Blog do Raul

Ecologia

Cidade rica e pobre Cidade

Ninguém pode contestar a estima da prefeita Márcia Rosa (PT) por Cubatão. Ela já demonstrou isso de muitas maneiras como moradora nascida na cidade, como professora de várias gerações de cubatenses, como vereadora e até como prefeita, embora pudesse, nessa última e atual condição, ter atitudes mais concretas para melhorar as coisas por aqui, do que declarações de amor ou discursos de ocasião.

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Afinidades com Cubatão …

Quase sempre me perguntam sobre quais as razões que me fazem cobrar tanto por melhorias nesta cidade de Cubatão. Não acreditando nas justificativas, que pontuam a justiça econômica e social, querem saber se essa atitude é eleitoreira ou é um mero exercício do discurso político da turma do contra. Ora, não sou um livre pensador, justiceiro, salvador da pátria, muito menos um franco-atirador. Quero despertar um sentimento valioso nas pessoas, de alta-estima, de orgulho de ser cubatense, que se compara com o patriotismo, e é muito diferente do bairrismo e da xenofobia, que é a desconfiança ou antipatia por pessoas de fora do município.

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Onda do pré-sal no Litoral Paulista

Os ventos da prosperidade sopram fortes na região do Litoral Paulista, desde os primeiros anúncios das descobertas de petróleo e gás no pré-sal da Bacia de Santos. Durante a campanha eleitoral deste ano, o tema foi cantado em prosa e verso, principalmente pelos estrategistas eleitorais da presidente eleita Dilma Rousseff do PT, mas a maioria do povo que sucumbiu ao seu sucesso devia imaginar que se tratava de uma graça alcançada por Lula e que o papel da Petrobrás era apenas o de encher barrís e vender mundo afora. De maneira simplista essa pode ser a forma mais fácil de explicar um acontecimento econômico que mudará o perfil de uma parte importante do Brasil, porém ainda há um longo caminho pela frente, a exigir um maior foco dos gestores públicos e privados para o planejamento da recepção dessa bonança.

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China ofende Cubatão !

Fiquei indignado na semana passada, quando li matéria no jornal “Folha de São Paulo” (22/06), classificando Cubatão como um dos “lugares mais horríveis do mundo”, num ranking elaborado pela Agência de Notícias Xinhua, da China. Ruim pela notícia falsa, pior porque foi baseada em informações dos anos 1970, divulgando que ainda hoje é a cidade mais poluída do mundo ou o “Vale da Morte”. A Prefeitura convidou os chineses a uma visita ao município, para testemunhar in loco as razões que justificam o título de exemplo de recuperação ambiental, recebido da ONU – Organização das Nações Unidas, durante a Eco-Rio em 1992.

Era o secretário municipal do Meio Ambiente, quando Cubatão viveu essa transformação. Por isso acho que os representantes na Prefeitura, Câmara Municipal, sociedade civil e setores produtivos do Pólo Industrial deveriam exigir uma retratação pública. Com a propagação desse ranking podem ressuscitar a velha imagem de cidade poluída afastada faz 20 anos.

Fiz este comentário porque a Agência Xinhua é uma instituição jornalística estatal da República Popular da China e mantém o site de notícias ( http://www.xinhuanet.com/english2010/ ) mais visitado da China e terceiro do mundo, com cerca de 800 milhões de acessos diários. As notícias veiculadas por eles repercutem porque eles têm a fama de garantir por uma questão de princípio, o compromisso com a realidade, objetividade, justiça e oportunidade.

Esse princípio foi desconsiderado e a Xinhua deve desculpas a Cubatão. Para conhecer melhor o tratamento da cidade basta digitar “Cubatão” e buscar as suas notícias relacionadas, vendo logo ilustrações de um cadáver cheio de formigas e do Pólo Industrial tomado pela fumaça “poluente”. “Ignoram” que há outra cidade após o programa de controle da poluição iniciado durante o governo Franco Montoro e concluído no começo dos anos 1990. E agora o Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, que atende às pessoas que vivem desde os anos 1930 nos chamados bairros Cota, removendo-as para áreas urbanizadas e seguras.

No texto de apresentação dos “lugares mais horríveis do mundo”, a Agência Xinhua introduz o ranking assim: “Em nosso grande mundo, há também cidades horrendas, habitadas por uma subcultura de poluição, pobreza e gângsteres. Aqui, você vai descobrir alguns dos lugares mais poluídos e violentos”. Em seguida eles listam duas cidades brasileiras: o Rio de Janeiro, pelas suas favelas, e Cubatão, por causa da poluição e das péssimas condições de vida, ao lado de Dharavi (Mumbai, Índia), Tchemobil (Ucrânia), Mogadíscio (Somália), Dzerzinsk (Rússia) e comunidades pobres do Quênia, Zâmbia e do Camboja

Essa matéria faz parecer que os “colegas jornalistas” chineses da Xinhua ignoram as suas próprias mazelas. Sem querer consolar a comunidade cubatense, um dos mais importantes institutos americanos especializados em poluição, o Blacksmith com sede em Nova York, aponta duas cidades chinesas entre as dez mais contaminadas do planeta – Linfen e Tianying, excluídas das mais “horríveis”. O Brasil deve ser respeitado pelas suas conquistas e mudanças. Não é possível aceitar que, por causa de uma política externa ideologizada do atual governo federal do PT, condescendente com ditadores, Cubatão fique sem essa reparação!

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Golfo do México x Bacia de Santos

A catástrofe ambiental provocada pelo vazamento de óleo no Golfo do México apavora Barack Obama, que não consegue controlar essa situação, e todos quantos residentes no continente americano pelas consequências sem precedentes mundiais. O tempo está passando e são evidentes as dificuldades da maior potência do mundo controlar o quê se passa a 1.500 metros de profundidade. Mas esse acontecimento tem caráter educativo e deveria alertar os responsáveis para ações preventivas com investimentos nas melhores opções de segurança para uma indústria que é gravemente insegura. São muito claras as lições do Golfo do México para o que está por vir da Bacia de Santos.

O primeiro passo do atual governo federal, por meio dos seus ministros e dirigentes da Agência Nacional do Petróleo e da Petrobrás, foi anunciar a descoberta das jazidas de petróleo e gás na Bacia de Santos. Esse acontecimento trouxe para o Brasil muita esperança para a sua estabilidade financeira num futuro próximo, proliferando planos de utilização desses recursos daqui para as próximas décadas. No passado recente a Petrobrás comemorava a sua auto-suficiência, e agora com o início da exploração das riquezas sob a camada do pré-sal quem se prepara para esse salto é o próprio país.

Vivemos na região metropolitana da Baixada Santista, inserida no Litoral Paulista, que já recebe os primeiros sinais da anunciada prosperidade, mas que pouco ainda sabe do ônus dessa movimentação presente e futura. Todas as análises indicam para o aproveitamento dos dividendos da exploração e comercialização dos volumes prováveis sob a camada do pré-sal e para as medidas essenciais da convivência com o novo mundo técnico e industrial dos produtos da descoberta.

Estima-se que a camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhões de metros cúbicos de gás e óleo. Para essa extração, ainda perdura uma grande polêmica sobre a tecnologia que será utilizada e sobre os recursos técnicos para retirar o óleo de camadas tão profundas. O campo de Tupi, como exemplo, está a 300 quilômetros do litoral, a uma profundidade de 7.000 metros e sob 2.000 metros de sal. Portanto, a 7.500 metros além das jazidas do Golfo do México.

Essa é mais uma preocupação para o debate econômico do Brasil, que hoje discute no Congresso Nacional o sistema de partilha e a utilização dos seus recursos financeiros, mas ainda não possui um planejamento compartilhado com as cidades litorâneas para a expansão urbana com a previsão de infra-estrutura que assegure a qualidade de vida da população e programas continuados de qualificação de mão de obra que indica para a contratação de pelo menos 240 mil técnicos, sem falar das demais cadeias produtivas e de prestação de serviços.

Uma longa e importante entrevista do biólogo marinho americano Richard Steiner, ao caderno “Aliás” do jornal O Estado de São Paulo deste final de semana, contribui muito para os cuidados que o Brasil deve ter na hipótese de um acidente, como a explosão da plataforma da British Petroleum ou BP, no Golfo do México, há dois meses: “Antes de furar a camada pré-sal, que se pense em tudo. Do funcionamento das travas hidráulicas ao custo oculto do petróleo”. Enfim, um tema na contramão da busca de alternativas energéticas, das mudanças climáticas e de vidas saudáveis, num mundo que poderia se recuperar com maior foco na sustentabilidade e em harmonia com a natureza.

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