Foi-se o “superporto” de Peruíbe !
Quando o presidente Lula culpou o cassino global pela crise nos mercados, qualquer cidadão antenado com as últimas notícias dos Estados Unidos e o terremoto das bolsas de valores ficaria curioso com a insistência no maior movimento especulatório do litoral paulista: o Porto Brasil de Peruíbe. Produto virtual, como o second life, o grande empreendimento de R$ 4 bilhões, que criaria mais de 12 mil empregos, foi tragado pela crise mundial, embora a sua gestação fosse das mais polêmicas. A LLX decretou a suspensão da idéia, porque a confiabilidade no seu lastro de ações, que vinha caindo sucessivamente, despencou 25,92% na sexta-feira (3 de outubro) e não justificou a sua marcha-ré culpando a impugnação do candidato a prefeito do PSB, Gilson Bargieri, muito menos as dificuldades até agora insuperáveis em torno da propriedade da terra com a Funai e as necessárias autorizações ambientais com o Ibama.
A partir de agora, imagino que os debates regionais e virtuais cairão na real, porque o superporto Porcina (história que se assemelha aquela personagem que foi sem nunca ter sido), não deve provocar o lamento por não ter acontecido, mas porque uma parte significativa de pessoas e de suas lideranças acreditou muito nessa história de redenção econômica de Peruíbe e das demais cidades do Litoral Sul, com esse salto de investimentos como nunca antes na história deste país.
O recuo estratégico da LLX foi divulgado na coluna "Direto da Fonte" de Sônia Racy, no jornal "O Estado de São Paulo" (sexta-feira, 3 de outubro) e pelo jornal "A Tribuna de Santos", nessa mesma data, ao revelar que a empresa do mega-rico Eike Batista havia interrompido os trabalhos para a implantação do Porto Brasil, enfatizando que as obras do seu showroom estavam paralisadas e abandonadas há quatro meses.
Pois é, como no meu primeiro comentário, ano passado, real mesmo apenas um showroom inacabado ou uma construção no condomínio second life com avatares de brinquedo. Não há motivo para chorar o leite derramado, porque esse leite jamais existiu de verdade. Nem sobrará razões para identificar o turma do não, como se valesse comparar essa iniciativa com o Park da Xuxa, em Itanhaém, há poucos anos. Não deu certo porque essa história se resumia, como estamos confirmando, a um novo surto especulatório.
Desta vez, Lula fez um discurso para uma coisa e sem querer, talvez, tocou fundo no comportamento da ganância de alguns fundos brasileiros de investimentos que jogam com títulos de risco e começam a acumular prejuízos. Ou seja, atirou no que viu e acertou no que não viu. "E nós não aceitaremos que joguem nas nossas costas os prejuízos de um jogo [do qual] não participamos”, reflete o atual presidente da República.
O superporto Brasil existiu até agora, como a petroleira OGX, do mesmo empresário, com quase 10% do valor de mercado da Petrobrás sem nunca ter produzido sequer um barril de petróleo. No ano passado, a OGX foi destaque no leilão da Agência Nacional de Petróleo – ANP, arrematando 12 blocos por R$ 1,4 bilhão e logo depois vendeu parte da companhia para o fundo canadense Ontario Teachers. Não é evidente a compreensão de que esse porto em Peruíbe poderia ter sido em Mongaguá, Cananéia, Caraguatatuba, no orkut, num sítio qualquer da Internet ? Despertar é preciso, porque esse sonho foi-se !
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