancada governista na Assembléia Legislativa. Assim, incluem-se no planejamento eleitoral o DEM, PMDB, PTB, PPS, PV e PDT, por exemplo. Acontece que uma articulação dessa envergadura defronta-se com algumas complicações políticas regionais. Muitas vezes, lideranças partidárias mais próximas nas questões macro do Estado, no município são adversárias e não há um meio de juntá-las no mesmo barco.

Nessas regiões são raras as possibilidades de exceções à resolução pela candidatura própria. A apresentação de candidaturas é inegociável, justamente pela oportunidade que a participação eleitoral dá personalidade à legenda, ora elegendo novas lideranças, ora compondo uma representação de vereadores. Independentemente dos resultados, o partido ganha muita força nas eleições intermediárias entre a municipal deste ano e a de 2012, porque pode testar seus nomes no pleito estadual para deputado também.

O tabuleiro está na mesa, com essas reflexões genéricas. Sei que há muitos tucanos e aliados aguardando o desenlace dos principais municípios, porque ainda vigora a decisão de cúpula em muitos desses lugares. Como seria bom um processo mais democrático, inspirado nas primárias americanas; logo saberíamos a densidade dos pretensos candidatos e a sua capacidade de agregar mais apoios dentro e fora do partido para o projeto de poder local.

Em Santos, o caminho é na direção de uma aliança no primeiro turno com o candidato a prefeito do PMDB, João Paulo Papa, que buscará a reeleição. Fora de Santos, há tucanos de todas as plumagens que torcem o nariz com a perspectiva do PSDB não lançar candidatura própria. Mas nunca, nos 20 anos de existência do partido, alguém foi capaz de unificar o PSDB como o Papa, uma unanimidade. Pela minha vivência partidária creio que, se ele fosse filiado ao PSDB, fracassaria o seu objetivo, a exemplo do filme que já assisti sobre as candidaturas tucanas anteriores a 2008.

Agora, em relação ao Geraldo Alckmin, para São Paulo, cuja situação desperta tanta curiosidade em todos os cantos deste país, não há uma viva alma que arrisque um fio de cabelo sequer na possibilidade dele não disputar a maior prefeitura do Brasil. Tenho dito!  

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Já raiou a liberdade da Lei de Imprensa ?

Na semana passada, o Judiciário determinou a suspensão dos processos e decisões judiciais nos casos protegidos pela Lei de Imprensa, criada em 1967 sob inspiração da ditadura e que ultimamente vem sendo utilizada numa onda de ações por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus. A Lei de Imprensa em vigor não se confunde com a liberdade de imprensa, que é um valor da sociedade, uma garantia do direito de informar e de ser informado. Para o presidente Lula, essas ações da Universal não são ameaças à liberdade de expressão, fazem parte da consolidação da democracia no país. Segundo FHC, vivemos um paradoxo: "o de uma sociedade cada vez mais vigiada (pelos órgãos do Estado, pela mídia, pela internet etc.) e cada vez menos capaz de distinguir condutas e de punir crimes". Realmente, é impressionante a inércia política em questões tão fundamentais para a democracia e para o exercício da cidadania.

O povo tem o direito de saber e se manifestar livremente sobre qualquer assunto, questionar e ser questionado e revelar o seu repúdio com os seus representantes, alertando-os de que não estão acima da lei. Essa afirmação pode dar a conotação de enfrentamento, quando o seu único objetivo é o de oferecer espaço para o cidadão expressar livremente o seu pensamento e exercer sem medo a sua cidadania. O Congresso Nacional, não fosse a iniciativa do deputado federal Miro Teixeira (PDT) que defendeu no STF (Supremo Tribunal Federal) a revogação dessa Lei de Imprensa, estaria aperfeiçoando o seu jeito de ser vazio.

Quando FHC transmitiu a presidência a Lula, em janeiro de 2003, o Brasil e o Mundo reconheceram a maturidade desse ato, principalmente com o quê se destacou na ocasião como da consolidação da democracia no país. Evidenciou a seguir a importância de continuar políticas bem sucedidas na área econômica e na rede governamental de proteção social. Naquela altura o Congresso já não mostrava qualquer reação em expurgar o entulho legal, com dispositivos elaborados sob a inspiração da ditadura, como censura, apreensão e fechamento de jornais e blindagem de autoridades em relação ao trabalho jornalístico.

Sempre fui favorável que se deixasse às claras as responsabilidades da imprensa. Creio e defendo de modo intransigente o respeito às nossas instituições. A estabilidade institucional e jurídica garante aos cidadãos e aos meios de comunicação, a mínima previsibilidade das decisões judiciais. A Lei de Imprensa deve servir de parâmetro para os limites dos profissionais e dos seus veículos de comunicação, mas não pode servir de ponte para a intimidação e a censura.

Num estágio ideal, quase perfeito dos papéis desempenhados pelos atores da sociedade brasileira, a adoção de um código de ética profissional para regulamentar o exercício do jornalismo e conter os seus eventuais abusos, seria um grito de liberdade, confiança e respeito. Em cena, mais uma vez, o Judiciário responde a uma Nação cansada de leis, que só fomentam desigualdades, com um caminho aparentemente novo no horizonte do Brasil.

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EUA antecipam futuro nas eleições !

Todo mundo se recordará do título "Brasil, um país do futuro", escrito pelo romancista austríaco Stefan Zweig, e publicado pela primeira vez em 1941, que revelava a visão de um estrangeiro que escolheu o nosso país para viver os últimos momentos de sua vida. De tão simples e expressivo, apesar de poucos conhecedores do seu conteúdo, o mergulho histórico do escritor, recheado de impressões geográficas e comportamentais, reforçam a nossa convicção em reeditar sem medo os títulos do tipo "o futuro chegou", ou "o futuro é hoje". Apropriado, a meu ver, para comparar as estratégias e ferramentas utilizadas na corrida eleitoral dos Estados Unidos, para dizer que não estamos longe dessa perspectiva, mas que o Brasil pode se antecipar também ao futuro no quesito comunicação global entre os seus cidadãos.

O território brasileiro, que provocou tanto deslumbramento em Zweig, em contradição com as suas experiências pessoais de sofrimento na segunda Grande Guerra Mundial, concentra hoje quase 40 milhões de eleitores internautas, além de transformar o Brasil no recordista mundial em tempo médio de conexão. A cada segundo cresce a participação de usuários na criação de blogs, em comunidades de relacionamentos, em pesquisas online, correspondência virtual etc., além de mais de 120 milhões de celulares ativos providos pelo menos de recursos de SMS/torpedos.

A difusão global da corrida eleitoral americana se dá com o uso da internet, que não é nenhuma novidade. Há uma nação em rede, atravessando continentes. Os americanos sempre foram eficientes na comunicação global e, com o uso da internet, a propagação das idéias dos principais candidatos democratas e republicanos ganha força e amplifica o seu efeito de mobilização, muito diferente do modelo brasileiro.

Aqui, as cúpulas partidárias definem o escolhido sem a participação dos filiados aos partidos, sendo que a maior parte das vezes prevalece projetos pessoais. Quando se discutem propostas para a Reforma Política, ao invés de reduzirem as distâncias entre eleitores e potenciais eleitos, com o voto distrital, por exemplo, estudam o aperfeiçoamento dos mecanismos de controle das listas de candidaturas pelas direções partidárias. Se não há meios mais interessados na mobilização da militância, acho que somente isso pode justificar o uso tímido do computador nas campanhas, embora em 2006 tenha se verificado um grande salto, diante das regras mais rigorosas com a publicidade das candidaturas.

No quesito participação, sem dúvida, os EUA ainda dão lições ao Brasil. A escolha dos seus candidatos, como se acompanha agora com os seus principais nomes – Barack Obama, Hillary Clinton e John McCain – é mais democrática, dura meses e mobiliza legiões de filiados. Nem é preciso dizer que envolvem recursos financeiros, logo nas pré-campanhas, bem superiores às totalizações contabilizadas pelos partidos brasileiros. Estima-se que Obama e Hillary já arrecadaram cerca de US$ 100 milhões cada um para enfrentar as primárias. No Brasil, é possível que uma candidatura a presidente da República vá custar, em 2010, US$ 50 milhões, e, neste ano, para prefeito, dependendo do tamanho do município, em torno de US$ 2 milhões (exemplificando Santos).

Então, se os EUA experimentam o futuro sempre à frente do resto do Mundo, por que não refletir sobre o Brasil, país que todos, a exemplo das idéias de Zweig (que optou por morrer antes), anseiam viver no futuro? Podemos atuar de forma planejada diante da realidade dos cidadãos: cada vez mais, a maior parte do dia conectada, assistindo a vídeos como os do Youtube, interagindo nas redes Orkut, Messenger, Second Life e Skype, lendo mais blogs e sites de notícias que jornais e revistas de papel. 

E VIVA o futuro, viva eu, viva tudo, viva o Chico Barrigudo!

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Nada abalará unidade do PSDB !

Bruno Covas, Paulo Alexandre Barbosa, Rubens Lara, Koyu Iha, Edmur Mesquita e muitos outros tucanos confirmaram na reunião deste sábado (1 de março) ter valido a pena os esforços para a unidade partidária na convenção passada, do diretório do PSDB de Santos. O clima de entendimento predominou durante o encontro marcado para avaliar as opções pela candidatura própria a prefeito ou pelo atendimento a um convite de João Paulo Tavares Papa (PMDB) que quer conversar sobre uma possível aliança local; a conclusão foi no sentido de manter os canais de diálogo, antes das deliberações políticas pelo diretório municipal no próximo sábado (8 de março).

Sei que a pergunta no ar está direcionada ao deputado estadual Bruno Covas, que nesta semana anunciou a sua disposição de disputar o cargo de prefeito de Santos, e obteve grande repercussão neste blog e nos meios políticos da região da Baixada Santista. Bruno nunca escondeu o seu posicionamento favorável às candidaturas próprias, justamente para fortalecer o PSDB, evidenciando o 45 (número do partido) em todo o país. Mas é preciso registrar o caráter e os princípios partidários de Bruno Covas, a exemplo do seu avô Mário Covas, que está de olho na construção de um projeto do PSDB para 2008, 2010 e 2012.

A mensagem de Bruno foi registrada e repercutida, pronta para o consumo planejado em todas as etapas para alcançar o sonho de um dia ser prefeito da sua terra natal. Para o PSDB, hoje, ter uma definição bem clara da sua perspectiva futura, carece do conhecimento de todas as alternativas em sua órbita. Quem sabe as eleições de 2008 sirvam para iniciar a construção de um inabalável processo de unidade partidária. Sei que essa tarefa não pertence a uns, mas a todos.

Há um calendário partidário eleitoral a cumprir. Primeiro vamos ouvir o Papa, dizer das nossas idéias inegociáveis para Santos. Por fim, decidir!

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Bruno Covas se apresenta para a Prefeitura !

Em meio às especulações dos bastidores políticos da Baixada Santista, de uma previsível aliança já no primeiro turno com o prefeito de Santos, João Paulo Papa (PMDB), e a caminho do primeiro ato de conversas internas do PSDB santista, marcado para este sábado, o deputado estadual Bruno Covas colocou o tucano na sala: pré-anunciou a disposição de levar o seu nome para a disputa, como o candidato próprio do PSDB a Prefeitura. Bruno tem todo o direito a esse gesto, mas, interpretando as suas próprias palavras na manhã de hoje, vale refletir que uma candidatura a prefeito não se basta na vontade de uma pessoa, ela precisa ter o condão de unir muitos em torno do que é possível considerar um projeto a partir de agora.

Aliás, Bruno Covas não é o único pré-candidato do PSDB a prefeitura de Santos. Seu colega de bancada, Paulo Alexandre Barbosa e o ex-deputado estadual Edmur Mesquita, atual vice-presidente da Fundação Casa, também haviam manifestado essa mesma disposição para a direção local do partido. Acontece que, ansiosos com os desdobramentos políticos na órbita de Papa, devido ao seu desempenho favorável na administração da cidade e nas primeiras pesquisas de intenção de voto, aliados do prefeito e tucanos de todas as tendências começaram a "conversar" pela imprensa.

Conversas desgastantes e sem nenhuma utilidade. Por isso acho que a reunião da comissão executiva municipal, ampliada pelos vereadores, deputados, ex-deputados e o representante local na direção estadual do PSDB, marcada para o próximo sábado, é fundamental para organizar inclusive os ânimos. Há confirmação de quórum absoluto, mas os leitores deste blog não devem esperar uma decisão do tipo "candidatura própria" ou "composição com o Papa".

Defendi anteriormente (e continuo defedendo) que o PSDB deveria apresentar candidaturas próprias em todos os municípios brasileiros. Entendo que somente com o bloco na rua promovemos o debate direto sobre as idéias tucanas, aglutinamos forças simpáticas ao ideário do partido e fortalecemos a musculatura da militância para falar de modo mais decisivo na hora "h" (segundo turno, por exemplo). Porém, essa decisão final precisa da consideração de todos os cenários e, apesar de Santos figurar entre os municípios mais importantes e prioritários para o PSDB, uma opção estratégica de unidade com o PMDB em 2008, logo no primeiro turno, pode garantir uma opção tucana em 2012, sem falar na consolidação das opções para a Assembléia Legislativa e para a Câmara dos Deputados em 2010.

A oferta do próprio nome, pelo deputado Bruno Covas, é muito positiva para um PSDB que sempre teve candidatos próprios em Santos. Mas, historicamente essa condição nunca ajudou o partido, porque ele sempre foi para a disputa sem convicção e muito desunido. Não tenho dúvidas que Bruno, Paulinho, Edmur ou quem for mais capaz de aglutinar forças tucanas para 2008 na cabeça ou numa vice-prefeitura, fará a diferença, num vôo solo ou com Papa.

Apenas não é possível um partido, como o PSDB, se contentar com a suposição do processo político, antes de discutí-lo com vontade e preparo. É inaceitável ver o PSDB se apequenando em discussões secundárias. Imaginem só, nem discutiu o cenário atual e já se coloca no processo como se lhe coubesse apenas o lugar de vice-protagonista da história? Se esta for a conclusão, que seja com dignidade, sem abrir mão dos seus princípios fundamentais. Ninguém, no começo de um caminho, pode ser candidato a vice, antes de conhecer o plano de vôo. Mudança não se faz com covardia!

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