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Peruíbe vai aportar na prosperidade ?

Ainda há muita expectativa sobre os investimentos definidos em pouco mais de R$ 4 bilhões, para a construção do Porto Brasil (Superporto de Peruíbe). As últimas notícias, no mês passado, davam conta que o grupo empresarial de Eike Batista, o homem mais rico do país, havia protocolado o plano de trabalho para a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). No último final de semana, Eike Batista ganhou destaque na mídia e, conforme reportagem na revista Exame, "não esconde o prazer juvenil que sente ao calcular sua fortuna, na ponta do lápis".

Realmente são descabidas as dúvidas que recheavam o noticiário, dando conta que em nenhum momento aparecia uma explicação de onde sairá tanto dinheiro para o empreendimento de Peruíbe. O sucesso empresarial e o lastro econômico e financeiro de Eike Batista são uma garantia, sem dependência do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, sem promessas e protocolos de intenções.

Pelas informações que pude acessar pela Internet, a área comprada é de 24 milhões de metros quadrados, para as construções do superporto e de um complexo industrial denominada Taniguá, que se localizará atrás da faixa de mar.

O projeto é tão ambicioso que, além da atividade portuária, sua retroárea abrigará as seguintes atividades industriais: automobilística, elétrica, centros de distribuição, pátio para contêineres vazios, centros de pesquisa, fabricação de pré-moldados de concreto, fabricação de máquinas e equipamentos, processamento de carnes e de alimentos em geral.

Se o leitor deste blog conhece Peruíbe, sabe que é uma das 15 estâncias balneárias do Estado de São Paulo, dona de inúmeras belezas naturais, espalhadas pelas suas praias, rios, montanhas, cachoeiras, sítios arqueológicos, aldeia indígena; com destaque para a Estação Ecológica da Juréia-Itatins e um povo pacato, estimado em 65 mil habitantes no ano de 2006.

Daqui a 35 meses, conforme as previsões para a liberação da licença prévia do empreendimento, o Superporto de Peruíbe sairá do papel e Eike Batista (detentor de uma fortuna de US$ 16 bilhões) dará mais um passo no seu sonho de alcançar e superar Bill Gates, o homem mais rico do mundo, no alto dos seus US$ 56 bilhões.

A região vive o seu momento de prosperidade e pode parecer contraditório expor as duas faces da moeda de sua própria sorte. Ao mesmo tempo em que este texto é produzido para refletir sobre os impactos econômicos importantes para a Baixada Santista, com o Porto Brasil, quem sabe o governo federal começa a reagir para melhorar a infra-estrutura do Porto de Santos, no momento em que se comemora 200 anos da abertura dos portos e da inserção do país na cena internacional.

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PSDB quer se comunicar melhor !

Como era esperado, durante o seminário restrito à comissão executiva estadual do PSDB de São Paulo, no último final de semana, para debater e construir o seu Planejamento Estratégico para 2008, a comunicação partidária esteve na berlinda. Recentemente, a cientista social Lourdes Sola opinou que há um déficit de comunicação no PSDB e, por comparação, um superávit no PT. Está cada vez mais claro que o PSDB se comunica mal desde as suas raízes nos tempos em que boa parte dos seus quadros políticos estava abrigada e militava no PMDB. Esse problema detectado e reclamado por 10 dentre 10 tucanos, não se restringe às ações partidárias, mas se repete nos seus governos, apesar de se verificar hoje alguma diferença mais positiva nas políticas de comunicação de José Serra e Aécio Neves.

Quem não se lembra da afirmação e do conceito explicitados pelo governador Franco Montoro, ao assumir o governo do Estado de São Paulo, em março de 1983, eleito com 5 milhões de votos, na primeira eleição direta para governador após o golpe militar, de que a grande obra do seu governo seria a soma das pequenas obras? Naquela ocasião, Montoro definia o seu estilo, como justificativa para dar pouca importância ao quê chamava de "aparências e realizações de curto prazo e ênfase ao trabalho duradouro, com resultados significativos para a sociedade".

Sem comunicação eficiente, ainda hoje é limitado o conhecimento da ênfase ao trabalho duradouro iniciado por Montoro e consolidado por Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e Geraldo Alckmin. Tucanos, como constata a cientista Lourdes Sola, tem vergonha de se comunicar, acha que isso não é importante, e depois chora o leite derramado, quando os governos petistas se apoderam de realizações como a estabilização da economia (Plano Real), programa de aceleração do crescimento (Avança Brasil), fundo de desenvolvimento da educação e valorização do magistério – Fundeb (FUNDEF) e programas compensatórios unificados no Bolsa Família (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Vale Gás, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI).

É mais do que sabido que a sociedade precisa saber das realizações dos governos, por uma questão de transparência com o uso do recurso público, e naquela ocasião já perturbava "tucanos" a pouca importância da propaganda das suas ações concretas e duradouras. Aliás, Montoro que representava uma página virada na história, depois de governos nomeados pela ditadura, sucedera Paulo Maluf que conseguiu entrar para a história, além dos aspectos negativos da sua biografia, pelo rol de obras que conseguiu vincular exageradamente ao seu currículo político.

Abastrato nos conceitos de comunicação com a sociedade, num período da história que ainda era possível personalizar as realizações, nossos antecessores falharam na estratégia e ainda hoje esse tema é recorrente nos encontros de avaliação do PSDB e dos seus próprios governos.

IMERSÃO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

No seminário interno da executiva paulista do PSDB, em São José dos Campos, sexta, sábado e manhã deste domingo (27), as dificuldades com o entrosamento e conhecimento das ações dos governos municipais e do Estado emergiram, como sempre. Entretanto, houve uma decisão no sentido de priorizar a questão, relacionando inclusive a necessidade da profissionalização e de maiores recuros para essa ação partidária.

Dentre as principais ferramentas para a comunicação foram relacionados os endereços virturais, portais partidários, blogs, sites de relacionamentos e de divulgação de vídeos, além de mídias impressas, da maior atenção aos espaços no rádio e da regionalização da propaganda partidária nas emissoras de rádio e televisão (no primeiro semestre deste ano). São Paulo, nesse último quesito, teve uma experiência muito bem sucedida em 2004, para a difusão das suas principais lideranças regionais, associando as suas figuras partidárias às realizações do governo do Estado e do jeito tucano de governar municípios.

Aproveito este comentário para informar aos companheiros tucanos, que fui escolhido durante o evento de São José dos Campos para ser o coordenador do núcleo de comunicação do PSDB no Estado de São Paulo, para essa nova fase da comunicação interna e com a sociedade. Tenho informações que o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, promoverá encontro específico sobre o tema, em Brasília, para a unificação do discurso, consolidação de fontes de informação e novas estratégias para a comunicação, como instrumentos de integração para superar o verdadeiro estado de isolamento da militância partidária, com as suas direções em todos os níveis, bem como dos governos comandados pelo partido. Há uma ignorância quase absoluta sobre as realizações de governos tucanos entre os próprios filiados ao PSDB.

PSDB TOTAL EM SP

Ainda no seminário interno, o presidente do PSDB-SP, deputado federal Mendes Thame, destacou que o partido inicia 2008, organizado nos 645 municípios paulistas. Plagiando um jargão que anda por aí, nunca antes na história do PSDB isso aconteceu, mesmo com os governos Mário Covas e Geraldo Alckmin.

Então, no seu Planejamento Estratégico 2008, são considerados projetos de relevância para o Diretório Estadual do PSDB e que precisam ser priorizados na execução: preparação eleitoral do PSDB nos 645 municípios; informatização do partido; nova política de comunicação e criação de núcleo específico; fortalecimento dos núcleos e secretariados estaduais; implantação do secretariado sindical; atualização do programa de governo municipal (O PSDB e o Poder Local); integração setorial (parlamentares, prefeitos, PSDB e diretórios municipais); programas fala-vereaor e cidades-irmãs com práticas bem sucedidas; formação política e difusão maior das propostas básicas do partido; implantação dos núcleos de ação ambiental e da Agenda 21; sede própria e organização das comemorações dos 20 anos de existência do PSDB.

Sobre as candidaturas a prefeitos em todos os municípios e o lançamento de Geraldo Alckmin para a prefeitura de São Paulo… Bons assuntos para comentar, depois!

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Não há campo majoritário no PSDB.

Quando o PSDB foi fundado em 1988 e apresentou um manifesto escrito por Fernando Henrique, José Serra, Franco Montoro, Mário Covas, dentre outros, houve uma articulação paralela dos seus primeiros militantes para germinar sementes de democracia e o respeito pelo regime do povo, pelo povo e para o próprio povo. Então, diferente do conjunto de tendências do PT, que se identifica como "campo majoritário", no PSDB, os defensores intransigentes da democracia são majoritários. Por isso acho que as últimas movimentações partidárias, sobre o lançamento ou não da candidatura Geraldo Alckmin para a prefeitura de São Paulo, da maneira como estão exibidas, tem apenas uma vítima: o PSDB.

Jamais poderia imaginar que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) fosse tão leal, desde os seus tempos de vice-prefeito, às políticas formuladas pelo PSDB paulistano. Se o leitor quiser um breve retorno ao passado, pesquisando nos sites de busca, relembrará que Kassab não era o vice preferido pelo PSDB. Na época, ele não nos surpreendeu com a sua capacidade de domínar e articular o extinto PFL, num Estado que o seu horizonte apontava, no máximo, para a reivindicação de cargos ou a posição estratégica de vice-alguma coisa.

O PSDB "engoliu" Kassab em 2004, do mesmo modo que em 2002, para o governo do Estado, "aceitou" Cláudio Lembo. Quem se recorda das incríveis comparações feitas para justificar a escolha de Lembo, "pelas suas similaridades" com o discretíssimo vice-presidente da República de Fernando Henrique, Marco Maciel (não sei por onde!). Impossível comparar essas duas relações, diante da desenvoltura da lealdade de Kassab com os princípios de Serra. Lembo, na sua vez, fazia questão de explicitar que, com a renúncia de Geraldo Alckmin para tentar a presidência da República em 2006, estava impondo uma marca própria ao seu governo do maior Estado da federação.

As diferenças nos relacionamentos com o PFL (agora DEM), em São Paulo, resgatam também a minha lembrança do dia em que José Sarney (então presidente nacional do PDS) veio para o PMDB para ser o vice de Tancredo Neves. Alguns companheiros de travessia recordarão o nosso estado de pânico político, em 1985, na transição da ditadura para a democracia, com Sarney na mesma chapa e, "pior", no mesmo partido.

Localizado o cenário atual na história recente do país e, principalmente, no território paulista, é fundamental registrar que a democracia interna do PSDB garantiu espaços de discussão em alguns atalhos históricos, mas não impediu decisões sem uma consulta prévia à militância. Primárias ou prévias ainda não foram testadas no PSDB, porque identificado como partido de quadros ainda preserva a consideração da existência de filas de políticos, em especial para cargos executivos.

Meu receio é que a democracia interna seja interpretada apenas para valer a orientação do PSDB apresentar candidaturas próprias em todos os municípios. Reafirmo o quê já escrevi neste blog: Geraldo ou qualquer outro membro do PSDB tem todo o direito de postular a legenda para uma disputa de prefeituras.

São muitas dúvidas a nos dividir. Mas, em se tratando de divisão, como isso pode acontecer, se majoritariamente defendemos o PSDB sempre na cabeça de chapa, revelando hesitação sobre qual o nosso objetivo quando cobrados para definir alianças futuras? O que nos une atualmente? Qual o cenário, se alguém tivesse ousado abonar a ficha de Kassab para um diretório tucano, quando havia uma verdadeira lua de mel em curso?

Estamos devendo unidade!

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Mais gás na Bacia de Santos, e daí ?

Na oposição não há lugar para ignorantes. Os tempos são outros e exigem informação para sustentar posições políticas e o contraponto de experiências governamentais mais eficientes. Esses anúncios constantes das descobertas da Petrobrás são muito bem-vindos, mas acho fundamental termos um horizonte claro do usufruto para a economia brasileira. Com isso, reduzir o ufanismo, definir metas objetivas de prospecção, preparar técnicamente forças de trabalho e organizar sistemas de refino, abastecimento e distribuição, precisam constar dos programas do governo Lula e dos governos futuros.

A Petrobrás acaba de anunciar a descoberta do poço Júpiter, também na Bacia de Santos, com um lastro de perspectiva de produção similar ao do poço Tupi. Outra descoberta na camada pré-sal em uma região ultraprofunda, que se estende por 800 km desde o litoral do Espírito Santo ao de Santa Catarina.

Curioso é que o governo Lula faz reforçar o reconhecimento da sua capacidade de comunicação, porque vem apresentando novidades importantes no campo da energia e da prosperidade nacional. Falha, entretanto, na falta de clareza dos números globais de recursos para prospecção, tendo em vista que essa descoberta, apesar de promissora, exige elevado investimento.

Recentemente comentei sobre as carências na infra-estrutura de uma região que ainda não sabe como vai conciliar as suas excelentes possibilidades com o desenvolvimento do turismo, modernização do Porto de Santos, construção do Superporto de Peruíbe e a exploração do gás e do petróleo. Sem definição, isso me preocupa bastante, porque a explosão de interesses que toma conta da Baixada Santista e do Litoral pode afogar uma legião de empreendedores à espera de um lugar ao sol.

O cenário não é favorável à oposição pela oposição; mas fará diferença quem tiver um mínimo de preparo para sugerir alternativas, planejamento estratégico e foco num modelo de gestão profissional, competente, eficiente. Caso contrário fica a pergunta óbvia sobre o quê nos cabe nesse "latifúndio"; despreparados, tanta divisa econômica para quê?

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Palmas para o Senador Arthur.

Jantei com o senador Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado Federal, agora à noite num restaurante no Guarujá, e relembramos ações do governo Fernando Henrique (Fundef e Bolsa Escola, por exemplo). Também testemunhei nesse lugar, na hora da sua chegada, muitas palmas e declarações espontâneas do tipo "o senhor lavou a minha honra com o fim da CPMF" ou "o senhor é o mais corajoso daquele Congresso". Mas preciso dizer que a maioria dos tucanos da Baixada Santista e do Litoral ignorou a presença de Arthur, porque não houve tempo de avisar a todos, com a confirmação retardada da sua vinda para uma visita ao túmulo de Mário Covas, em Santos, e uma palestra na Câmara de vereadores de Guarujá.

Creio que haverá um sentimento de frustração, quando tucanos caiçaras e cidadãos que torcem pela oposição souberem dessa passagem meteórica de Arthur Virgílio. Imagino que muitos gostariam de ouvir sobre a sua experiência no Senado, comandando a vitória numa votação contra o governo Lula. Na Câmara de Guarujá ele contou isso, destacou a necessidade da melhoria dos mecanismos de participação dos militantes do PSDB nas decisões políticas e partidárias e reafirmou as suas declarações à revista "Veja", nas páginas amarelas do último final de semana, de que colocará o seu nome à disposição do partido nas eleições para a presidência da República em 2010.

O senador Arthur Virgilio chegou hoje, a convite do presidente do diretório municipal do PSDB de Guarujá, Tucunduva Neto. A idéia era aproveitar a presença de um líder nacional para colocar, solenemente, o bloco na rua com vistas às eleições municipais. Diga-se, de passagem, uma excelente idéia para reforçar as novas teses programáticas do partido e para organizar um verdadeiro "abre-alas", com palavras de ordem e tudo o mais.

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Dinheiro de quem ?

Postei opinião sobre a falta de transparência do Governo Lula, diante da polêmica nacional sobre o aumento de gastos com os cartões de crédito corporativos ("Farra no uso de cartões corporativos?, 13/01), e, para minha surpresa, até agora surgiram apenas dois singelos comentários. Parece que a jornalista Dora Kramer tem razão no título do seu artigo, na última terça-feira (15), quando estampou "Dinheiro de ninguém". Será que ninguém está ligando para essa farra com dinheiro público?

A estatística é alarmante: os saques com cartão, no ano passado, somaram R$ 58,7 milhões. O quê daria para fazer com esse "dinheiro de plástico"? O ministério da Educação poderia suprir merenda de "apenas" 14,9 milhões de crianças. Ou então, o ministério das Cidades poderia autorizar a construção de 2.348 casas e/ou apartamentos populares. E sabe quem paga a fatura desses cartões, ao invés dos investimentos em merenda ou moradia? Nós, cidadãos, por impostos diretos ou indiretos todos os minutos de nossas vidas no Brasil.

Os tais cartões de crédito corporativos são usados por funcionários dos altos escalões do governo. O próprio Tribunal de Contas da União considera que o cartão em si é um excelente instrumento de controle, desde que utilizado como cartão de crédito e não como cartão de saque. Retiradas em dinheiro, atesta o TCU, dificultam muito a fiscalização dos gastos.

Dispor de um cartão corporativo, em tese, não é uma mordomia do governo. Estranho mesmo é que os saques deveriam acontecer apenas quando os milhares de servidores públicos – petistas ocupantes de cargos de confiança, em sua maioria – necessitassem pagar por pequenos serviços a pessoas físicas, a estabelecimentos onde o cartão de crédito não é aceito ou para gastos em localidades remotas nas quais a única alternativa seja o pagamento em dinheiro vivo.

Só que a prática indiscriminada de saques compromete a regra de busca por melhores preços, quando se tratar de serviços que podem ser fornecidos através de licitações, como aluguel de veículos, por exemplo. O uso do cartão corporativo pelo lulo-petismo afronta despesas programáveis acima de R$ 8 mil, que devem ser objeto de licitação.

A Presidência da República argumenta que os gastos com cartões foram elevados em 2007 por causa dos preparativos dos Jogos Pan-Americanos e dos censos realizados pelo IBGE, sem nenhuma explicação para a campeã de gastos em cartões, a ministra Matilde Ribeiro (da Igualdade Racial), que precisou de R$ 171,5 mil para as suas viagens de intensificação de suas "relações com os novos governos estaduais para rediscutir políticas de promoção de igualdade racial".

Transparência? Zero!

A justificativa vai desde o "uso dentro das normas", passando pelo sigilo de gastos estratégicos pela Agência Brasileira de Informações (antigo SNI), até o dar de ombros para a nossa curiosidade cidadã.

Com as novas informações deste comentário podemos considerar que o dinheiro gasto é de ninguém mesmo?

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Partido que forma opinião.

Há uma comemoração surda com os "desencontros" de opinião das principais lideranças do PSDB´, na última semana. Leio com frequência os comentários dos leitores nos jornais e blogs. Percebi uma torcida favorável ao insucesso tucano nas eleições municipais deste ano, porque há uma expectativa nítida pela divisão do seu campo político. Contudo, imagino na condição de dirigente e seguidor da orientação que o partido deve definir candidaturas a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores na maioria dos municípios brasileiros, que a precipitação de nomes ou de projetos pessoais sem uma discussão interna e estratégica, daremos os argumentos que os nossos opositores precisam.

Colecionei na mídia, pérolas de alguns líderes do PSDB, que nada acrescentam ao debate interno. Se o PSDB é um partido de quadros, que forma opinião, porque essa insistência de levar à opinião pública posições indefinidas e menores? Um partido com Fernando Henrique, José Serra, Aécio Neves, Tasso Jereissati, Geraldo Alckmin, Marconi Perilo, Teotônio Vilela, Yeda Crusius, Arthur Virgílio e que já teve Franco Montoro, Mário Covas, José Richa, Afonso Arinos, Magalhães Teixeira, Sérgio Motta, não pode se apequenar.

Em 2007 registramos disputas interessantes em diversas regiões do Estado. Em jogo, o poder local com vistas ao projeto de consolidar forças para reconquistar a presidência da República em 2010. Veja o caso da Capital paulista, razão dos debates acirrados que me estimulam retornar ao tema, após o texto "Imponderáveis candidaturas tucanas?": o DEM (ex-PFL) está alinhado ao PSDB desde 1994, com a primeira eleição vitoriosa de Fernando Henrique. Com ele, em 2004, alcançamos uma vitória histórica sob a liderança de José Serra, após cinco tentativas frustradas (1985, 1988, 1992, 1996 e 2000).

É fundamental destacar que Serra sucedeu Marta Suplicy (PT), vencendo-a com o gosto de ter superado as máquinas da prefeitura de SP e do governo Lula. Convocado em seguida para assumir a candidatura e vencer a eleição para governador do Estado, Serra imprimiu um estilo nunca havido no regime democrático, da convivência harmônica e parceira, entre Estado e Prefeitura.

Mesmo com a saída de Serra do município, não houve descontinuidade das políticas desenhadas pelo PSDB. Aliás, o PSDB continua governando a Capital; mas agora há a necessidade de uma renovação desses compromissos e o PSDB também dispõe de um nome de peso, como é do conhecimento de todos: Geraldo Alckmin.

Acontece que a eleição de São Paulo sinaliza para outros municípios do Estado e para o país. Nesse contexto está delineada a estratégia do partido que forma opinião, desde a sua fundação, há quase 20 anos.

Houve um tempo nessa história, que cheguei a refletir sobre a união do PSDB com o PT. Nossas principais lideranças tiveram a mesma origem, nos movimentos sociais, acadêmicos e trabalhistas; conviveram inclusive no MDB, porque não recompor velhas concepções, apesar de reconhecer as nossas divergências básicas em relação ao PT, na concepção do Estado, da democracia e no trato das políticas sociais.

Nossa unidade com o PFL (agora DEM) teve uma razão estratégica em 1994, para ampliar a força política em estados onde o PSDB era mais frágil, quando não inexistia. Em 1998 repetimos a dose e as vitórias, tanto federal como no Estado de São Paulo. Em 2002 optamos por outro caminho e já adiamos o projeto de reconquistar a presidência da República duas vezes.

São Paulo não é um caso isolado. Em nenhum momento houve uma ação que retirasse o direito de Geraldo Alckmin pleitear sua candidatura a prefeito. Não há contradição e nenhum risco à aliança com Gilberto Kassab. Acho apenas que o PSDB precisa discutir esse caso de maior repercussão e outros, como Santos, por exemplo, onde João Paulo Tavares Papa (PMDB) governa bem e com o nosso partido.

Não temos apenas um direito, o de errar!

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Sabor de mar fica para sempre !

 Crianças felizes do Interior de São Paulo "invadiram" as nossas praias e viveram a experiência do primeiro contato de suas vidas com o mar. Essas imagens de hoje, fixadas na nossa memória pelas fotografias de jornais e matérias na TV, seriam repetidas todos os anos, desde que o saudoso governador Franco Montoro teve a idéia original de criar o Programa Caravanas do Conhecimento – Interior na Praia e Redescobrindo o Interior, em 1984.

Mas o programa esteve suspenso durante 14 anos, sendo relançado oficialmente em 2004, sob a coordenação geral do CEPAM (Fundação Prefeito Faria Lima) do Governo do Estado, e é realizado anualmente em duas etapas, nas férias de janeiro e julho. A partir dessa retomada, 40 mil crianças foram beneficiadas. É unânime o sentimento de comoção verdadeira por causa dessa alegria contagiante.

A experiência de entrar no mar pela primeira vez e tomar um gole de água salgada, para confirmar se é salgada mesmo, é única. Não me esqueço do dia em que realizei esse mesmo gesto, em 1968, no Gonzaga, em Santos, por ocasião de uma visita à casa de um tio. Vivia em Brotas, no centro do Estado, a mais de 200 quilômetros do mar santista. Cidinha Almeida, Carlos Roberto Sodré e o presidente do CEPAM, Felipe Soutello, parecem ter vivido a mesma história, tamanha dedicação ao sucesso continuado do Programa Caravanas do Conhecimento.

Até o dia 25 de janeiro, 8.080 crianças, entre 9 e 11 anos de idade, também vão conhecer o mar, em 13 cidades litorâneas, durante cinco dias. Monitores explicam temas essenciais e relacionados ao ambiente, como a importância das matas, a caracterização da Serra do Mar e dos rios. Já na praia, as questões do lixo, economia de água e qualidade dos recursos hídricos também ganham destaque.

"Nem dormi no ônibus, a gente veio cantando e brincando; o que eu mais queria era conhecer a praia e mergulhar no mar" – afirmação de Richard Leotero Gabriel, 10 anos, morador em Presidente Venceslau (Região do Pontal do Paranapanema), depois de mais de dez horas de viagem.

Pois é, optei por Santos, depois desse primeiro banho de mar, meu amor à primeira vista! 

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Imponderáveis candidaturas tucanas ?

O último final de semana revelou o jeito tucano de ser imponderável. E olha que sou dos tucanos mais afoitos, que paga caro o preço de maturar rapidamente convicções e posições. Talvez seja um dos mais indignados com a letargia e com a falta de vontade de interpretar cenários e de construir estratégias para o futuro. Estou sempre cobrando posições, relembrando raízes históricas que expliquem o presente. Fico atormentado com a lucidez, quando o óbvio é ululante e não vejo reações, mas estou sempre provocando meus companheiros à reflexão, mesmo quando pareço remar contra a correnteza. Mas juro que me surpreendi com a saraivada de posições políticas tucanas; aliás, creio que nunca observara tanta "tensão" no ninho nesses 20 anos de existência do PSDB, justamente porque os atores do noticiário são protagonistas da nossa história.

FHC deu uma longa entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo", no último domingo (13), e, num determinado momento, comentou com o repórter sobre as suas falas recentes: "Estou falando o quê penso, e todos sabem que frequentemente tenho posições contrastantes com setores do partido. Até porque acho que o PSDB também tem de ter posições mais claras. Aliás, tanto a intelectualidade quanto os líderes políticos têm sido pouco eficientes em sensibilizar a opinião geral com algumas idéias".

Logo imagino que o leitor deste blog já percebeu que faço questão de manter a minha identidade com FHC. Ele inspira uma boa parte dos meus comentários de sacudimento do comportamento tucano, fornecendo munição para discursos inflamados para dentro e para fora. Contudo, diante das suas colocações cuidadosas ao jornal, das repercussões e de outras entrevistas de companheiros, acho que o tabuleiro de xadrez despencou, de vez, de cima do guarda-roupas. Justo nós, que fomos sempre tão ponderados e até chamados de "em cima do muro"!?

Tucano não tem limites para contemporizar, principalmente quando encontra pelo caminho projetos políticos similares. Qualquer norte ou ambição que seja tem a proteção do respeito entre quadros de qualquer escalão. O tucano autêntico não aceita dispersão e aposta no entendimento, como se tivesse o corpo tomado por uma alma mineira. Sabe que é importante para o PSDB dispor de um projeto de poder, mas não desafina no fortalecimento do seu arco de alianças, ultimamente formado com o DEM, o PPS e o PV.

Na maioria das vezes, são raros os tucanos que se apresentam como pré-candidatos a alguma coisa, porque vale a voz da consciência a questionar, no caso de uma possível disputa para o parlamento (vereador, deputado, senador), se a sociedade o reconhece a sua liderança ou simplesmente a mosca azul cegou a sua racionalidade ou ainda se é candidato de si mesmo. Para o executivo (prefeito, governador, presidente), a primeira questão a ser considerada está relacionada à vez na fila, depois se a sua pretensão une o partido, ou é apenas uma demonstração de força, uma bravata (esta última sempre apresenta os piores resultados).

Qual a razão deste comentário?

FHC disse na sua entrevista ao Estadão, que o PSDB deveria apostar na manutenção da sua aliança com o DEM, e não disputar com Gilberto Kassab as eleições para a prefeitura de São Paulo deste ano. A pouco menos de 10 meses das eleições, Geraldo Alckmin respondeu a FHC, que não mudará "um milímetro" a sua intenção de disputar o comando da Capital paulista. Isso agrada aos tucanos que sempre defenderam o partido tipo sangue puro, sem pensar no tabuleiro de xadrez ou na mandala.

Nas páginas amarelas da revista "Veja", o senador Arthur Virgílio manteve o tom de Geraldo, quando indagado sobre qual o melhor candidato do PSDB à sucessão de Lula, José Serra ou Aécio Neves? Para Arthur, o mais importante para o partido é que está definido que o candidato será escolhido em eleições primárias, como nos Estados Unidos. As prévias servem para testar vários nomes e definir quem tem a capacidade de unir o partido. Com a ação do PSDB na CPMF, a militância está mobilizada: "Meu nome estará nas primárias do PSDB para definir o candidato à Presidência da República", bradou Virgilio.

Realmente, tão longe das eleições, uma febre imponderável, com todo o direito e respeito que cada um dos nossos protagonistas pode ter e merecer! Que tal refletir abertamente, porque a questão foi colocada à imprensa antes de um debate interno?

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Farra no uso de cartões corporativos ?

Pelo menos uma vez por mês, a imprensa abre espaço para os recordes batidos pelo governo Lula no uso dos cartões corporativos. Parece até um Bolsa Família exclusivo para custear os serviços dos altos escalões do lulo-petismo. O governo não trata o assunto com transparência e há notícias sobre saques, por funcionários da presidência da República, de R$ 20, R$ 30 mil. Ficam no ar algumas perguntas: que serviços são esses que não podem ser explicitados? Porque a sociedade não pode conhecer as faturas com os gastos detalhados? Já imaginou um cidadão, num caixa eletrônico qualquer, sacando essa permissividade?

Os gastos são considerados sigilosos, mas, no atacado, é possível saber de algumas ações específicas – o censo agropecuário e a contagem populacional de pequenos e médios municípios realizados pelo IBGE, ligado ao Ministério do Planejamento, e atividades de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ligada à Presidência da República, antes e durante os Jogos Pan-Americanos – foram os grandes responsáveis pelo aumento no volume total e nas retiradas em dinheiro. Juntos, os dois eventos representaram gastos de R$ 40,2 milhões, que foram pagos quase integralmente em espécie. Quarenta milhões de reais!

Implantados sob o argumento de que são instrumentos ágeis, eficientes e transparentes para realização de pequenas despesas, os cartões apresentam uma espécie de buraco negro em sua prestação de contas eletrônica: a maioria dos gastos é feita a partir de saques em dinheiro. Como ficam os gestores que se especializaram em procedimentos burocráticos de compras por meio de pregões eletrônicos e certames licitatórios que observam obrigatoriamente os princípios da transparência e da publicidade?

Em 2007, o governo federal mais que dobrou suas despesas com cartões corporativos. O Portal da Transparência, mantido na Internet pela Controladoria-Geral da União (PGU), mostra que R$ 75,6 milhões foram gastos por intermédio dos cartões, 129% a mais do que em 2006. Se compararmos com o desempenho do Bolsa Família, o limitado e compensatório "cartão corporativo" dos pobres, veremos que a expansão desse programa social, no ano passado, foi de 14,6%. Nos últimos anos, o aumento dos gastos com cartão é crescente. Comparada a 2004, a despesas é 4,3 vezes maior.

Segundo o conteúdo deste comentário, extraído em sua maior parte de matéria publicada no jornal "O Estado de São Paulo", deste domingo, o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP) apresentou requerimento pedindo que o Tribunal de Contas da União (TCU) aumente a fiscalização dessas despesas. Para o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), que investigou na CPI dos Correios as despesas realizadas pela presidência da República, usando cartões corporativos, "são abusivas e ferem a moralidade".

Até quando ficaremos sem explicações?

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