Como era esperado, durante o seminário restrito à comissão executiva estadual do PSDB de São Paulo, no último final de semana, para debater e construir o seu Planejamento Estratégico para 2008, a comunicação partidária esteve na berlinda. Recentemente, a cientista social Lourdes Sola opinou que há um déficit de comunicação no PSDB e, por comparação, um superávit no PT. Está cada vez mais claro que o PSDB se comunica mal desde as suas raízes nos tempos em que boa parte dos seus quadros políticos estava abrigada e militava no PMDB. Esse problema detectado e reclamado por 10 dentre 10 tucanos, não se restringe às ações partidárias, mas se repete nos seus governos, apesar de se verificar hoje alguma diferença mais positiva nas políticas de comunicação de José Serra e Aécio Neves.
Quem não se lembra da afirmação e do conceito explicitados pelo governador Franco Montoro, ao assumir o governo do Estado de São Paulo, em março de 1983, eleito com 5 milhões de votos, na primeira eleição direta para governador após o golpe militar, de que a grande obra do seu governo seria a soma das pequenas obras? Naquela ocasião, Montoro definia o seu estilo, como justificativa para dar pouca importância ao quê chamava de "aparências e realizações de curto prazo e ênfase ao trabalho duradouro, com resultados significativos para a sociedade".
Sem comunicação eficiente, ainda hoje é limitado o conhecimento da ênfase ao trabalho duradouro iniciado por Montoro e consolidado por Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e Geraldo Alckmin. Tucanos, como constata a cientista Lourdes Sola, tem vergonha de se comunicar, acha que isso não é importante, e depois chora o leite derramado, quando os governos petistas se apoderam de realizações como a estabilização da economia (Plano Real), programa de aceleração do crescimento (Avança Brasil), fundo de desenvolvimento da educação e valorização do magistério – Fundeb (FUNDEF) e programas compensatórios unificados no Bolsa Família (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Vale Gás, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI).
É mais do que sabido que a sociedade precisa saber das realizações dos governos, por uma questão de transparência com o uso do recurso público, e naquela ocasião já perturbava "tucanos" a pouca importância da propaganda das suas ações concretas e duradouras. Aliás, Montoro que representava uma página virada na história, depois de governos nomeados pela ditadura, sucedera Paulo Maluf que conseguiu entrar para a história, além dos aspectos negativos da sua biografia, pelo rol de obras que conseguiu vincular exageradamente ao seu currículo político.
Abastrato nos conceitos de comunicação com a sociedade, num período da história que ainda era possível personalizar as realizações, nossos antecessores falharam na estratégia e ainda hoje esse tema é recorrente nos encontros de avaliação do PSDB e dos seus próprios governos.
IMERSÃO EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
No seminário interno da executiva paulista do PSDB, em São José dos Campos, sexta, sábado e manhã deste domingo (27), as dificuldades com o entrosamento e conhecimento das ações dos governos municipais e do Estado emergiram, como sempre. Entretanto, houve uma decisão no sentido de priorizar a questão, relacionando inclusive a necessidade da profissionalização e de maiores recuros para essa ação partidária.
Dentre as principais ferramentas para a comunicação foram relacionados os endereços virturais, portais partidários, blogs, sites de relacionamentos e de divulgação de vídeos, além de mídias impressas, da maior atenção aos espaços no rádio e da regionalização da propaganda partidária nas emissoras de rádio e televisão (no primeiro semestre deste ano). São Paulo, nesse último quesito, teve uma experiência muito bem sucedida em 2004, para a difusão das suas principais lideranças regionais, associando as suas figuras partidárias às realizações do governo do Estado e do jeito tucano de governar municípios.
Aproveito este comentário para informar aos companheiros tucanos, que fui escolhido durante o evento de São José dos Campos para ser o coordenador do núcleo de comunicação do PSDB no Estado de São Paulo, para essa nova fase da comunicação interna e com a sociedade. Tenho informações que o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, promoverá encontro específico sobre o tema, em Brasília, para a unificação do discurso, consolidação de fontes de informação e novas estratégias para a comunicação, como instrumentos de integração para superar o verdadeiro estado de isolamento da militância partidária, com as suas direções em todos os níveis, bem como dos governos comandados pelo partido. Há uma ignorância quase absoluta sobre as realizações de governos tucanos entre os próprios filiados ao PSDB.
PSDB TOTAL EM SP
Ainda no seminário interno, o presidente do PSDB-SP, deputado federal Mendes Thame, destacou que o partido inicia 2008, organizado nos 645 municípios paulistas. Plagiando um jargão que anda por aí, nunca antes na história do PSDB isso aconteceu, mesmo com os governos Mário Covas e Geraldo Alckmin.
Então, no seu Planejamento Estratégico 2008, são considerados projetos de relevância para o Diretório Estadual do PSDB e que precisam ser priorizados na execução: preparação eleitoral do PSDB nos 645 municípios; informatização do partido; nova política de comunicação e criação de núcleo específico; fortalecimento dos núcleos e secretariados estaduais; implantação do secretariado sindical; atualização do programa de governo municipal (O PSDB e o Poder Local); integração setorial (parlamentares, prefeitos, PSDB e diretórios municipais); programas fala-vereaor e cidades-irmãs com práticas bem sucedidas; formação política e difusão maior das propostas básicas do partido; implantação dos núcleos de ação ambiental e da Agenda 21; sede própria e organização das comemorações dos 20 anos de existência do PSDB.
Sobre as candidaturas a prefeitos em todos os municípios e o lançamento de Geraldo Alckmin para a prefeitura de São Paulo… Bons assuntos para comentar, depois!