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Quando a Democracia perde para “Governismo”

Os leitores deste blog tomaram conhecimento sexta à noite, da pesquisa que apontou Lula como o dono da melhor imagem no exterior. Busquei a fonte dessa avaliação e encontrei na Folha de São Paulo, deste sábado, o resultado do estudo realizado pela ONG chilena, Fundação Latinobarómetro, que além da avaliação dos governantes da região mostrou que há uma crença cada vez maior no papel do Estado e a desvalorização da democracia como melhor sistema de governo. Explicam: a presença mais forte do Estado, com os serviços básicos fornecidos e os seus programas assistenciais, leva partes significativas das populações dos países latino-americanos a não se importar com os regimes políticos que sustentam e garantem os seus governantes.

E não se tratam de golpes, pois a sociedade foi responsável pela eleição desses governantes, porque houve a garantia de democracia nos seus países. A meu ver isso é preocupante, principalmente porque em nossa história recente, as mudanças políticas só foram possíveis graças à luta contra o autoritarismo da ditadura instalada no Brasil de 1964 a 1985, menos pela polarização que se observa em outros países por conta do confronto eleitoral entre esquerda e direita.

Nesse estudo, dos 18 países que aparecem no levantamento, apenas cinco registraram aumento do apoio à democracia: Equador, Costa Rica, Panamá, Nicarágua e Bolívia. O Brasil registrou uma perda de 3% nessa avaliação, passando para 43% no seu índice de apoio à democracia (comparação com os índices obtidos em 2006). Como é que pode acontecer isso num país que aparentemente consagra a democracia? A contradição desses números está justamente no quê podemos chamar de satisfação com a democracia, na medida em que há o reconhecimento da melhora do papel do Estado.

Se o Estado está mais presente na resolução de todos os problemas da sociedade, há que se considerar a confusão que se faz entre o papel do Estado e do governo. No Brasil dos últimos cinco anos, o lulo-petismo explica essa tendência, com a apropriação do Estado pela marca pessoal e partidária nas funções de comando e governança. Então, a presença de lideranças políticas fortes nos governos e a execução de programas nacionais eficientes, que efetivamente mostram resultados para a população garantem o reconhecimento do eleito e não do processo que confirmou a sua eleição.

Por fim, há uma justificativa que expõe com clareza a razão desse equilíbrio na região. Na análise de Marta Lagos, diretora da Latinobarómetro, a febre de reeleições, a internacionalização das campanhas, a mudança da agenda política e econômica, o surgimento de novos projetos políticos, a renovação de elites e lideranças, o surgimento de maiorias aparentes e o clima de campanha perene, alimentam e consolidam esse fenômeno, que não deixa de ser ignorante, do ponto de vista educativo para a política e pela preservação de democracia.

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Rodízio de carros, idéia para Santos ?

Todos os caminhos levam a Santos. Essa afirmação não está restrita ao "quase perfeito" Sistema Anchieta-Imigrantes, mas aos atrativos que Santos oferece hoje, de cidade bem organizada, limpa, segura e com excelentes perspectivas para o futuro, com o saneamento básico da região, a recuperação do Centro histórico e as "descobertas recentes" do gás e do petróleo, por exemplo. Mas essa mesma Santos já não suporta o grande volume de carros a circular pelas suas ruas, necessitando de um sistema de transportes coletivos mais eficiente e do alerta de consciência para o uso racional dos meios individuais de locomoção. O jornalista José Guido Fré, leitor assíduo deste blog, sugere uma alternativa polêmica: "vamos discutir o rodízio?"

Guido Fré é um apaixonado por Santos. Aliás, esse sentimento vem se espalhando, como disse no início, pelas inúmeras razões que nos levam à essa opção de vida. O boom na construção civil, de apartamentos para a classe média, e a procura por conjuntos comerciais para escritórios, formam um novo retrato, além daquelas carinhas de crianças impressionadas com o primeiro contato com o mar. Santos não é apenas mar e Guido Fré pensa longe, para evitar que o caos seja instalado na sua terra.

Guido é tão apaixonado por Santos, que embora trabalhe em São Paulo, faz questão de voltar para a cidade todos os dias, assim como uma legião de santistas que ainda não encontraram uma possibilidade de emprego melhor por aqui. Por enquanto, nesse assunto, a prosperidade ainda se resume às perspectivas futuras. Milhares de ônibus fretados sobem e descem a Serra diariamente.

No texto da proposta, que pode ser polêmica, de Guido, há alguns fatores que reparto com os leitores deste blog, a começar pela geografia santista, vamos ao seu texto:

"O município de Santos possui uma área de 231,6 km². Sua área insular é de 39,4 km², de acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento. Contados alguns poucos acréscimentos devido a aterros para construção do cais do porto, ainda permanecemos com os mesmos 39,4 km² na área insular e, com alguma variação, com o mesmo número de ruas, praças, avenidas. E isto é, teoricamente, imutável.

"Sem espaço territorial na ilha, a verticalização, ou chamado "solo criado", fez crescer o adensamento populacional, bem como o desenvolvimento social e o econômico da cidade, acompanhando, nas mesmas proporções, o ritmo de outras cidades do Estado e os problemas por eles gerados.

"Acredito que o número de vias da cidade não se tenha alterado muito nos últimos 30 anos, o que não ocorreu com o número de veículos que por aqui circulam. Lembro que nos anos 80 havia uma motocicleta lacrada na cidade para cada 27,4 habitantes. Não me recordo o de automóveis, mas era algo assustador, igualando-se, proporcionalmente, ao da Capital.

"Tão assustador quanto o que se observa hoje, ao tentarmos trafegar por qualquer rua da cidade. Há 20 anos qualquer percurso de automóvel, dentro da área insular, não demorava mais do que 20 minutos. Hoje, o mesmo tempo é gasto para se deslocar da Ponta da Praia até o José Menino.

"Proliferam os estacionamentos, os "guardadores de vagas e de carros", os semáforos "burros" e os "inteligentes" (aqueles em maior número do que estes), os radares que limitam a velocidade, a lentidão dos coletivos. Enfim, o trânsito na cidade tende, em breve, a sofrer um nó górdio.

"Assim, a proposta de criação do rodízio de veículos em Santos chega num momento crítico para a cidade e, aparentemente, pode-se tornar uma solução imposta verticalmente, já que pedir, educadamente, à sociedade que deixe seu carro em casa e uso o transporte coletivo será o mesmo que pregar no deserto. O primeiro e mais forte argumento seria a ineficácia do transporte coletivo, constatada por enquête feita pelo jornal "A Tribuna".

"Aqui cabe o "dilema Tostines": Não se usa ônibus por ineficácia ou a ineficácia é causa pela falta de usuários?

"Ao estudar a adoção do sistema de rodízio de veículos tanto a Câmara quanto a Prefeitura precisam estabelecer condições ideais para a oferta de um transporte coletivo rápido e eficaz, que atenda às necessidades da população. Será necessário, também, reavaliar as vagas para estacionamento nas vias, realocação dos pontos de táxi e, principalmente, retomar a figura do cobrador nos coletivos, uma vez que em grande parte a morosidade do tráfego se deve ao longo tempo que o motorista perde ao exercer a dupla função. Ou então, colocar um vendedor de bilhetes em cada ponto de ônibus, opção esta esdrúxula, pois o número de contratados seria maior do que o de ônibus em circulação.

"Está claro que a proposta do rodízio provocará apaixonadas e insanas discussões, com os mais absurdos argumentos, como um adotado por taxistas à época da aprovação do Codigo Brasileiro de Trânsito, que obrigava o uso do cinto de segurança. Diziam alguns: "o cinto de segurança será usado por assaltantes para nos enforcar!" Nunca soube de um taxista morto por enforcamento…"

Pois é, José Guido Fré, tenho um amigo que não coloca o cinto de segurança para não amassar a camisa, e que sem dúvida resistirá tomar um coletivo até o centro de Santos. Vamos saber por aqui, o quê pensam os nossos leitores!

 

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Edital inicia privatização da Amazônia !

Quando o governo Lula resolve privatizar, ele não fica restrito à ampliação e melhoria de um serviço público, faz como nunca foi feito antes na história do Brasil, autenticamente entreguista, e a sua primeira vítima é a floresta amazônica. No começo da tarde de hoje ouvi de passagem, no Telejornal Hoje da Globo, uma chamada intrigante: "o governo começa a privatização das reservas florestais na Amazonia. Pelo edital de licitação, que acaba de ser divulgado, três empresas vão explorar a madeira e todos os recursos naturais de uma floresta nacional de Rondônia, durante 40 anos!" Ninguém mais falou sobre isso no resto do dia.

Comecei a buscar informações sobre o assunto nos principais portais de notícias, e nada; apenas encontrei matérias de um ano atrás, com exceção da própria Globo e do ministério do Meio Ambiente. A primeira delas, datada de 27 de outubro de 2006, quando tucanos acusavam Lula de querer privatizar a Amazônia e a resposta da coligação "A Força do Povo", que apoiava a reeleição de Lula, informando que entrara com recurso na Justiça Eleitoral contra o candidato Geraldo Alckmin por veicular no programa eleitoral "informações falsas sobre a política do governo Lula para a Amazônia".

Segundo documento daquela coligação lulo-petista, a afirmação era "uma mentira deslavada. Na verdade, a lei 11.284, criada pela União, possui um conjunto de instrumentos que vão possibilitar a gestão das florestas públicas. Ao contrário do que afirma o candidato tucano, ela foi criada para combater a privatização e o desmatamento da Amazônia e de todas as florestas públicas do Brasil".

Pois é, o jeito lulo-petista de governar trata as suas privatizações como concessões. Há vários anos foi assim em Ribeirão Preto, quando o então prefeito Antônio Palocci foi pioneiro em "conceder" telefônicas (ele "abriu o capital" da local Ceterp). Ou quando o Ministério da Educação (Mec) decidiu pela compra de vagas nas faculdades e universidades particulares (250 mil vagas pagas diretamente às instituições de ensino para garantir o ProUni). E, faz pouco mais de um mês, quando governo Lula lançou um pacote de "concessões" de rodovias federais. Mas ninguém imaginava que a idéia de "conceder" a Amazônia estivesse no seu bolso do colete, guardada desde a aprovação do seu projeto com direito a rolo-compressor no Congresso Nacional, acho até que Chico Mendes está se revirando onde quer que esteja.

Continuei a minha pesquisa pela Internet e trago os dois links, dos sites que trouxeram a notícia hoje, para que o leitor deste blog possa ler mais sobre a decisão do governo federal, que publicou ontem (14.11), na véspera do feriadão da Proclamação da República, o primeiro edital de licitação para privatização florestal na Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia – http://www.mma.gov.br/ascom/ultimas/index.cfm?id=3751 (site do ministério do Meio Ambiente, notícia intitulada "Sai primeiro edital para concessões na Amazônia") e http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20071115-310084,00.html (site da TV Globo / Telejornal Hoje, notícia intitulada "Privatização da Amazônia).

Curioso é o silêncio da mídia sobre o assunto, neste feriado. Curioso é o governo sempre rebater acusações de que age na prática para privatizar as florestas, enquanto o seu diretor geral do serviço florestal brasileiro, Tasso Azevedo, justifica que "víamos na Amazônia um processo de privatização à força, por meio da grilagem de terras, e que a decisão do governo Lula assegura que as florestas públicas no país vão continuar bens públicos, "não importa quem esteja explorando".

Creio que não houve, desta vez, qualquer cuidado com a reputação e à própria biografia da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), que se vê "impotente" ou incompetente para reforçar o Ibama, cujo papel é fiscalizar e vistoriar com eficiência o território ambiental brasileiro.

Quero ver a oposição e os aguerridos combatentes das privatizações de empresas públicas, não estratégicas, opinando sobre essa iniciativa verdadeiramente entreguista do nosso país.

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Lula pratica democracia de Chávez !

Há poucos dias do "por que não te calas", do rei espanhol ao coronel da Venezuela, o presidente Lula defende o estilo democrático de Hugo Chávez e o experimenta no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), demitindo quatro pesquisadores críticos da política econômica do governo. Esse contraste foi explicitado na primeira página do jornal "Folha de São Paulo", de hoje, e mereceu o seguinte comentário de Delfim Neto, economista aliado do lulo-petismo: nem na ditadura o Ipea sofreu censura.

O Ipea existe há 43 anos e é considerado um dos maiores centros do pensamento econômico do país. Apesar de estar sempre vinculado ao núcleo de assuntos estratégicos da presidência da República, porque é essencial na realização de pesquisas e estudos sociais e econômicos, no apoio técnico às ações governamentais, influenciando também na formulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento, o Ipea sempre se caracterizou pela liberdade de pensamento.

Está cada vez mais claro o autoritarismo do governo Lula, com o respaldo da aprovação popular e da sua própria sorte com o momento favorável do Brasil desde o início de 2006, sem as crises internacionais para interferir na economia e sem a oposição cega e aguerrida do velho PT. Lula não aceita divergências, veja o seu comportamento nos últimos dias em relação à revelação do voto contrário da oposição ao imposto do cheque (CPMF), inventando contradições partidárias e retaliando Estados, com a ameaça de reter repasses de recursos a que têm direito.  

São inúmeros os exemplos do lulo-petismo, que confirmam essa tendência de subordinação aos encantos ditatoriais. Ditadura não é boa para ninguém, de qualquer tendência. Assim, vale refletir sobre quem não se recorda das suas propostas de mordaça ao Ministério Público, da regulação da imprensa por um Conselho Federal de Jornalismo, das imposições políticas ao Instituto Nacional do Câncer e na diretoria de gás da Petrobrás, da substituição dos senadores Pedro Simon e Jarbas Vasconcellos na Comissão de Justiça do Senado?

Quando leio a opinião favorável de Lula sobre a democracia de Chávez e a sua defesa contra os ataques da sociedade venezuelana, contra a sua reeleição ilimitada; e quando tomo conhecimento do facão do lulo-petismo no Ipea, não resta outra pior impressão de que essa história está indo longe de mais. Seremos coniventes com a busca desbravada do pensamento único? Qual o melhor caminho, que não resulte em mais atraso? Vivas à proclamação da República, à democracia brasileira e às chuvas!    

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Quem paga a conta por mais vereadores ?

Conheço muitos primeiros suplentes de vereadores que torcem calados pela aprovação do aumento do número de vagas nas Câmaras Municipais em todo o Brasil. Revelar publicamente o seu interesse no assunto, hoje, pode causar sérios danos à reputação, porque há uma certa ojeriza generalizada aos políticos, por causa dos maus exemplos dos últimos tempos. Porém, acho justo que a população tenha uma representação proporcional ao seu tamanho e à própria importância da sua voz, na primeira instância da expressão da sua vontade junto aos poderes públicos, que se materializa na figura do Vereador.

O Congresso Nacional decidirá logo-logo sobre uma proposta de emenda constitucional que pode aumentar o número de vereadores, dos atuais 51.748 para 59.748. Para quem não se recorda, as Câmaras Municipais tinham um número maior de representantes, 60.272, e, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), houve uma redução de quase 9 mil.

A partir dessa decisão do TSE, a grita foi geral, contestando a instituição de faixas populacionais, que deveriam ser observadas à risca, mas que no Brasil era flexibilizada. O velho jeitinho brasileiro para acomodação dos interesses, principalmente políticos. Entretanto, a grande dúvida da população, e que nunca foi bem explicada, era de quanto seria a economia para os nossos bolsos, com menos vereadores.

A rigor, nenhuma economia e aumento de gastos. Sabem por quê? Porque não houve qualquer mudança nos tetos de repasses das prefeituras às Câmaras que, de acordo com a Constituição, são obrigadas ao envio de recursos orçamentários de 5 a 8%, dependendo do número de habitantes do município. A imprevisão do TSE gera a desconformidade: sem alterar o número de vereadores, o gasto era de R$ 4,9 bilhões com as Câmaras, em 2004; com o número reduzido de vereadores, hoje o gasto é de R$ 5,3 bilhões por ano. "Só" R$ 400 milhões a mais.

Outra explicação, desconfortável para os políticos, é que a redução do número de vagas possibilitou o aumento dos salários dos vereadores, o aumento do número de assessores, o aumento da frota de veículos, o aumento dos gastos gerais das Câmaras… Então, como justificar um apoio ao aumento de vagas para beneficiar os atuais suplentes e os potenciais pretendentes nas eleições municipais do ano que vem?

Realmente acho importante dispormos de uma representação política mais significativa e que expresse a opinião e os interesses gerais da sociedade, mas não há argumentos que justifiquem essa farra com o dinheiro público. Não quero pagar mais essa conta!

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Só um rei para mandar calar a boca ?

Ainda repercute o pito do rei Juan Carlos no presidente ad-sempre (sic) da Venezuela, Hugo Chávez. Hoje, pela manhã, na CBN, Arthur Xexéu disse que Chávez deve adorar a sua própria voz e por isso está sempre fazendo comentários fora de hora; como ele é um chefe de Estado, os convivas de ocasião acham graça, mas só o rei da Espanha teve a coragem de mandar que ele calasse a boca, durante a Cúpula Ibero-Americana, no Chile. Como palavra de rei não volta atrás e imaginando o sentimento do povo brasileiro em relação aos falastrões, quem sabe este comentário consiga saber dos leitores deste blog, quais personangens públicos mandariam calar a boca também.

O cala-boca do rei interrompeu críticas de Chávez ao ex-primeiro-ministro conservador espanhol José Maria Aznar, a quem chamou de fascista. O atual primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapateiro, antes do rei havia rechaçado Chávez, declarando que Aznar fora eleito democraticamente duas vezes para governar o seu país. Realmente uma saia justa internacional, que nos faz imaginar a moda pegando no Brasil, com advertências públicas às múltiplas gafes.

Nos últimos tempos verificamos muitas das nossas autoridades, falando de improviso ou de maneira estudada, às vezes parecendo que falam sem pensar ou para ser engraçado, por ironia, ignorância, grosseria e infelicidade. Quem já esqueceu do "relaxa e goza" da ministra Marta Suplicy? E do comentário do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, sobre jogarem uma galinha na ministra, quando prefeita de São Paulo: ""Seria a mesma coisa que jogar um veado em direção a um homem"?

A resposta de Ciro Gomes para justificar o papel da sua mulher (Patrícia Pillar) na sua campanha presidencial: "ela dorme comigo". De Paulo Maluf: "se está com desejo sexual, estupra, mas não mata". Do então ministro do Fome Zero, José Graziano, sobre os nordestinos: "se eles continuarem vindo para cá, nós vamos ter de continuar andando de carro blindado".

"O apagão aéreo é sinal de prosperidade do povo", por Guido Mantega (ministro da Fazenda) e "as taxas de fertilidade de mães faveladas são uma fabrica de produzir marginal", pelo governador Sérgio Cabral (Rio de Janeiro). Enfim, há farto material no Brasil para produzir um dicionário de besteirol, que renderiam boas risadas, além de umas pitadas de história que faz bem para a educação.

Enquanto tento achar um tempo para organizar um livro desses, relembro uma expressão ouvida no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte: "Você não pode dar a palavra para determinados políticos, porque eles não devolvem mais!". Então, só me resta chamar o Rei !

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Lula é o próprio “rei da cocada preta”

A confirmação da descoberta da maior reserva de petróleo e gás da história do Brasil, na Bacia de Santos, avaliada em até US$ 48 bilhões e batizada de campo Tupi, acentua o direito do presidente Lula de se gabar como o próprio "rei da cocada preta". A notícia é tão importante para o país e em especial para Santos e região, que sou obrigado a reconhecer que o momento conspira a nosso favor e que Lula regozija por isso como nunca antes na vida de um presidente da República do Brasil.

Essa informação foi amplamente divulgada e, como fato relevante, refletiu instantâneamente na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e na Bolsa de Nova York. As ações da Petrobrás subiram 14,45% no pregão de quinta-feira (8), na Bovespa, e ainda continuam especulando para cima. No Chile, como era previsto, o presidente Lula foi tratado como "magnata do petróleo", embora a produção de Tupi aconteça apenas a partir de 2011.

Fico imaginando a situação das cócegas dos deputados petistas Devanir Ribeiro e Arlindo Chinaglia, que não conseguem mais dissimular as suas movimentações em direção ao terceiro mandato presidencial ou, quem sabe diante de um Lula "assim com os deuses", para se recandidatar quantas vezes quiser.

Nesse ingrediente político que trago para o comentário de hoje, acho imperdível focalizar o miniapagão do gás na semana passada. Se o governo Lula acerta alvos futuros para o Brasil, com a realização da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e a vultosa descoberta de Tupi, que pode levar o país a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), algumas lições de casa não são feitas, como a plena execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a aprovação da manutenção da CPMF e o início de um eficiente plano de contingência energética.

O PAC, conforme dados revelados nos últimos dias, ainda patina na execução do seu orçamento para as obras de infra-estrutura. Está longe ainda de realizar 30% dos recursos e ações alardeadas e previstas pelo governo federal. Os R$ 40 bilhões da CPMF para o próximo ano, por sua vez, ainda dependem da aprovação pelo Senado, que acaba de protelar uma decisão para daqui a 30 dias, quase na virada do ano e que impossibilitaria a sua eficácia em 2008.

E a crise energética? Essa ainda carece de uma forte gestão e, ao que parece, o "rei da cocada preta" tem os ventos soprando a seu favor. Aliás, os ventos são favoráveis desde a passagem de comando do governo por FHC, com o programa de estabilidade da economia e a consolidação do cenário internacional.

O Presidente disse que a descoberta dos novos campos que ampliam em cerca de 60% as reservas atuais de petróleo e gás são "uma dádiva de Deus". Ainda acho que vale muito ter sorte, mas não é o bastante. Bastante é ter competência para governar e com a sorte ajudando. O Brasil tem urgências e não podemos jogar todas as fichas na sorte e no futuro, quando há um presente enorme pela frente!

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Minha mãe morreu com Alzheimer

Esta semana foi triste para mim. Perdi minha mãe por inteiro, no alto dos seus 80 anos de mulher feliz com as coisas mais simples da vida. Fazia pelo menos 10 anos, que ela lutava para se desvencilhar de um "alemão" degenerativo, Alzheimer, que tomou para si, por mais doces que fossem, as suas lembranças do presente. Para nós, seus filhos, restavam mergulhar nas experiências passadas, para ter a sensação de que continuávamos juntos em algum momento do quê lhe sobrara de vida, de mãe presente.

Sei muito bem que não sou o único filho a conviver com a experiência de pais com a Doença de Alzheimer. Sempre que questionado do seu paradeiro pelos amigos mais próximos, dada a minha relação afetuosa e cúmplice de Dona Dedé (Lygia de Oliveira Sanchez), revelava que ela estava "vivendo" o terceiro estágio da doença e a esta altura cuidada em uma clínica especializada em Santos.

A Doença de Alzheimer se divide em três estágios: leve, moderado e grave. Cada estágio pode durar alguns anos. Conforme explicação dos médicos que acompanharam Dona Dedé, desde o início, e também dos manuais e matérias pela imprensa disponíveis, o Alzheimer "conquista" aos poucos os seus pacientes, dificultando a sua cognição (pensamento), com os padrões de comportamento e com a rotina diária. Esses padrões abrangem a personalidade, o humor, o nível de atividade e as percepções do ambiente. À medida que a doença evolui, "o indivíduo afetado depara-se com mais e mais desafios nessas áreas".

Desse modo fui perdendo a interessada Dedé, que era uma mulher ativa e, apesar da sua pouca escolaridade (sábia como toda mãe foi a responsável pelo início de minha alfabetização em uma cartilha do seu tempo de menina), tinha fome de informação e não escondia o seu prazer com as descobertas e facilidades do mundo além de Brotas (ela nasceu no Interior de São Paulo e vivia em Santos desde 1971).

Quando começou a "trair" meu pai (Christiano Sanchez, falecido em 2004) com Alzheimer, nossa família foi surpreendida pelo seu comportamento. No passado (ainda hoje há quem se confunda no diagnóstico, apesar da elevação dos níveis de informação sobre o tema), o seu novo comportamento lembrava o quê era mais fácil de ser taxado de esclerose; até brincávamos quando ela esquecia de alguns acontecimentos mais recentes (ih, mãe, você precisa tomar "memorioton"). Éramos alegres ignorantes no assunto Doença de Alzheimer.

Então, para compartilhar um pouco as informações sobre a vida de minha família nos últimos dez anos, faço questão de registrar a dedicação de minha irmã Analúcia, que liderou o papel de "cuidadora" de mamãe, na maior parte das vezes impedida de atender à sua própria casa, seu marido e filhos. Para que o leitor "ignorante no assunto Alzheimer" tenha uma noção real dessa parte da vida de minha irmã, só posso confirmar que "cuidar de alguém com esse tipo de demência é física e mentalmente esgotante".

Analucia viveu nesses últimos anos da presença de minha mãe entre nós, num verdadeiro estado de suspensão, sobressalto constante, justamente porque as soluções que se apresentavam para um momento eram impossíveis de considerar como norma para depois. Nada poderia ser programado, além da necessidade de estar presente, à sua mão. Analucia não cuidou mais de si mesma e agora precisa refazer o seu caminho nesta vida. Estamos apoiando o seu renascimento, aos 45 anos de idade.

Por fim, apesar de reconhecer todos os sintomas do Alzheimer em Dedé, responsável pela sua "morte" faz pelo menos três longos anos, pensava que estaria preparado para o final, quando seria uma "libertação" para si mesma. Ingenuamente achava que ela deixaria de sofrer e de nos fazer assistir ao seu sofrimento. Não é bem assim, queria mesmo Dedé perto de mim. Saudades!

Nota: Dedé faleceu no último dia 7 de novembro, em Santos, por insuficiência cardíaca, não de Alzheimer. 

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18% dos desempregados estão qualificados !

Outra ironia do destino: levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, das 9,13 milhões de pessoas que procuram emprego no país, apenas 18,3% (1,67 milhão) tem qualificação ou experiência profissional. Quem sofre mais com a carência de mão-de-obra qualificada ou com experiência profissional no Brasil ? Justamente as indústrias químicas e petroquímicas, que agora despontam como a grande chance de sucesso profissional de curto e médio prazos.

Esse resultado foi obtido a partir de estudo intitulado "Demanda e Perfil dos Trabalhadores Formais em 2007", com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Resultado que mostra um Brasil atrasado em relação a políticas de formação e atualização profissionais; e que compromete a qualidade da nossa produção, por conta da falta de brasileiros preparados para os novos desafios, sem falar na garantia da eficiência e da eficácia em nossos modos de produção.

O leitor deste blog pode fazer um exercício, considerando o mapa do Estado de São Paulo: tome como ponto de partida as regiões de Franca e Ribeirão Preto, pontilhando até a Baixada Santista. Então, da divisa de São Paulo com o Triângulo Mineiro, que é uma das regiões mais desenvolvidas do Estado de Minas, constataremos um verdadeiro mar de cana-de-açucar. São Paulo se destaca como o maior produtor nacional, concentrando 57,69% da produção do país (a região de Ribeirão responde por 30% do país) e cerca de 200 mil trabalhadores se empregam no corte da cana paulista (isso porque São Paulo já dispõe das melhores técnicas e logística no setor).

O foco desse setor sucro-alcooleiro ? Matriz energética, etanol, álcool para consumo interno e para exportação, empregos para mão-de-obra desqualificada e absorvível para corte, e empregos para mão-de-obra qualificada, mas ainda inexistente, para aumentar a nossa competitividade.

A Baixada Santista, na outra ponta, é a grande vedete, com a atenção que vinha redobrada para o gás a ser explorado da bacia de Santos e hoje com o anúncio da espetacular descoberta, na mesma região, de petróleo e mais gás, que podem colocar o Brasil entre os maiores produtores do mundo.

Então os dados assustadores do Ipea, com a desqualificação dos atuais desempregados brasileiros, impõem políticas eficazes de formação. Durante o governo FHC foi realizado o Programa de Expansão da Educação Profissional (Proep), pelo ministério da Educação. O governo se dispôs a firmar convênios com organizações não governamentais, principalmente sindicatos de trabalhadores e patronais, para que apresentassem e executassem projetos de escolas auto-sustentáveis em todo o país. Mais de duzentas iniciativas geraram novas vagas para capacitação profissional.

Mudou o governo, e Lula resolveu federalizar muitos dos projetos em curso, após uma paralisação de quatro anos. Essa "brincadeira" com recursos públicos do Brasil e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sem dúvida motivam os números negativos do estudo do Ipea, por causa da descontinuidade dos trabalhos, inclusive daqueles que já se configuravam exemplares.

É possível considerar, a pretexto de começar uma reviravolta com as excelentes perspectivas dos novos postos de trabalho no setor energético do país, que o Brasil tem uma dívida com a educação profissional. Nessa direção, importam ações do governo federal, governos estaduais e instituições de ensino públicas e privadas, para atender a essa nova e histórica demanda!

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Se depender do PSDB, chega de CPMF !

Está decidido: os senadores tucanos repetirão os votos contrários dos deputados federais do partido, em relação à PEC do governo Lula, que quer prorrogar a CPMF até 2011. O gesto do PSDB, de dar ouvidos aos mensageiros do governo, para tentar mudanças, inclusive resgatando o objetivo original do imposto do cheque, de financiar a Saúde, causou o descontentamento de simpatizantes do partido e de cidadãos cansados de tanta espoliação. A CPMF nasceu no governo FHC, numa época de crise fiscal. Se realmente for rejeitada, a Reforma Tributária terá finalmente a sua vez.

O governo federal em nenhum momento hesitou em reservar recursos para garantir o superávit primário, e voluntariamente deixou de investir nas suas obrigações essenciais – educação, saúde, saneamento, habitação, infra-estrutura. Os ventos favoráveis da economia mundial foram desdenhados pelo lulo-petismo, que não tinha outra visão senão a de ficar alimentando o assistencialismo, com as políticas compensatórias do PT e dos seus aliados. Aliás, políticas eleitoreiras, porque não emancipam os cidadãos dependentes das bolsas isso e aquilo, mas servem para alimentar o sonho da re-reeleição presidencial.

Leio sempre as seções de cartas dos jornais e revistas, e os leitores davam o seu veredito: chega de impostos, chega de CPMF. Ou então: que o PSDB não deveria estar conivente com o governo na aprovação de um imposto cuja arrecadação chega bem parcial ao seu verdadeiro objetivo.

Relembro a declaração da cientista social Lourdes Sola, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, sobre as diferenças entre a comunicação do PSDB e do PT: o PSDB tem vergonha de propagandear os seus feitos e um medo danado de ser confundido com um partido de direita. O PT, que é especialista em se apropriar dos feitos dos outros, espertamente, cobra do PSDB coerência e o compromisso com a governabilidade.

É muito difícil conciliar política e escrúpulos. Talvez por isso o PSDB mostre, algumas vezes, tanta condescendência com o PT e o governo Lula. O povo brasileiro é mais importante que tudo. Quem me conhece sabe que este não é um mero exercício de retórica. Também não configura num gesto do tipo "para não dizer que não falei de novo" contrariamente a CPMF. Registro, conscientemente, que a recíproca não será verdadeira.

Valeu muito a decisão política da Comissão Executiva Estadual do PSDB-SP, de revelar à direção nacional do partido, que esperava dos senadores, a mesma postura dos seus deputados federais.

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