Blog do Raul

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Partido pode. Idéia “nanica” não pode !

Há correntes de pensamento contrárias à existência de partidos "nanicos", legendas que têm representação mínima ou quase nenhuma. O Congresso Nacional poderia decidir sobre isso, com a chamada cláusula de barreira, limitando a sua existência ao número de parlamentares federais eleitos, mas preferiu ignorar qualquer condição para a sobrevivência deles. Para mim é indiferente, desde que tenham bem definidas as suas orientações ideológica, doutrinária e programática. Inaceitáveis são as "idéias nanicas", vazias ou insubsistentes, dos partidários de legenda de qualquer tamanho.

Esta reflexão nasceu em decorrência do último debate entre os prefeituráveis da Capital de São Paulo, pela TV Bandeirantes. A bancada de participantes não excluiu candidatos, oito no total – Ciro Moura, Geraldo Alckmin, Ivan Valente, Kassab, Maluf, Marta Suplicy, Renato Reichmann e Soninha -, contrariando análises recentes sobre a tendência plebiscitária das disputas. Alguns analistas apontam para a redução do número de candidatos a cada eleição, e para a aplicação ao primeiro turno das regras do segundo, unificando compromissos e tempos de propaganda gratuita de rádio e tv.

Durante o debate da Band se verificou o descompromisso da maioria dos candidatos com as estatísticas da Cidade de São Paulo. Para alguns eleitores-telespectadores, sem condição de checá-las, sobra a idéia do conhecimento da realidade do município e a interpretação equivocada de que são mais capazes para realizar programas que resolvam os problemas locais. Mas ficou claro, que independentemente dos números colocados, há candidatos bem posicionados sobre as soluções e da necessidade de analisar o poder local sob a ótica do relacionamento com os governos José Serra e Lula da Silva.

Pelo que tenho lido sobre as interpretações da Justiça Eleitoral, as opiniões pela Internet estão limitadas a considerações gerais. No caso dos candidatos, o debate deve se restringir à página virtual de campanha. Vasculhe os sites de buscas e conheça milhares de opiniões além do quê está mais escancarado. A imprensa repercutiu o debate comparando os desempenhos e registrando o despreparo de dois representantes de partidos nanicos, Ciro Moura e Renato Reichmann. Realmente é preciso ter muita cara-de-pau para se apresentar numa disputa da importância da maior cidade do país, e promover uma hemorragia de achismos e de idéias mínimas.

A democracia proporciona campeonatos nacionais, com direito de participação de todas as legendas partidárias, porque essa é a regra atual. No entanto, uma reforma política que poderia reorientar também o processo eleitoral, qualificando melhor os debates, é desdenhada. O desejo de elevar o debate, passando a limpo a vida pregressa e o preparo dos candidatos, para oferecer tranquilidade em relação à confiança de nossos destinos e à competência no enfrentamento da difícil tarefa de gerir a coisa pública, não pode ser omitido.

Debates como o da Band reforçam o alerta para que os eleitores não se apequenem com as idéias absurdas ou nanicas de fundamento. Longe da elitização das campanhas, porque essas, pelo abuso do poder econômico ou pelo forjado manancial de idéias, também não sensibilizam; mas perto da realidade, da sinceridade e da forma mais séria de ver a verdadeira função do homem ou da mulher que se dispõem cuidar do seu município, seus problemas, soluções, desenvolvimento …

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Cuil, outro Google ! E cuil.com.br ?

Nasceu no Vale do Silício, na Califórnia, um site de busca rival do Google, denominado Cuil – www.cuil.com – que, segundo os seus criadores, terá um número de páginas indexadas três vezes maiores que as catalogadas pelo site que tem a marca mais conhecida do Mundo. Naveguei um pouco para conhecer esse novo mecanismo de busca e logo achei uma versão brasileira da nova descoberta – www.cuil.com.br – que também afirma dispor de tecnologia que permite a indexação de milhões de páginas de informação, com a missão de oferecer a todos o melhor sistema de busca de informações para nosso País, mas parece propaganda enganosa. O domínio Cuil no Brasil é da Microkids Informática, de Mairiporã. O americano pertence a ex-funcionários do Google, vizinhos da Microsoft. Essa história pode render alguns dólares aos brasileiros, mas atrasará uma versão ".com.br" com as inovações dessa nova ferramenta global.

O Cuil (pronuncia-se "cool", expressão em gaélico que significa "conhecimento") foi criado pelo casal Tom Costello e Anna Patterson, ex-funcionários do Google, com a ambiciosa estratégia de superar a marca histórica de 1 trilhão de links para páginas na web. Por enquanto sobressaem as intenções dos idealizadores, que apontam também a vantagem do seu novo sistema em vasculhar regiões da internet não alcançadas pelo Google, tendo indexado 122 bilhões de páginas da internet, supostamente três vezes mais do que o número coberto por seu concorrente de maior porte.

Tentei algumas buscas de assuntos e personalidades nacionais, mas o Cuil como toda ferramenta nova apresentou mensagens de erro e panes. Ele é totalmente em inglês e, dependendo do tema, nos leva a sites de imagens sem uma porta de saída. Mas os resultados buscados aparecem na tela organizados em três blocos, como uma enciclopédia Barsa.

No próprio Google, quando o internauta digita Cuil, logo aparecem 3.220.000 resultados e os primeiros comentários sobre o oportunismo de brasileiros que nem bem souberam da novidade pela televisão, ontem à noite, e já se apressaram em registrar o domínio e a piratear uma versão nacional. Ao pesquisar a quantidade de domínios em nome da Microkids Informática, que aparece como a detentora do Cuil ponto com, ponto br, no site www.registro.br , ela somava 358 sobre os mais variados assuntos. Como disse no início, a Microkids publicou a "versão nacional" do Cuil, mas a capacidade de pesquisa não condiz com o quê se apresenta. Fica a certeza de que essa empresa nacional, que não domina o próprio microkids.com.br, agiu como tantas congêneres que sobrevivem do comércio de domínios, por causa da ineficiência no controle dessas concessões.

Experimente o Cuil – www.cuil.com .

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LLX do Porto Brasil lembra MSI do Corinthians …

Postei em 18 de outubro do ano passado, um texto intitulado "Parece ‘Second Life’, mas Peruíbe pode ter um Porto!"https://blogdoraul.com.br/128/parece-second-life-mas-peruibe-pode-ter-um-porto/ -, comentando sobre o anúncio da construção de um moderníssimo porto no município de Peruíbe, a 70 quilômetros de Santos. Agora há pouco lia matéria de capa da revista Carta Capital, com o título "O Tropeço de Eike", contando sobre a investigação da Polícia Federal, denominada "Toque de Midas", que pode colocar em risco o sonhado salto de desenvolvimento econômico do Litoral Sul paulista, justamente porque com os negócios sob suspeita, as empresas do Grupo EBX perderam 10 bilhões de reais em menos de duas semanas.

De todos os comentários que já postei neste blog, esse de outubro passado foi o que provocou o maior número de comentários – 111 até às 22h20 de hoje. O tema é presente e polêmico, porque imagino que os internautas ao buscarem informações sobre o Porto de Peruíbe visualizam o meu post e reacendem os debates. Vejo a evidência deste blog, nesse assunto, com muita curiosidade, pois os desdobramentos desde o anúncio dos investimentos bilionários (em torno de R$ 5 bilhões), à perspectiva da geração espetacular de empregos (10 mil postos diretos de trabalho), aos estudos de impacto ambiental, à retirada de uma aldeia de índios Guarani, à mudança do plano diretor e de zoneamento costeiro da região de Peruíbe, até os questionamentos do Ministério Público Federal na Baixada Santista, como um alerta para a necessidade de acordar antes que o sonho se transforme num pesadelo irremediável.

A Operação Toque de Midas nos permite uma conexão com a história da desmoralizada e desmascarada parceria MSI/Corinthians. Faz quatros anos, o clube paulista recebeu um presentão duvidoso com investimentos aparentemente sem fim, gerenciados por um gerente iraniano Kia Joorabchian, que seduzia corintianos com a montagem de um verdadeiro time dos sonhos. Kia era tratado como um Deus, por uma nação torcedora que ama o clube e agora amarga disputas na segunda divisão do futebol brasileiro. Com todo o respeito, mas não soa estranho empresas ou organizações, aparentemente sem nome e sem sentido, identificadas por siglas que nada dizem respeito às suas atividades, como MSI, EBX, MMX, OGX, MPX, LLX, XPTO, PQP … ?

Peruíbe e a Baixada Santista não podem se tornar vítimas de um embuste. O velho ditado de quando a "esmola é muita até o Santo desconfia", cabe muito bem nesses casos de investimentos volumosos, cujas origens não são bem explicadas. E a primeira reação, quando se constrói uma análise crítica sobre a possibilidade dessa região prosperar, é rotular primeiro, de "turma do não", quem busca seriedade e responsabilidade para um desenvolvimento seguro, de verdade.

Na matéria da Carta Capital, escrita pelos jornalistas André Siqueira e Gilberto Nascimento, há uma definição do empresário Eike Batista, o Midas do Porto Brasil de Peruíbe, como alguém que carrega consigo a fama de transformar em ouro as atividades em que se envolve, como o célebre rei da mitologia grega: "Quem o conhece melhor diz que o verdadeiro talento de Eike não é o de extrair do solo o valioso metal. Ele ganha mais dinheiro ao vender o mapa da mina. E fez bilhões ao convencer grandes investidores e grupos … … de que é capaz de acertar em cheio os grandes veios de ouro, de minério de ferro, petróleo …" … portos faraônicos.

Investimentos, empregos e desenvolvimento são bem-vindos, mas não a qualquer preço. Ao visitar o site da LLX – www.llx.com.br – o leitor terá oportunidade de constatar um rol de intenções grandiosas para a região Sudeste do país, com a construção de dois super-portos – do Açu (São João da Barra, RJ) e Brasil (Peruíbe, SP) e um de porte médio – Sudeste (sem menção do local). Continua parecendo uma viagem ao site do Second Life, mas com uma carga especulativa, além da fantasia, nessa história. Quem vai comprá-la ? Será que a Baixada merece viver o risco de uma nova e explosiva decepção ?

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Mordeu pitbull, virou notícia !

Quase todos professores de comunicação exemplificam aos seus aprendizes que existe uma máxima no jornalismo que diz: "se um cachorro morde um homem, não é notícia, mas se um homem morde um cachorro, é notícia". Quando ouvia isso achava meio sem graça, mas faço o registro da notícia que lí hoje na Folha de São Paulo sobre o Gabriel Alexandre da Silva, um menino de 11 anos de idade, que mordeu um cão pitbull e se livrou do ataque animal em Sabará (região metropolitana de Belo Horizonte). Os professores sempre têm razão, mas acho que a mordida em um pitbull, de perder um dente, mereceria uma página inteira, pela proeza !

Faz 10 anos presenteei meus filhos com uma cachorrinha poodle-mini, que eles batizaram de Xuxa. Hoje ela está completamente cega e sobrevive no meu apartamento em Santos, porque desde a sua chegada foi uma alegria para a minha família e nunca se atreveu morder alguém, além de latir quando ouve rojões no meu bairro.

Tenho amigas e amigos que participam ativamente de entidades amantes e protetoras de animais, principalmente de animais abandonados. Mas nunca ví, na banquinha montada por eles no comércio do Gonzaga, um pitbull com cara de cachorro caído de caminhão de mudança. Pitbull para mim é um estado de espírito, que faço questão de me manter à distância.

A família do menino mineiro mantinha o seu cachorro de cara esquisita entre as crianças. Era, segundo a avó de Gabriel, um cão "manso e meigo", que nunca havia atacado ninguém. Mas pitbull tem cara de traíra e um dia mostrou a sua personalidade, revelada sempre graças ao número de vítimas fatais. O pitbull é um dos cachorros noticiados quando morde alguém, pela violência da sua atitude, quase sempre envolvendo crianças, idosos e mulheres.

Ele contradiz a máxima do jornalismo, mas com o Gabriel ele garantiu a verdade dos meus professores, numa mordida salvadora da própria vida. Imagino que com este post tenha respondido porque não gosto do tipo pitbull, animal violento que não revela as suas intenções e que não respeita o próximo ! Acho apenas que o Gabriel poderia ganhar muitas primeiras páginas, porque ele é uma notícia sobrevivente.

Xô, pitbull !

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Hora de perceber os candidatos …

Quem percebeu o início das campanhas eleitorais nos municípios ? Não há clima nas ruas. Dizem que é por causa das regras rigorosas dos tribunais e pela falta de dinheiro dos candidatos. Justo as eleições deste ano, que em tese são as mais importantes, porque o poder e a gestão locais interferem diretamente em nossas vidas, com as possíveis soluções urbanas proclamadas pelos pretensos futuros ocupantes das prefeituras e das câmaras de vereadores. Observa-se que a sociedade está com um pé atrás em relação a muitas figuras políticas e públicas, num momento em que se exige participação, envolvimento.

Estimula participar também pelas chances maiores que temos de levantar o cartão vermelho para alguns dos candidatos. A decisão da Associação dos Magistrados do Brasil de expor a lista de políticos com fichas sujas ajuda bastante. Essa questão enfrenta o contraditório sobre a condenação dos "sujos", porque muitos deles figuram entre os incriminados em processos sem sentença definitiva. Mas é válida a iniciativa da AMB, porque ela permite aos eleitores a chance de conhecer a ficha judicial de candidatos, apesar do próprio Supremo Tribunal Federal anunciar que não pode impugná-los, com o cumprimento estrito da lei.

A imprensa passou a dar cobertura resumida para a divulgação das idéias e propostas dos candidatos, devido às investidas da Justiça Eleitoral contra veículos como a Folha de São Paulo e a Veja. Desse modo fica difícil perceber uma candidatura, se ela nem pode apresentar o seu conteúdo.

Interpretações judiciais à parte, vale seguir, antes da escolha, a receita de se informar sobre a vida pregressa dos candidatos e sobre o seu grau de verdade quando elenca as suas prioridades municipais. Contudo, quantos eleitores se dispõem a checar os antecedentes, a natureza do pensamentos e as intenções dos candidatos ?

Fala-se, e muito, acerca das regras rígidas para se disputar uma eleição, mas pouco se comenta sobre as condições econômicas desiguais de muitas campanhas. Li sobre casos de candidatos que conseguem transformar as suas prestações de contas, obrigatórias ao final da disputa, numa peça de ficção contábil.

Ficar atento aos candidatos gastadores, no mesmo cenário de comitês financeiros desesperados porque não conseguem um caminho para obter doações, é outra receita. Nesse quesito, as eleições americanas devem causar uma inveja danada, quando são reveladas as somas arrecadadas pelos seus presidenciáveis. A Internet lá pode ser utilizada livremente, aqui o espaço virtual é limitado a um sítio ponto can, que fica parecendo uma chácara de condomínio fechado, com aqueles muros altos e indevassáveis.

Será que ainda é cedo para perceber os candidatos ? Sem campanhas visíveis, exceto nas Capitais brasileiras, e com a escassez ética que se espalhou na vida política do país, resta mesmo um longo caminho para refletir e garantir a melhor escolha, enquanto os candidatos fazem o corpo-a-corpo para nos convencer. Sugiro uma reflexão coletiva enquanto há tempo. Depois, sem qualquer tipo de pressão, escolher aqueles que podem honrar e renovar com os nossos votos !

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Unidade partidária em questão !

Diariamente sou provocado por leitores e amigos sobre a infidelidade partidária, com o exemplo ilustrado pelas "duas candidaturas tucanas" para a Prefeitura de São Paulo. Não hesito em responder que o PSDB tem um candidato a prefeito, Geraldo Alckmin, que não estará em vôo solo na eventualidade de um segundo turno, porque o DEM é um aliado histórico e os dois caminharão unidos nessa hipótese. As pesquisas atuais colocam Geraldo no segundo turno e a meu ver será confirmado no desenrolar da campanha, mesmo com as pré-avaliadas dificuldades em sustentar dois blocos políticos com idênticos programas de governo. A candidata do PT sorri desse cenário, apostando no conflito.

Geraldo Alckmin já afirmou que não considera Gilberto Kassab como adversário. Também classificou como irrelevante a adesão de tucanos ao candidato do DEM. Mas é desconfortante ver as fotografias de uma reunião, ontem, de Kassab com tucanos históricos que optaram pela permanência no seu governo e já revelaram a sua opção pela reeleição do prefeito. Ninguém esquece do fato de que o PSDB nasceu em 1988 e conquistou o seu próprio caminho, entregando os cargos que ocupava nos governos do PMDB de São Paulo (Orestes Quércia) e do Brasil (José Sarney), para inspirar a célebre frase-recado de Franco Montoro: "longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, nasce o novo partido".

A campanha eleitoral deste ano representará um divisor de águas para o PSDB. Ela obtém tamanha repercussão, porque registra a disputa da maior cidade do país, com o envolvimento direto de um ex-governador e ex-candidato a presidência da República pelo partido. Não há maiores considerações das principais lideranças tucanas sobre as disputas em capitais como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Fortaleza, onde não se registrou qualquer empenho para a apresentação de candidaturas próprias. São Paulo é um caso à parte ?

São Paulo é um caso em que a aliança PSDB-DEM produziu efeitos importantes, mas que não evitará seqüelas e ações futuras de cobrança da fidelidade partidária. A Comissão Executiva Estadual do PSDB-SP, em Comunicado Urgente subscrito pelo seu presidente, deputado Mendes Thame, pelo secretário-geral César Gontijo e pelo presidente do Conselho Estadual de Ética e Disciplina Partidária, Roberto Tamura, reforçam que há duas boas novas para o partido em 2008: "A primeira é a perspectiva bastante realista de elegermos a maior bancada de prefeitos e vereadores da história do PSDB de São Paulo. A segunda é a instituição legal da fidelidade partidária, não havendo como separar uma da outra".

O quesito "fidelidade partidária", após a homologação da candidatura de Geraldo Alckmin pela convenção municipal do PSDB, mais que uma postura de partido, torna-se uma exigência jurídica em confronto com o posicionamento político que divide a disputa neste primeiro turno. Não há dois candidatos tucanos, mas dois candidatos de tucanos ! Isso não parece inteligente. Essa equação pode levar a um resultado desagradável, porque gera uma péssima interpretação sobre a integridade de princípios partidários de fidelidade e lealdade aos companheiros de partido.

O espetáculo de um tribunal para os infiéis, não é o melhor programa para militantes com uma conduta histórica consagrada e vencedora. Chamo a atenção para algumas reflexões naturais diante desse verdadeiro imbroglio. Não creio que esses movimentos políticos ocorram despreocupadamente com as suas consequências. Não acho possível sublimar uma derrota em São Paulo. Há tempo para considerar as melhores estratégias de unir prá valer e de parecer unidos, pois sobrarão energias necessárias para uma vitória num segundo turno, sem mais constrangimentos.

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“Sucesso” da PF garante férias a Delegado .

Não é curiosa a notícia que circulou agora à noite, sobre as férias do delegado Protógenes Queirós, uma semana após a notoriedade conseguida com as prisões de poderosos na Operação Satiagraha da Polícia Federal ? As justificativas do ministro da Justiça, Tarso Genro, de que Protógenes trabalhara quatro anos nas investigações e que todo delegado após 10 anos de serviços tem de fazer um curso de reciclagem, batem de frente no espetáculo da "insubordinação" no Judiciário, do foro privilegiado para banqueiros e dos cadáveres insepultos do mensalão durante o primeiro governo do presidente Lula. Não atirem, ainda, a primeira pedra !

Com os investigados livres dos cárceres, uma ação em cadeia motivou "férias" do ministro-presidente do STF, Gilmar Mendes, do delegado Protógenes e também do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, logo após reunião no Palácio do Planalto com o presidente da República. Parece evidente que o coração do PT foi tocado, nesse novo escândalo, com a divulgação dos diálogos havidos e ouvidos por todos nós, entre o chefe do gabinete pessoal do presidente, Gilberto Carvalho, e o ex-deputado federal petista, Luiz Eduardo Greenhalgh, compartilhando informações sigilosas da operação policial.

Esse desfecho é preocupante e reforça a tese da fragilidade institucional. O Congresso Nacional não dá um pio sobre o assunto, exceto as manifestações da semana passada, sobre a chamada espetacularização das operações da Polícia Federal, que nunca antes na história deste país, denominou e "concluiu" tantas investigações. O prende-solta-prende-solta repercutido neste final de semana compôs um capítulo da dúvida que assola o Brasil.

Agora, Lula e o STF buscam uma saída para mudar a lei de abuso da autoridade, que resiste desde 1965, porque nem o próprio regime democrático ousou modificá-la antes. Se o Congresso não consegue realizar as suas tarefas primordiais, com receio das repercussões políticas por causa das "descobertas" que batem sempre à sua porta, varrendo o entulho autoritário da nossa legislação, há que se repensar o seu papel, porque parece que, como o governo federal, não está preocupado em esclarecer e punir os responsáveis.

Parafraseando alguns comentários na blogsfera e nos espaços destinados aos leitores da imprensa nacional, cansam muito as histórias para boi dormir. Quem continua acreditando nas instituições brasileiras, se elas parecem tão desgovernadas e insensatas ?

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Preso ! Solto ! Preso ! Solto …

Parece brincadeira do noticiário, o episódio da prisão do banqueiro Daniel Dantas, que teve um de seus assessores pegos numa armadilha de um delegado federal tentando suborná-lo para evitar que o caso fosse adiante, porque lá em cima tudo seria mais fácil, leve e solto. A decisão do Supremo Tribunal Federal, por meio do seu presidente o ministro Gilmar Mendes, de soltar o dono do Banco Opportunity, foi desautorizada pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6.ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Acredito que os próximos capítulos dessa história servirão para desmoralizar e desqualificar ainda mais o estado de bagunça e insegurança jurídicas em nosso país cheio de leis, para quem mesmo ?

Costuma-se dizer no Interior de São Paulo, para identificar um sujeito poderoso, que ele é o único capaz de "mandar prender e sôrtár". Isso mexe com o ego das pessoas, porque elevam a sua importância, mas nada tem a ver com a lei e com as tramóias que esse caso da Operação Satiagraha (Caminho da Verdade ou Apego à Verdade, em sânscrito) nos apresentaram nas últimas 72 horas. Será que vai prevalecer a sabedoria popular, do gênero que "em casa onde falta o pão, todos gritam e nenhum tem razão" ? Presumo que não e acho que está mais do que na hora de chamar logo o "companheiro" Lula para botar ordem na casa.

As críticas abertas em juridiquês, entre o Supremo e pelo menos 130 juízes federais, sobre a interpretação das leis e o Estado de Direito, mesclando com acusações sobre escutas telefônicas e monitoramento do mesmo poder pela Polícia Federal, com certeza fazem com que os presos e soltos da Operação Satiagraha respirem aliviados. O povo já não consegue mais entender as motivações das prisões e as razões dos privilégios estampados como fatores de proteção a interesses excusos. Juro que desconhecia o foro privilegiado para banqueiros, apenas para oferecer mais um mau exemplo desse processo.

A foto na primeira página de hoje do jornal O Estado de São Paulo (edição das 20h50), exibindo o ministro da Justiça, Tarso Genro, ao lado do diretor da PF, com semblantes de "oh, meu Deus", durante a formatura de novos agentes e peritos criminais da PF, negando a motivação política na prisão de Dantas, atesta a dificuldade de manter credibilidade diante de acusações sérias que pesam contra ele – evasão de divisas, corrupção ativa, uso indevido de informação privilegiada, gestão fraudulenta, formação de quadrilha, empréstimos vedados, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e operação de instituição financeira sem autorização -, por causa da forma espetacular com que se desfecham as investigações.

Dinheiro público foi remetido ilegalmente em porções bilionárias para fora do Brasil, por isso mesmo parece crescer o estado de horror por parte de todos quantos fizeram negócios com o Opportunity. A ação mais recente, de parceria com Daniel Dantas, foi ilegalmente autorizada pelo Governo Lula, na venda da BrT (Brasil Telecom) para a Oi (antiga Telemar), e é relembrada por Clóvis Rossi na sua coluna da Folha, com o título de "Espetáculo sem pedagogia".

No Brasil, a cada novo escândalo, fica evidente que o próprio noticiário ensina as piores práticas de conduzir a coisa pública. O lado positivo é que a sociedade é informada e julgará a seu modo. A jornalista Andréa Michael, da Folha, antecipou em abril que essas investigações estavam em curso; as repercussões foram abafadas, mas o delegado Protógenes Queiroz quer punir essa profissional pelo seu "furo".

Você, leitor deste blog, mandaria prender de novo ? No momento em que você lê este texto, as evidências dos crimes anunciados tendem a desaparecer …

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9 de Julho: todos desfrutam, poucos sabem por quê !

Heroísmo, coisa fora de moda?

Hoje é feriado em todo o Estado de São Paulo, em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932. Muitos se lembram do assunto, por causa do dia de descanso, mas poucos sabem da importância desse acontecimento na história do Brasil. A explicação desse fato funciona como mais um torpedo contra o modelo educacional brasileiro, que enfatiza menos as efemérides com heróis locais e regionais, e passa a ser responsável pelo sepultamento de glórias das quais as últimas gerações poderiam se espelhar para mudar situações políticas, econômicas e sociais no presente e no futuro. Respeitar a história real é essencial na formação das nossas crianças e cidadãos, que tendem a se lembrar mais de ídolos na música, telenovelas, futebol e até dos personagens nefastos do parlamento, de governos corruptos e do crime organizado.

Há uma inversão de valores, que precisa ser combatida. Vivemos um processo cultural de memória fugaz, que não valoriza movimentos autênticos nos livros de história e nos programas curriculares das escolas. Um povo sem referenciais históricos é um povo que não vai demonstrar o seu amor à Pátria, lutar por ela quando for preciso, a exemplo do povo paulista que participou do movimento constitucionalista de 1932, em defesa das liberdades democráticas e de uma constituição para o país, durante uma fase provisória e impositiva do governo Getúlio Vargas.

As forças militares e da sociedade paulistas foram derrotadas no campo de batalha, pelos exércitos federais. Desse levante histórico e bem posicionado para o Brasil, este Nove de Julho relembra a importância dos heróis paulistas, em especial os jovens que enunciaram o reconhecimento do movimento MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) que lutaram e morreram pelas causas reconhecidas por Getúlio dois anos depois, garantindo liberdade, voto secreto, voto feminino, eleição livre, independência dos três Poderes, retorno da Federação, Constituição, sinônimos de um regime democrático e de respeito à pluralidade de idéias e ações conseqüentes.

A seção Tendências e Debates da Folha, em sua edição de hoje, estampa um artigo profundo do governador José Serra, que constanta a relevância menor e o esquecimento dessa passagem, resumida a atos desprovidos de sentido, quando na sua infância e adolescência eram muito presentes. Os assinantes da Folha e do UOL podem acessá-lo: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0907200808.htm. Acho importante também, para reavivar esse momento histórico, a iniciativa do sociólogo Roberto Gonçalves, que pelo terceiro ano consecutivo promoveu a Caminhada 9 de Julho, que cruza o Estado de São Paulo, sendo recebida e saudada pela população, que a bem da verdade também sabe pouco do porquê, mas que deixa a impressão de que nem tudo está perdido.

Não somos mais um país jovem e ignorante, feito apenas de imigrantes e desbravadores. Somos uma Nação com 140 milhões de brasileiros que precisam cultuar a sua história para a manutenção da sua identidade e tudo mais que pode vir na sua esteira.

Devemos, acima de tudo, reverência (consciente) aos nossos heróis de fato, senão teremos eternizado apenas mais um conveniente e prazeroso feriado no meio da semana.   

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Polícia do Rio julga e mata !

Desgovernada, a polícia do Rio de Janeiro "criou" o seu próprio tribunal nas ruas. Se espelhando na Tropa de Elite, que ganhou notoriedade no cinema, irracional, despreparada e com medo, ultimamente essa polícia anda metralhando a própria sombra, como fez contra uma mãe e duas crianças na Tijuca. Um absurdo, que choca o Brasil pela insegurança diante de um Estado que se mostra incompetente, quando deveria garantir a sua responsabilidade com a integridade dos cidadãos e das nossas instituições.

O depoimento desesperado do pai do menino João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, baleado e morto pelos PMs cariocas, questionando sobre o verdadeiro papel da polícia, foi impressionante e sem dúvida repercutirá por muitos dias. E o comentário do secretário de Estado da Segurança do Rio, de que "faltou treinamento e raciocínio aos policiais", aceitando que foi uma ação desastrosa dos seus comandados ?

Lamentavelmente esse acontecimento no Rio pode se repetir a qualquer momento. São Paulo vem respondendo com competência maior nessa área e o governo federal paga o preço de agir apenas pontualmente, demorando para descentralizar e repassar os recursos do Fundo Nacional de Segurança aos Estados e Municípios. A questão da segurança precisa ser desburocratizada e as ações não devem se limitar ao preparo dos seus agentes. Polícia hoje também é ciência, educação, política de Estado.

Esse deveria ser, de início, o foco dos responsáveis em todas as áreas de um país, que acredita muito na sorte e por isso mesmo improvisa tanto. Ninguém improvisará um novo menino para a família do taxista carioca e muito menos outras vidas, dentre aquelas que se perdem sem piedade. Até quando vamos viver com dúvidas assim ? Chega de violência !

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