Lula apóia Sarney e “festeja” impunidade !
O senador José Sarney (PMDB-AP) protagonizou uma cena patética em sua própria defesa, ao falar sobre os escândalos que atingem o Senado desde que assumiu a presidência da instituição. Todo mundo que viu e ouviu as suas declarações em todas as mídias reagiu com indignação, principalmente porque ele despejou argumentos risíveis com a justificativa de que está no cargo há quatro meses e que não lhe cabe responsabilidade sobre os últimos acontecimentos. De tão debochado, ao afirmar que a crise do Senado não é dele, mas do próprio Senado, José Sarney, na prática, agiu sem dar qualquer importância à opinião pública, até porque o presidente Lula saiu em sua defesa, endossando o seu reconhecimento da impunidade no Brasil: essas denúncias "não têm fim e depois não acontece nada".
Não há nenhuma curiosidade no comportamento do presidente da República. É natural que ele fizesse a defesa do presidente do Senado, mas o seu comportamento de tentar diminuir a importância dos fatos, como se não fosse grave receber "vale aluguel", indevidamente, por mais de um ano, mesmo tendo imóvel próprio em Brasília, ou de se criar por medidas secretas uma república de sobrinhos e afilhados na assessoria do Senado, é um desrespeito. Logo o Lula que faz alguns anos, antes de ser presidente, dizia que no Congresso Nacional havia 300 picaretas. O próprio Sarney estava lá naquela época.
Também é grave dar de ombros à impunidade. Esse convencimento é um mal exemplo para o país. O mar de lama está tragando uma parte do Congresso Nacional e nessa hora não cabe o discurso fácil de que há uma conspiração contra o Poder Legislativo no Brasil. O governo federal desmoraliza o Congresso com as suas medidas provisórias e com o assédio aos parlamentares em troca de verbas orçamentárias, sem falar no comportamento de suas excelências na gestão da Câmara e do Senado. Acho fundamental, dada a reincidência desses escândalos, que se apure as denúncias, corrigindo procedimentos e responsabilizando quem de direito.
O Brasil passou a conhecer um pouco mais das tramóias em Brasília porque há uma luta interna, desde a eleição de José Sarney para a presidência do Senado. Essa experiência vai contribuir também para que o povo brasileiro conheça melhor os laços históricos dos atuais detentores do poder, desmascarando-os. Nos últimos dias, a imprensa vem proporcionando uma releitura dessas trajetórias, principalmente de José Sarney, que era para ser o primeiro presidente da Nova República, mas que preferiu ser o último da República Velha.
Também, como relembrou Roberto Pompeu de Toledo, em artigo recente, "há muitos campeões do atraso na política brasileira. Sarney é o campeão dos campeões, tanto por antiguidade quanto, sobretudo, por mérito". Mérito de classificar continuamente os Estados do Maranhão e do Amapá entre os mais atrasados em quesitos fundamentais, como a dignidade humana, por exemplo.
Lula, por seu lado, quer construir um mundo à parte, uma Ilha da Fantasia, que blinde e proteja os seus aliados. Ele acha que as "denúncias podem acabar cansando a população", que desacreditará das instituições. Então, qual a sua receita de um país mais inteiro, menos dependente de políticas assistencialistas e de moral elevada ? Vale passar a mão na cabeça de Sarney, da mesma forma que consolou os "aloprados", na época da venda dos dossiês contra os políticos do PSDB ? Ou do instante em que declarou que entregaria um cheque assinado em branco ao ex-deputado Roberto Jefferson ? Chega de impunidade !
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Nunca antes na história deste país, a comunicação foi tão abusada, principalmente no governo Lula e pelos petistas de plantão, nos seus governos e mandatos no Congresso Nacional. Detentores de informações privilegiadas e por isso com uma percepção aguda de notícias ruíns para o conjunto do lulopetismo, sobra tempo para agir preventivamente e sacar factóides. Ontem, na hora em que o IBGE divulgava, pelo segundo trimestre consecutivo, a queda do PIB – Produto Interno Bruto, com sinais concretos de recessão no país, uma overdose: Lula "entrava para a história emprestando dinheiro ao FMI" (US$ 10 bilhões), anunciava a taxa básica de juros de 1 dígito (9,25%), prorrogava de novo a isenção do IPI na compra de veículos e liberava dinheiro devido da contrapartida federal às obras do Rodoanel de São Paulo (R$ 300 milhões). Isto é, pura política de comunicação esperta, oportunista e eficiente.
O PSDB revive um velho dilema: cobrado insistentemente pela fraqueza da sua comunicação, que é possível reestruturar a toque de caixa, a exemplo de outras legendas na atual conjuntura política, ainda não sabe qual mensagem o partido deseja passar para a sociedade brasileira. Ainda bem que essa deficiência é cíclica e pode se modificar com mais direção e unidade dos seus quadros. Mas, em que pese atualmente as projeções individuais dos governadores José Serra e Aécio Neves, para a presidência, e Geraldo Alckmin para o governo paulista, há uma pergunta que deve preocupar os seus principais estrategistas partidários: "O PSDB, o DEM e o PPS, por exemplo, falam em nome de quem hoje ?"
O jornal ‘O Estado de São Paulo’ descreveu o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), como um ser "egocêntrico e desprovido de senso de medida", no editorial intitulado ‘Um estorvo para o meio ambiente’ (4/6/2009). Quando ele foi convidado para substituir a senadora Marina Silva, que formava uma linha dura contra as obras do PAC – dependentes de autorizações ambientais e os desmatamentos na Amazônia por pecuaristas, Minc assumiu com a fama de gestor eficiente e mais produtivo. No entanto, com o seu jeito espalhafatoso de ser, que não mede palavras para aparecer na mídia e atacar ruralistas e colegas do ministério lulopetista, como Marina fazia discretamente, ele se exibe de tal forma que está virando motivo de chacota em todas as esquinas. Justamente quando precisaria de mais respaldo para combater os desmatamentos e garantir o apoio do Congresso Nacional para mudar a lei de licenciamentos ambientais.
Paulo Renato Souza, quando ministro da Educação no governo FHC, foi o responsável pela avaliação dos livros escolares e também pela chegada dos exemplares aos estudantes antes do início das aulas. Parecem atitudes óbvias, de tão essenciais, mas isso não acontecia no Brasil. Paulo Renato conduziu também inúmeras reformas na Educação, a partir da sua gestão no ministério. FHC chamava esse trabalho de "revolução silenciosa" e o seu ministro, que fora secretário do mesmo setor durante o governo Montoro, nos anos 80, retornou à pasta na equipe do governador José Serra. Curiosamente, há pouco mais de um mês na secretaria de Estado, pronto para realizar o seu plano de trabalho, decidido pelo desafio de melhorar a qualidade da Educação, pipocam notícias sobre falhas praticadas pelo governo estadual na escolha dos 818 títulos de livros didáticos, de 80 diferentes editoras, distribuídos para a rede estadual de ensino. Não tenho receio de afirmar que esse fato cheira a sabotagem.
Num exercício dialético escrevi que o debate do quarto mandato logo, logo, seria pautado e não esperava que cinco deputados do PSDB e oito do DEM quisessem mais Lula-lá ! Acho que realmente eles não queriam a tramitação da PEC (proposta de emenda constitucional) do terceiro mandato proposta pelo deputado Jackson Barreto (PMDB-SE). Pressionados pelos seus partidos – Rogério Marinho (PSDB-RN), Antonio Feijão (PSDB-AP), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Eduardo Barbosa (PSDB-MG), Silvio Torres (PSDB-SP), Francisco Rodrigues (DEM-RR), Jorge Khoury (DEM-BA), José Carlos Vieira (DEM-SC), José Maia Filho (DEM-PI), Walter Ihoshi (DEM-SP), Clóvis Fecury (DEM-MA), Fernando de Fabinho (DEM-BA) e Félix Mendonça (DEM-BA) – retiraram as assinaturas dessa proposta e foram responsáveis pela suspensão da sua tramitação. Por pouco estaríamos discutindo o quarto mandato…
Todo dia me pergunto sobre a razão de tantas crianças e adolescentes pegarem um atalho para a violência e o crime. As vítimas, como a menina Gabriela, de 8 anos de idade, que morreu em um assalto em Rio Claro, Interior de São Paulo, turbinam as estatísticas e duvido que incomodem mais o presidente Lula, que não cansa de reproduzir os seus (de)feitos em números nunca antes vistos, bem longe do foco das ações preventivas nas escolas, comunidades estudantis e famílias. Não lí até agora uma linha de projetos reais do governo federal para a melhoria da qualidade da educação, além das bolsas isso e aquilo. Sem alternativas, a redução da maioridade penal voltou à pauta do Congresso Nacional. Esse é o único caminho ?
Se não há consenso para encaminhar e aprovar uma Reforma Política no Brasil, por causa da visão superficial e dos interesses próprios de muitos parlamentares no Congresso Nacional, o uso da Internet nas próximas eleições será avassalador. Em todo o mundo as campanhas aumentam seu escopo e atingem públicos que jamais atingiram, principalmente os mais jovens. A troca online de informações ocorre fora do controle dos partidos e dos métodos tradicionais. As redes sociais orkut, facebook, twitter, o youtube, os blogs e sites, não puderam ser utilizadas pelos candidatos em 2008 porque o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não sabia distinguir essas ferramentas dos materiais tradicionais – faixas, banners, camisetas. Foram determinadas regras duras a pretexto de impedir qualquer abuso.
Depois de ser chamado de "o cara" pelo presidente Barack Obama e de continuar surfando nos elevados índices de popularidade, Lula apenas sorri quando ouve deputados da sua base defendendo um terceiro mandato. Com Hugo Cháves foi assim. A Venezuela aprovou em plebiscito reeleições ilimitadas. No início da semana, o senado colombiano aprovou a convocação de um referendo para reformar a Constituição e permitir a eleição de Álvaro Uribe para um terceiro mandato. Enquanto ninguém pauta a discussão de um novo projeto de governo para o Brasil, o Congresso Nacional se encarrega de arquivar idéias para uma aguardadíssima Reforma Política e logo, logo, deve abrir um debate sobre um quarto mandato, aceitando de uma vez o modelo "chavista" por aqui.
Excelente a idéia do PT, de promover uma série de atos públicos em defesa da Petrobrás. Todo mundo sabe que uma CPI tem data para começar e que o Congresso Nacional a transforma em palanques políticos, fugindo do seu foco principal. Por isso mesmo alguns governos resistem a iniciativas do gênero, porque o desvirtuamento do tema leva ao raciocínio simplório de que é politicagem e que acabará em pizza. No caso da Petrobrás penso que tudo vai ser diferente, porque é uma empresa transparente, patrimônio do povo brasileiro e sobre a qual não deve sobrar dúvida em relação à sua gestão, mesmo com o aparelhamento político que o PT tem feito nos seus quadros de direção.