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Infra-estrutura da Baixada em pauta

A explosão de visitantes à nossa região, no período de feriados compreendido entre o Natal e a passagem de ano, recolocou o tema infra-estrutura na pauta dos governos municipais, estadual e federal. Pela complexidade dos investimentos necessários e pelo grau de competências, mais que discursos alimentados pela imagem no retrovisor, as questões precisam compor uma agenda; daí, para se viabilizar as soluções é um passo concreto. Acontece que a Baixada Santista não é atraente apenas por causa do turismo.

Vale rememorar alguns fatos históricos que remontam a repetição dos mesmos erros no quesito planejamento estratégico regional. Nos anos 50, Cubatão começou a receber as primeiras indústrias, que hoje compõem um dos pólos industriais mais importantes do Brasil e da própria América do Sul. Sem estar preparado para isso, o município viu a instalação das plantas industriais aleatoriamente, com a indefinição de marcos territoriais e de leis rigorosas de uso e ocupação do solo, e de desenvolvimento econômico e ambiental sustentado. Em 1970 detinha o título de "mais poluído do mundo" e de "Vale da Morte".

Paralelamente, com esse pólo gerador da maior quantidade de empregos da Baixada, o Porto de Santos também representava muito para a região e para a economia nacional, pela sua movimentação de cargas e divisas, bem como pelo número de empregos diretos e indiretos que sustentava.

O pior dessa história é que a região sempre figurou dentre aquelas que mais atraíam o interesse da mão de obra de todas as origens, mas experimentava os primeiros problemas na sua infra-estrutura de transportes coletivos, atendimento à saúde, ocupação de áreas para habitações populares, destinação do lixo etc. Nesse período, acentuado no final dos anos 60, a busca de soluções comuns e de uma atenção maior ao planejamento estratégico foi pautada, discutida amplamente, resistida o quanto pôde, mas teve uma luz com a institucionalização da Região Metropolitana nos anos 90, pelo saudoso governador Mário Covas.

No início dessa nova etapa da vida regional, algumas obviedades: prefeitos sempre priorizavam o seu município, em detrimento da própria consciência metropolitana. A meu ver, essa consciência parece real hoje, mas ainda insuficiente para se ter uma agenda de consenso, com as presenças e participações de todas as esferas governamentais de decisão.

Atualmente é muito fácil chegar à Baixada. Aliás, acho que todos os caminhos conduzem para cá. A segunda pista da rodovia dos Imigrantes e a duplicação da rodovia Padre Manoel da Nóbrega, aliadas aos sinais de "prosperidade" com a estabilidade econômica, são responsáveis pela explosão de visitantes em busca de um paraíso turístico barato.

Quando se cobrou as autoridades do governo para a realização dessas obras, houve sempre o alerta para a necessidade das obras complementares nos sistemas viários dos nove municípios. Alguns tomaram a iniciativa por conta e limitações próprias, como é o caso de Praia Grande. Recordo-me também do então prefeito de Santos, deputado federal Beto Mansur, no segundo semestre do último ano de seu mandato (2004), que anunciou a contratação do projeto de um túnel de acesso a São Vicente pelo bairro do Marapé; nada mais além disso em Santos.

São Vicente quer, agora, passagens subterrâneas na Imigrantes, para não interromper o fluxo de veículos que entram e saem da região. Obras aparentemente simples, mas que exigirão ginásticas de engenharia, porque estão localizadas em áreas características de manguezais. E Cubatão será contemplada com um viaduto próximo ao Pólo Industrial, pelo mesmo motivo de São Vicente, garantindo o fluxo na Piaçaguera-Guarujá.

Nesse rol de planos e obras para colocar uma tranca na porta, depois que ela foi literalmente arrombada, o Litoral Sul sugere à toque de caixa a construção da estrada Parelheiros-Litoral. Então, com tantas alternativas de fuga, nem é preciso dizer que elas também significam maior facilidade de acesso regional.

"Resolvido" isso, restam a conclusão das obras do Programa Onda Limpa, do governo do Estado por meio da Sabesp, que irão sanear os municípios, saltando dos atuais 53% da coleta de esgotos para 95%; sem falar dos R$ 720 milhões que estão sendo investidos na ampliação e melhoria da captação, reservação e fornecimento de água tratada para mais de 3 milhões de pessoas que usufruem da Baixada e do Litoral Sul nos feriados e temporadas de férias.

Mas a Baixada ainda dispõe de outras fragilidades e que dependem da capacidade de investimentos da iniciativa privada e do apoio governamental para o desenvolvimento, inclusive com mais incentivos e investimentos do BNDES: a rede hoteleira, por exemplo, é uma fajutice; a maioria dos empreendimentos imobiliários está localizada em Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande; a educação profissional tem ritmo lento.

O lixo da maioria dos municípios é exportado para o Grande ABCDMR. Os transportes coletivos precisam contar com alternativas mais rápidas e integradas, inclusive focando a locomoção de passageiros em sistema ferroviário; e a estruturação dos aeroportos de Guarujá e Itanhaém, que estão prontos. O setor de saúde, por sua vez, passou a contar como prioridade do governador José Serra, que começa a impor um novo modelo de gestão dos hospitais públicos do Estado.

Enfim, se fizermos uma pausa para reflexão, há uma agenda pronta e quase óbvia. Se me perguntarem da pressa da Baixada Santista para os quesitos elencados, a resposta é fácil, diante dos sinais anunciados para o futuro: descoberta do gás e do petróleo da Bacia de Santos, construção do Superporto de Peruíbe, modernização do Porto de Santos, bandeiras verdes de balneabilidade de nossas praias; o futuro é hoje ou você tem alguma dúvida sobre isso?

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Época para lembrar e não se repetir !

O texto "Coragem ou mera chantagem", postado no último dia 8 neste blog, sobre alguns assuntos da entrevista do ex-ministro e deputado federal cassado José Dirceu à revista "Piauí", provocou comentários automaticamente publicados e manifestações de leitores diretamente no meu e-mail. Pela dinâmica da manutenção dos blogs e pelo próprio hábito, evito responder e polemizar com os participantes deste fórum democrático de leitura, opinião e reflexão. No entanto, as considerações do leitor Marco Vinícius Ferreira sobre ações promovidas nos porões do D.E.O.P.S. (DOPS), publicadas sem restrições, são brutalmente distantes das minhas convicções políticas, democráticas e história pessoal.

Minha militância histórica em defesa do estado de direito, das liberdades democráticas e de um país mais justo contrapõem à tortura e à apologia do regime instalado em 1964 e prolongado até 1985. Este blog tem a ver com a liberdade de imprensa, a pluralidade do pensamento e é um espaço bem definido para preservação de pontos de vista democráticos, nacionais e de centro-esquerda.

O ex-ministro e ex-deputado José Dirceu está numa trincheira adversária. Discordo da maioria das suas ações, mas já tivemos alguns objetivos comuns ao longo da história pela redemocratização do Brasil. José Dirceu não é meu inimigo. Não sou juiz do seu comportamento e da sua ação no governo Lula!

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Coragem ou mera chantagem ?

Aguinaldo Silva disse que se inspirou no ex-ministro de Lula e deputado cassado pelo mensalão, José Dirceu, para criar o protagonista-vilão da novela "Duas Caras". Vivendo a própria lenda e aparentemente longe das decisões burocráticas do governo, as últimas movimentações de José Dirceu conspiram favoravelmente ao perfil de homem poderoso, influente, notado e até comparado a uma caixa preta do Aerolula. Sua última entrevista à revista "Piauí" revelou um pouco de seus "arquivos" pessoais, quando mirou o PT gaúcho e disse que "apenas repetiu acusação feita pela oposição ao partido no Estado", que a sua sede "foi feita só com dinheiro de caixa 2… com mala de dinheiro".

Essas histórias ainda darão muitos panos para as mangas. Dentro e fora do PT e do governo federal, principalmente porque envolvem figuras importantes que compõem o cenário do convívio de Dirceu, inclusive do ponto de vista da intimidade do poder, na medida em que ele não excluiu dos seus comentários nem mesmo o filho do presidente da República e companheiros históricos.

Acho fundamental defender a democracia e a transparência que ela sinaliza, especialmente quando o foco é a coisa pública e os seus agentes responsáveis. A entrevista de Dirceu extrapola o quê o próprio Aguinaldo Silva reflete como o fim da censura com o amadurecimento do homem: "A gente vive muito com a questão da boa educação, de aparências, nunca fala o que pensa para não ofender os outros, sempre procura usar de todo o tato possível. Mas a partir de uma certa idade você está liberado para falar o que quiser e assumir a sua aparência física real".

O ano de 2008 mal começou e está havendo uma inversão de comportamentos na sociedade política brasileira. Sem exagero, por ironia do destino, parece que o folhetim "Duas Caras" invadiu a nossa realidade e inspira espertezas, quebra de palavra, mentiras, chantagens… Ou só fogueira de vaidades?

Lúcida e bem ao estilo "bateu, levou" a resposta da ex-senadora Heloísa Helena, por exemplo, ao juízo de Dirceu na sua saraivada de comentários foi digna, dura, pesada, que me reservo o direito de não republicá-la e evitar comentários sobre o seu mérito, indicando apenas que ela pode ser achada nos sites e versões eletrônicas dos principais jornais do país.

Cedo essa entrevista de José Dirceu. Não fosse ele quem é e sempre foi para o PT e para o próprio Lula, consideraria um brado de chantagem, delação premiada, remissão dos "pecados". Quando Dirceu anuncia que vai falar sabe-se que o Planalto treme e que o presidente Lula fica "meio contrariado".

Mas, como não há muita moral nessas histórias, vamos logo tirar uma vantagem para a sociedade brasileira: enquanto o STF cumpre os ritos para o julgamento dos 40 envolvidos no escândalo do mensalão do governo Lula, o Congresso poderia reabrir as suas feridas, mesmo com o prejuízo de continuar improdutivo na atual legislatura, completando o ciclo de investigações que fomentou maus exemplos de impunidade à Nação.

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Zum, zum, zuns…

O prefeito de Peruíbe, José Roberto Preto, faleceu na manhã de hoje no Hospital Albert Einstein em razão de complicações respiratórias. Preto encontrava-se internado na Unidade de Terapia Intensiva desde 19 de dezembro. Ele foi internado também em outubro e se recuperou. Retornou ao município, porém o quadro se agravou e teve de ser internado novamente. O velório acontece nesse momento no próprio hospital na Capital. O enterro acontecerá neste domingo, às 10h00, no Cemitério Jardim das Colinas em São Bernardo do Campo. O local fica a Rua Itaquera nº 265. A partir do Paço Municipal de São Bernardo, seguir pela Rua dos Viannas até a altura do nº 3.000.

José Roberto Preto nunca havia participado da vida pública. Frequentador de Peruíbe há mais de 30 anos e morando na cidade há sete, em 2004 decidiu ingressar na vida pública. Em seu lugar assume a vice-prefeita Julieta Omuro (PMDB), para completar o seu mandato até 31 de dezembro deste ano.

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Baixada explodiu na passagem de ano !

Na quinta-feira passada (27 de dezembro) não consegui esconder a minha surpresa e também a preocupação com o volume de veículos que tomava a direção da Baixada Santista no Sistema Anchieta-Imigrantes. O leitor deste blog sabe que fico provocando os responsáveis pela infra-estrutura regional e que, sem exercitar dotes de pitonisa, era muito fácil prever que o Litoral viveria meio angustiado os sinais de prosperidade – facilidade na obtenção de créditos, financiamento em até 84 prestações para a aquisição de carros, pagamento da gasolina com cheque para 45 dias, crise aérea reincidente, estradas de acesso de Primeiro Mundo, calor de mais de 35°C, praias "democráticas"…

A Baixada abriga umas figuras políticas e da sociedade, que são identificadas como a "turma do não". Basta você cobrar, no mínimo, mais atenção ao planejamento estratégico, e logo vem o rótulo. Por exemplo: quando as obras da segunda pista da rodovia dos Imigrantes estavam se iniciando, arrisquei questionar se os prefeitos não deveriam dar uma atenção maior ao sistema viário dos seus municípios. Deram, literalmente, de ombros.

Quando cobrava maior atenção dos gestores educacionais e sindicais pela qualificação profissional dos trabalhadores de bares, restaurantes e hotéis, investindo no turismo receptivo, logo respondiam que estava querendo fazer política "sem propor soluções" (sic). Do mesmo modo quando citava soluções metropolitanas para o destino final do lixo, tansportes, saúde…

Essas lembranças afloraram no último e prolongado final de semana, quando o sistema viário regional não suportou a quantidade de carros, provocando um verdadeiro caos no trânsito; os centros de abastecimento (supermercados, padarias e empórios) esvaziaram gôndolas e prateleiras; a coleta e o destino do lixo doméstico bateram recordes; bairros inteiros de várias cidades ficam sem água tratada…

Aliás, esse foi o tema principal da minha entrevista nesta semana ao jornalista Edison Carpentieri, no Jornal da Orla na TV, oportunidade em que resumi o problema da falta de água com a constatação de uma explosão de consumo e o reforço da necessidade de campanhas educativas para o uso racional da água, bem como da agilização dos investimentos e obras contratadas para atenuar o sofrimento da população.

O programa proporcionou uma oportunidade de falar na condição de Superintendente de Comunicação da Sabesp, que vem intensificando campanhas institucionais de comunicação para o uso racional da água, com programação que se estenderá até o carnaval. Houve ainda a chance de explicar que a Sabesp produz 9 mil litros de água por segundo, nos seus sistemas regionais, e que a superlotação regional causou a diminuição da pressão da água em muitos bairros da região, gerando a falta desse líquido precioso.

Contudo, a vinda de novos investimentos é essencial e a Sabesp tem programadas e contratadas obras para as estações de tratamento Itu (São Vicente), Jurubatuba (Guarujá) e Melvi (Praia Grande), para a estação elevatória e adutora Xixová-Ocian (Praia Grande), para  sistema produtor Mambu/Branco (Itanhaém) e para o serviço de abastecimento do Guaiúba (Guarujá), que importam R$ 370 milhões, no período 2008-2010, durante o governo José Serra.

Hoje os sistemas de produção e armazenamento de água da Baixada disponibilizam 9 mil litros por segundo para a população, como já expus. Mas, com os novos empreendimentos, a Sabesp vai ampliar essa capacidade em mais 1000 litros por segundo. Então é possível dizer que, se não houver uso adequado, quanto mais for produzido mais será consumido e a situação se repetirá sempre. A meu ver, além dos investimentos fundamentais, maior atenção à educação e à comunicação deve estar na agenda de uma região metropolitana organizada e mais responsável.

Postei este comentário para ficar registrado que não foram apenas os rojões que explodiram na passagem para 2008. Precisamos fazer alguma coisa a mais!

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IOF, um imposto sem caráter !

Quando o poeta e escritor Mário de Andrade escreveu o livro "Macunaíma, o Herói sem nenhum caráter", buscou relacionar a palavra caráter ao fato do brasileiro não possuir nem civilização própria e nem consciência tradicional. Passou longe da intenção de vincular as origens e/ou destinos do povo apenas a uma realidade moral. Então peço licença e desculpas ao meu ídolo da Semana de Arte Moderna, pelo desvirtuamento das suas intenções originais, ao colar na moral o comportamento do ministro Guido Mantega, que traduziu descaradamente o presidente Lula da Silva, ao afirmar que a sua promessa era de não promover alta de impostos em 2007 (ironizando a falta de palavra praticada na segunda quinzena de dezembro passado).

"Estamos fazendo em 2008, o quê está dentro do programado", afirmou sem nenhuma vergonha o ministro Mantega, ao anunciar o aumento de 0,38% em todas as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), incidentes nas operações de crédito e de câmbio. Nas operações de crédito das pessoas físicas o IOF será duplicado; a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) do setor financeiro será aumentada de 9% para 15%.

Qual a moral dessa história? A desfaçatez do governo Lula. Porque o governo ao perder os R$ 40 bilhões anuais da CPMF alegava que o Sistema Único de Saúde (SUS) seria o maior prejudicado por culpa da oposição, que o impediu cândidamente de repassar mais R$ 24 bilhões para o setor e que, "entre outras coisas, todas as crianças das escolas públicas passariam a ter consultas médicas regulares". Agora, com a estimativa de receitas com o IOF e o CSLL, da ordem de R$ 10 bilhões, curiosamente não há a previsão de um vintém para a saúde.

Com essa nova conduta da equipe econômica, além da saúde, perdem também os funcionários públicos federais com a suspensão de aumentos salariais; os novos concursos públicos para carreiras funcionais; os "investimentos dos três Poderes", como se Lula pudesse intervir na autonomia de gestão financeira do Legislativo e do Judiciário; e os cidadãos que, na maré de "prosperidade", tomaram dinheiro emprestado dos bancos e mergulharam confiantes nos crediários e no consumo, agora pagam mais caro por eles.

Esse governo pratica o confisco, na medida em que o maior ônus ficou mesmo por conta da pessoa física. Com a CPMF, o cidadão pagava a alíquota de 0,38% sobre as suas movimentações através de cheques. O IOF radicaliza a cobrança do cidadão, tomando-lhe diariamente 0,0082%, além dos 0,38% de incidência única.

Falta sinceridade do governo ao não explicar a sua explosão de caixa, que indicou no ano passado um excesso de arrecadação superior a R$ 60 bilhões, portanto bem superior aos R$ 38 bilhões que alega necessidade de recompor com o fim da CPMF. Seus olhares estão desviados da lição de casa, apontada por unanimidade no parlamento, da necessidade de realizar cortes de gastos do Executivo.

Em 2006, a chantagem lulo-petista não esgotava a tentativa de colar na oposição a responsabilidade pelo risco às suas três principais ações, que coincidentemente foram renomeadas do governo FHC: a estabilização econômica e o controle da inflação (Plano Real); a Bolsa Família para as camadas sociais situadas abaixo da linha da pobreza (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Vale Gás e PET – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil); e o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC que pretende transformar o Brasil num canteiro de obras (Avança Brasil).

Em minha opinião, o IOF faz a alegria da Federação Brasileira de Bancos – Febraban e dos banqueiros, que já esfregam as mãos esperando pelos novos custos cobrados dos seus correntistas de todas as origens sociais.

A bola e a palavra estão com os parlamentares – deputados federais e senadores – e reforçam o debate político. O parlamento e os partidos de oposição, pelo visto, cumprem o papel de ir às últimas consequências para tentar barrar essa falta de rumo. É impossível que uma questão nacional continue tratada como uma mera atitude de revanche por um mau perdedor. Está chegando à hora de construir um projeto consistente para negar frontalmente os arremedos de governo, porque o Brasil tem caráter!

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Estarei na TV Jornal da Orla, no final de semana !

Neste final de semana, em diversos horários e canais de televisão diferentes na Baixada Santista e no Litoral, participarei como entrevistado do programa Jornal da Orla na TV, ancorado pelo jornalista Edison Carpentieri. O consumo excessivo de água no último final de semana da passagem de ano, os investimentos da Sabesp para aumentar a capacidade de produção e reservação desse líquido precioso, e os benefícios do Programa Onda Limpa de recuperação ambiental da Baixada Santista, são temas que compõem a pauta de Carpentieri, editor-chefe do Jornal da Orla. Nos finalmentes da entrevista, um pouco da articulação do PSDB regional para as eleições municipais de 2008.

Se você, leitor, estiver na região compreendida entre Peruíbe (Baixada Santista) e Ubatuba (Litoral Norte), conto com a sua audiência nas seguintes emissoras e horários onde o programa Jornal da Orla na TV é transmitido:

  • NET CIDADEantiga Vivax – Sexta-feira às 13h30; Sábado às 13h30 e Domingo às 10h30;
  • TV COM – Canal 11 – Net – Sexta-feira às 20h00; Sábado às 19h30 e Domingo às 09h30;
  • TV SANTA CECÍLIA – Domingo às 02h30 e às 12h00;
  • TV MAR / RECORD SANTOS – Domingo às 10h30.

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Poeta Narciso afinou o coro dos contentes

Perto de ganhar mais um ano para nossas vidas, o poeta santista Narciso de Andrade resolveu "desafinar o coro dos contentes", na antevéspera de 2008, para reviver seus felizes encontros e não parecer piégas diante de todos nós. Gostei silenciosamente do Narciso, admirava as suas crônicas e os poemas que somente ele conseguia publicar na Tribuna nos anos oitenta e noventa. Testemunhei poetas da cidade torcendo o nariz por causa desse privilégio, mas não os culpo, há muitos invejosos entre nós, mas não é por mal. Acho mesmo que Narciso foi para Pasárgada, embora sempre parecesse feliz aqui, porque lá a "existência é uma aventura, andará de bicicleta e tomará banhos de mar".

Conheci Narciso de Andrade através do seu amigo poeta, jornalista e meu professor de redação Roldão Mendes Rosa, em 1979, na porta do Restaurante Pop da Praça Independência, no Gonzaga. Noite sim e noite seguinte também era comum encontrar os dois conversando e rindo por ali. Haja assunto! Porque os encontrava, quase que religiosamente, por volta das cinco da tarde (por ironia no mesmo horário dos chás da Academia Brasileira de Letras), numa mesa quase penúltima do Café Paulista, no centro de Santos.

Roldão escapava do jornal A Tribuna para um café e encontrava Narciso, Dario Gonçalves e Jaime Caldas na esquina da rua do Comércio, com a Praça Ruy Barbosa, na porta do Café Paulista. Estavam sempre conversando e rindo muito. Aliás, essa é a imagem gravada na minha memória, de toda essa turma. Lí na matéria de A Tribuna, contando sobre o seu adeus (intitulada "Morre Narciso de Andrade, o poeta dos ventos e das Maresias"), o comentário do jornalista Clóvis Galvão, que reflete fielmente esse retrato da minha lembrança: "Narciso e Roldão, a dupla voltou a se reunir. Santos provavelmente nunca mais verá coisa igual, em qualidade e afinidade".

Sinto-me recompensado pela oportunidade dessa convivência tão ligeira, que me recordo de três passagens significativas para mim: a primeira, quando havia criado o Grupo Picaré de literatura e arte, Roldão sugeriu que eu lesse os poemas de Mário Sérgio (filho de Narciso), excelentes.

A segunda, quando Roldão e eu debatemos pelas páginas do jornal A Tribuna sobre a qualidade da produção poética local da época, e Narciso nos encontrou conversando no Gonzaga e se colocou à disposição para "apartar a nossa briga"; e a terceira, no dia da estréia da seleção brasileira na Copa de Futebol de 1986. Chovia e a televisão da casa da minha primeira sogra queimou. Saí em direção ao Gonzaga para comprar um novo aparelho. Não quis esperar pela entrega, carregando a tv fora da caixa pelas ruas até avistar a dupla Narciso e Roldão… Ambos "perdiam um amigo, mas não deixavam escapar a piada". Gritaram, rindo, combinados: pega ladrão de televisão! Saudade das gargalhadas que nem me lembro mais do resultado do Brasil.

Por fim, Roldão se foi e testemunhei Narciso e tantos outros amigos inconsoláveis. Nessa época mesclava a militância poética-cultural com a política partidária, quando deparei com uma entrevista de Narciso sobre a literatura regional e a nova geração de poetas, registrando uma palhinha a meu respeito:

"A primeira coisa que eles fazem é publicar o livro. A segunda é publicar o livro. A terceira é publicar o livro. Depois vão ser assessores de ministros. Como o Raul Christiano Sanchez. Ele era bom, estava começando bem. O Raul era o cabeça do movimento Picaré. Foi uma turma boa, uma turma que movimentou, que agitou a Cidade, que pôs em foco a criação literária, que não se cogitava há muito tempo em Santos. Eu tenho muito respeito por essa turma. Esse é o movimento mais recente da poesia em Santos. O Picaré, de mais ou menos 20 anos atrás. (…)" (A Tribuna de Santos, 07/02/2000).

Depois desse "encontro", revi Narciso no lançamento de seu livro intitulado "Poesia Sempre", em dezembro de 2006. Não estava em Santos no momento do seu embarque para Pasárgada, agora, "com tanto navio para partir, minha saudade não sabe onde embarcar…"

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2008 deveria ser o ano da Educação !

Quando você se dispõe a escrever ou falar sobre educação, os argumentos parecem sempre óbvios porque há uma repetição histórica dos problemas e de uma série de soluções que ficam perdidas no discurso político ou da crítica. Acontece que repetitivo ou não, é preciso reconhecer que tudo à nossa volta, principalmente no que diz respeito às dificuldades no cumprimento das metas desenvolvimentistas e de emancipação social, passa pela educação.

Uma sociedade sem educação, não é apenas um conjunto de pessoas sem formação cultural e escolar para buscar os melhores postos de trabalho e lugar ao sol. Podemos dizer que aí está situada a responsabilidade pelo atraso e pelo não aproveitamento das oportunidades (já pressinto alguns comentários fundados em doutrinas ideológicas sobre as culpas do modelo neoliberal etc; sejam bem-vindos).

O Brasil vive uma situação que poderia se dar "ao luxo" de dar saltos de quebrar recordes. Mas não consegue acompanhar a velocidade do tempo e das chances que estão prosperando todos os dias. A descontinuidade dos projetos e das gestões educacionais tem a maior culpa, a meu ver.

Recentemente a Petrobrás promoveu um concurso em Cubatão, para selecionar 934 pessoas, que receberiam gratuitamente cursos de qualificação profissional. Pasmem! 5.200 pessoas do município se inscreveram e apenas 340 passaram nos testes realizados na escola local do Senai.

Acontece que esse rio de oportunidades pode não voltar para Cubatão. Daí o dilema xenófobo ganhará defesas políticas extraordinárias, por conta do aproveitamento de moradores de outras regiões, se estiverem mais bem (ou melhor) preparados (ou educados) para essas novas necessidades do mercado de trabalho.

No rádio ouvi uma autoridade da Petrobrás comentando que o retardamento da exploração do gás e do petróleo na Bacia de Santos está associado à carência de técnicos aptos ao trabalho de prospecção em águas profundas. O resultado é o atraso, do mesmo modo em que nos deparamos no dia a dia com comportamentos erráticos de pretensos cidadãos, que não respeitam a limpeza e os próprios espaços públicos de uso comum, contribuindo para que acumulem lixo ou que sejam depredados.

É cansativo repetir que a lição de casa é do conhecimento dos gestores educacionais do nosso país. Reconheço a existência de uma convergência de objetivos e ações para melhorar a educação. No entanto, sem foco, a prioridade dessa questão é falsa. Então, porque não desfraldas a bandeira de um novo ano nacional da educação, se é para articular providências e encontrar saídas para as dificuldades óbvias do presente?

Feliz 2008, com direito a futuro!

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“Saneamento, urgência nacional”

Recomendo a leitura do artigo com o mesmo título deste comentário, de autoria da secretária de estado de Saneamento e Energia de São Paulo, Dilma Pena, que é também a presidente do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Saneamento, publicado na edição deste sábado, 29, na página 2 do jornal "O Estado de São Paulo" – ou através do link: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071229/not_imp102305,0.php . 2008 é o ano internacional do saneamento básico, instituído pela ONU, e o Brasil ainda deve muito nesse setor vital para diminuir as demandas com a saúde pública. Não tenho dúvida que o país com saneamento, jamais necessitará de outra CPMF para a manter a qualidade dos serviços de saúde.

Na abertura do seu texto, Dilma Pena assinala que "a questão do saneamento básico no Brasil é séria e requer esforços de todos os níveis de governo, da população e da iniciativa privada. A recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre saneamento e saúde confirma que o Estado de São Paulo tem a melhor cobertura do serviço".

O governador José Serra, nesta semana, esteve em Guarujá, para autorizar três novos lotes de obras do Programa Onda Limpa, do governo do Estado por meio da Sabesp, de recuperação ambiental da Baixada Santista. Trocando em miúdos, o quê significa isso? A região é uma das mais prósperas do Estado e do país, pelos seus atuais recursos e também pelas projeções futuras, com ampliação e modernização do Porto de Santos, exploração do gás e do petróleo na bacia de Santos, construção do Superporto de Peruíbe etc.

Contudo, figura entre as piores colocadas em mortalidade infantil. Hoje apenas 53% dos seus esgotos são coletados e tratados. Com o Programa Onda Limpa, haverá um salto para 95%. Isso vai influenciar na melhoria da balneabilidade das suas 82 praias, despertando o interesse para a indústria turística, que gera empregos, que valoriza os imíveis e que recebe os visitantes com saúde.

Essa medida do governo Serra é digna dos maiores elogios, mas é fundamental fazer justiça à visão do saudoso governador Mário Covas, que iniciou as tratativas para a elaboração do projeto e captação dos recursos junto ao Japan International Bank, garantindo as condições necessárias para a vontade política do atual governador, que concretiza na Baixada um desejo que se espalhasse pela prioridade de todos os governantes deste país.

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