Rita Lee propõe um BBB político !
Circula pela Internet uma história de que a roqueira Rita Lee, que sempre debochou da classe política, está sugerindo um confinamento do tipo Big Brother Brasil, com todos os pré-candidatos à presidência da República: "Eles ficariam debatendo e discutindo seus respectivos programas de governo. Sem marqueteiros, sem máscaras e sem discursos ensaiados. Toda semana o público vota e elimina um. Além de acabar com o horário político, a população conheceria o verdadeiro caráter dos candidatos. No final do programa o vencedor ganharia o cargo público máximo do país".
Parece piada a idéia de Rita Lee, mas se promovêssemos uma enquete entre os nossos leitores, com certeza ela seria aplaudida. Porque político virou uma classe de valor questionável, por culpa dele mesmo. Basta observar a relação dos maiores escândalos de corrupção em todo o mundo, que sempre tiveram políticos protagonizando a história.
No Brasil, desde os "anões do orçamento" uma enxurrada de lama vem afogando a imagem da classe toda por causa de alguns "soros-positivos" da bandalheira. Mas o desrespeito com os políticos não se dá apenas por causa da corrupção, também contribui para o seu desgaste a relação privilegiada com o poder, em um país com dívida social em aberto.
Retomo o assunto do texto "Quem pode se orgulhar de políticos", com o reforço da enquete da semana, querendo saber "de qual político você tem orgulho". Na semana passada, uma atitude aparentemente isolada no Rio de Janeiro, expôs algumas idéias simples para o relacionamento com as questões políticas. O protagonista dessa notícia, Fernando Gabeira, deputado federal pelo PV, que deixou o PT quando explodiram as denúncias do mensalão, sanguessugas e compras de votos no Congresso Nacional.
Gabeira volta ao noticiário, porque está unindo políticos e partidos no Rio, em favor da sua pré-candidatura a prefeito, provocando desde já a reação de Cesar Maia, prefeito do DEM, que acusou o golpe e tenta desconstruir a capacidade de gestão do deputado, cobrando lealdade do PSDB em sua aliança comum.
O interessante nessa história de avaliação da classe política, uma utopia para alguns analistas, está justamente nos princípios anunciados por Gabeira, de não pedir poderes ilimitados, nem caminhões de dinheiro, nem submissão dos partidos à sua vontade: "quero uma campanha limpa, sem ataques pessoais, propositiva; quero a divulgação pela Internet dos fundos e despesas da campanha, e o principal, caso eleito, quero escolher um secretariado por méritos e critérios profissionais e não partidários sem o habitual loteamento como moeda de troca por apoio político".
Gabeira, embora com suas posições polêmicas conhecidas em nível nacional, surge neste novo momento como uma voz descompassada no jeito do político brasileiro ver a política, muitas vezes justificando os erros do presente como uma repetição de procedimentos iguais no passado, como se fosse uma regra que não pode ser modificada.
Eleitores de Gabeira deram o seu testemunho, ao que chamam de um "estranho orgulho e um vago sabor de superioridade", porque nunca se envergonharam de sua conduta. Posso enumerar e atestar uma quantidade significativa de políticos que merecem a minha admiração, de várias legendas, porque ninguém é proprietário da ética. Cabe a nós refletir e propagar a constatação de que nem tudo está perdido.
Rita Lee tem o seu próprio modo de ver as coisas. Para ela, debochar "de políticos não é uma gracinha só minha. Acho que o Brasil inteiro fez isso nesses últimos 20 anos. Me sinto como o Brasil, desenferrujando aos poucos de uma estagnação forçada. O público de Brasília, por exemplo, é maravilhoso, bem diferente dos políticos malandros que poluem nossa Capital". Polêmica, no ano passado, durante um show lá, entre uma música e outra, Rita contou, irreverente: "ouvi dizer que o salário dos políticos vai ser doado às crianças pobres". O público aplaudiu!!!
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