Blog do Raul

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Foi-se o “superporto” de Peruíbe !

Quando o presidente Lula culpou o cassino global pela crise nos mercados, qualquer cidadão antenado com as últimas notícias dos Estados Unidos e o terremoto das bolsas de valores ficaria curioso com a insistência no maior movimento especulatório do litoral paulista: o Porto Brasil de Peruíbe. Produto virtual, como o second life, o grande empreendimento de R$ 4 bilhões, que criaria mais de 12 mil empregos, foi tragado pela crise mundial, embora a sua gestação fosse das mais polêmicas. A LLX decretou a suspensão da idéia, porque a confiabilidade no seu lastro de ações, que vinha caindo sucessivamente, despencou 25,92% na sexta-feira (3 de outubro) e não justificou a sua marcha-ré culpando a impugnação do candidato a prefeito do PSB, Gilson Bargieri, muito menos as dificuldades até agora insuperáveis em torno da propriedade da terra com a Funai e as necessárias autorizações ambientais com o Ibama.

A partir de agora, imagino que os debates regionais e virtuais cairão na real, porque o superporto Porcina (história que se assemelha aquela personagem que foi sem nunca ter sido), não deve provocar o lamento por não ter acontecido, mas porque uma parte significativa de pessoas e de suas lideranças acreditou muito nessa história de redenção econômica de Peruíbe e das demais cidades do Litoral Sul, com esse salto de investimentos como nunca antes na história deste país.

O recuo estratégico da LLX foi divulgado na coluna "Direto da Fonte" de Sônia Racy, no jornal "O Estado de São Paulo" (sexta-feira, 3 de outubro) e pelo jornal "A Tribuna de Santos", nessa mesma data, ao revelar que a empresa do mega-rico Eike Batista havia interrompido os trabalhos para a implantação do Porto Brasil, enfatizando que as obras do seu showroom estavam paralisadas e abandonadas há quatro meses.

Pois é, como no meu primeiro comentário, ano passado, real mesmo apenas um showroom inacabado ou uma construção no condomínio second life com avatares de brinquedo. Não há motivo para chorar o leite derramado, porque esse leite jamais existiu de verdade. Nem sobrará razões para identificar o turma do não, como se valesse comparar essa iniciativa com o Park da Xuxa, em Itanhaém, há poucos anos. Não deu certo porque essa história se resumia, como estamos confirmando, a um novo surto especulatório.

Desta vez, Lula fez um discurso para uma coisa e sem querer, talvez, tocou fundo no comportamento da ganância de alguns fundos brasileiros de investimentos que jogam com títulos de risco e começam a acumular prejuízos. Ou seja, atirou no que viu e acertou no que não viu. "E nós não aceitaremos que joguem nas nossas costas os prejuízos de um jogo [do qual] não participamos”, reflete o atual presidente da República.

O superporto Brasil existiu até agora, como a petroleira OGX, do mesmo empresário, com quase 10% do valor de mercado da Petrobrás sem nunca ter produzido sequer um barril de petróleo.  No ano passado, a OGX foi destaque no leilão da Agência Nacional de Petróleo – ANP, arrematando 12 blocos por R$ 1,4 bilhão e logo depois vendeu parte da companhia para o fundo canadense Ontario Teachers. Não é evidente a compreensão de que esse porto em Peruíbe poderia ter sido em Mongaguá, Cananéia, Caraguatatuba, no orkut, num sítio qualquer da Internet ? Despertar é preciso, porque esse sonho foi-se !

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O day-after político da Baixada Santista !

As últimas pesquisas eleitorais para prefeitos dos municípios da Baixada Santista indicam equilíbrio político e partidário, num cenário futuro que projetará administrações com muitos desafios em função da onda desenvolvimentista em fase de aproximação – efeitos das descobertas de gás e petróleo na Bacia de Santos, a construção do Rodoanel-Sul e do túnel Santos-Guarujá, os investimentos no maior porto da América Latina e as especulações sobre um Porto em Peruíbe, o funcionamento do aeroporto regional e o aquecimento da indústria turística após o Programa Onda Limpa de despoluição das praias em toda Costa do Estado.

Se as eleições fossem hoje, os prefeitos eleitos seriam: Mauro Orlandini (DEM-Bertioga), Márcia Rosa (PT-Cubatão), Farid Madi (PDT-Guarujá), João Carlos Forssell (PSDB-Itanhaém), Paulo Wiazowsk (DEM-Mongaguá), Alexandre Cunha (PMDB-Praia Grande), João Paulo Papa (PMDB-Santos) e Tércio Garcia (PSB-São Vicente). Gilson Bargieri (PSB-Peruíbe), que também estaria dentre os eleitos, teve o registro da sua candidatura indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral, conforme divulgado na página do TSE às 21h20 desta terça-feira; isso mudará o cenário local.

BERTIOGA

Mauro Orlandini (DEM) – 39,7%

Silvio Magalhães (PV) – 24,4%

Conrado Zepf (PRP) – 15,5%

Ribas Zaidan (PSDB) – 3,4%

Joaquim Ruescas Neto da My Power (PHS) – 0,7%

Dr. Antonio Rufino Collado (PP) – 0,6%

Não sei – 14,1%

Branco / nulo / ninguém – 1,1%

Não vou votar nessa eleição – 0,4%

IPAT – Instituto de Pesquisas A Tribuna – Período de pesquisa de campo: 22 de setembro – 816 entrevistados – margem de erro: 3,3% – registrada com o número 002/08, conforme processo 155/08 na 272.ª Zona Eleitoral

CUBATÃO

Márcia Rosa (PT) – 48,2%

Dr. Paiva (PR) – 13,7%

José Oswaldo Passarelli (PP) – 8,8%

Dr. Aniz Maluf (PTB) – 8,6%

Valter Pinheiro (PSDB) – 3,4%

Dojival Vieira (PCdoB) – 1,8%

Não sabe – 10,9%

Branco / nulo – 4,3%

Não vai votar – 0,2%

IPAT – Instituto de Pesquisas A Tribuna – período de pesquisa de campo: 17 de setembro – 816 entrevistados – margem de erro: 3,3% – pesquisa número 008/08, registrada na 119.ª Zona Eleitoral, processo 199/08.

GUARUJÁ

Farid Madi (PDT) – 46%

Antonieta de Brito (PMDB) – 24%

Eduardo Pirani (PRP) – 4%

Paulo Piasenti (PSDB) – 4%

Duíno Verri Fernandes (PSC) – 1%

Alexandre Silva (PSOL) – 0%

Não sabe / não respondeu – 12%

Branco / nulo – 8%

IBOPE – período de pesquisa de campo: 25 e 27 de agosto – 504 entrevistados – margem de erro: 4% – pesquisa registrada na 212.ª Zona Eleitoral de Guarujá, sob protocolo 2071/08, encomendada pela TV Tribuna

ITANHAÉM

João Carlos Forssell (PSDB) – 56,8%

Marcelo Strama (PSB) – 14,1%

Josiane Caetano (PPS) – 11,4%

Jair Andreoni (PMDB) – 1,8%

Marta Lima (PHS) – 0 – A candidata desistiu de sua candidatura

Não sei – 11,3%

Branco / nulo / ninguém – 4,1%

Não vou votar nessa eleição – 0,5%

IPAT – Instituto de Pesquisas A Tribuna – período de pesquisa de campo: 25 de setembro – 816 entrevistados – margem de erro: 3,3% – pesquisa número 3/2008 – registrada na 189.ª Zona Eleitoral, processo 257/08

MONGAGUÁ

Paulinho Wiazowski (DEM) – 55,1%

Dr. Pedro Eduardo de Carvalho Homem (PSDB) – 25,4%

Não sei / não tenho candidato ainda – 16,2%

Branco / nulo – 2,8%

Não vou votar nessa eleição – 0,5%

IPAT – Instituto de Pesquisas A Tribuna – período de pesquisa de campo: 24 de setembro – 816 entrevistados – margem de erro: 3,3% – pesquisa número 004/08, conforme processo 258/2008, registrada na 189.ª Zona Eleitoral

PERUÍBE

Gilson Bargieri (PSB) – 53,1%

Julieta Omuro (PMDB) – 22,6%

Dra. Ana Campos (PV) – 4,9%

Zeca da Firenze (PSDB) – 4,5%

Dr. José Renato Azevedo (PSDC) – 0,6%

Não sabe / não respondeu – 11,5%

Branco / nulo – 2,5%

IPAT / Instituto de Pesquisas A Tribuna – Período de pesquisa de campo: 23 de setembro – 816 entrevistados – margem de erro 3,3% – registrada com número 002/08, conforme processo 147/2008 na 295.ª Zona Eleitoral

PRAIA GRANDE

Alexandre Cunha (PMDB) – 31,2%

Roberto Francisco (PSDB) – 18,9%

Edson Maria dos Santos Popó (PV) – 2,3%

Jasper Lopes Bastos (PSOL) – 1,2%

Não sabe / não respondeu – 39,4%

Branco / nulo – 6,2%

Não vou votar nessa eleição – 0,7%

IPAT – Instituto de Pesquisas A Tribuna – período de pesquisa de campo: 11 de setembro – 816 entrevistados – margem de erro: 3,3% – levantamento registrado sob número 008/2008 na 317.ª Zona Eleitoral, conforme processo 140/2008.

SANTOS

João Paulo Papa (PMDB) – 71,7%

Maria Lúcia Prandi (PT) – 8,6%

Mariângela Duarte (PSB) – 4,8%

Eneida Koury (PSOL) – 0,4%

Natan Kogos (PRTB) – 0,3%

Não sei – 9,6%

Branco / nulo – 4%

Não vou votar nessa eleição – 0,7%

IPAT – Instituto de Pesquisas A Tribuna – período de pesquisa de campo: 17/18 de setembro – 1.632 entrevistados – margem de erro: 2,5% – pesquisa número 011/2008, registrada na 118.ª Zona Eleitoral, processo 4.266/2008

SÃO VICENTE

Tércio Garcia (PSB) – 60,5%

Raimundo Oliveira (PMN) – 10,1%

Dr. Henrique Carvalho (PSDC) – 5,2%

Não sabe / não respondeu – 15,5%

Branco / nulo – 8%

Não vai votar nessa eleição – 0,6%

IPAT – Instituto de Pesquisas A Tribuna – período de pesquisa de campo: 26 de setembro – 816 entrevistados – margem de erro: 3,3% – pesquisa número 008/08, conforme processo 261/2008, registrada na 177.ª Zona Eleitoral   

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Fosse eu um eleitor paulistano …

Fosse eu um eleitor paulistano, não hesitaria votar e pedir votos para a reeleição do vereador José Police Neto, o Netinho, do PSDB. O "O Estado de São Paulo" destacou hoje, que a nove dias das eleições, 63% dos eleitores de São Paulo ainda não decidiram em quem votar para vereador, de acordo com pesquisa Ibope contratada pelo jornal. Mas a edição da "Vejinha São Paulo", deste final de semana, reforça a importância de se fazer uma boa escolha: Netinho aparece nessa avaliação do trabalho dos 52 candidatos a reeleição na Câmara Municipal, como o melhor vereador com a expressiva média 9,1, obtida em conceitos avaliados de zero a dez. A maioria teve um desempenho medíocre.

Os dados foram coletados pela ONG Movimento Voto Consciente, que desde 1987 acompanha a atuação dos vereadores paulistanos e de muitas câmaras espalhadas em todo o país. Os integrantes do movimento dão exemplo de Cidadania, porque toda semana observam o trabalho das comissões permanentes e organizam relatórios sobre as atividades mais relevantes dos vereadores. Essa ação valoriza o trabalho e a importância do vereador, como elo mais próximo entre os eleitores e os governos municipais.

Acho muito justo o resultado para o Netinho, que conheço desde o início da sua militância no Clube dos Tucaninhos, idealizado por dona Lila Covas. Mais tarde, na Assembléia Legislativa de São Paulo, como assessor e chefe de gabinete da mesa administrativa, dos mais jovens da sua história, me impressionava o seu talento para análise das peças orçamentárias do Estado. A exemplo de seu saudoso pai, José Police Filho, um dos servidores mais capazes desse quesito na Prefeitura de São Paulo, Netinho sempre foi requisitado para estudos estratégicos e as suas opiniões consideradas na análise e execução de projetos e programas de interesse público.

Uma figura preparada assim muitas vezes não consegue os votos necessários para ser eleito e qualificar a representação política como vereador, prefeito, deputado etc. Netinho conquistou 22.548 votos na sua primeira eleição em 2004. Precisará de muito mais no dia 5 de outubro, mas acho que com a sua folha de serviços prestados, que inclui a titularidade na Secretaria Especial para Participação e Parceria na gestão de José Serra, quando prefeito da Capital; a liderança do governo Gilberto Kassab na Câmara e agora a aprovação de uma instituição acima de qualquer suspeita, Netinho precisa e deve ser reeleito.

Há muitos nomes importantes na atual disputa paulistana. Poderia enumerar vários, mas este blog está apenas registrando um fato relevante e que dignifica o papel e a escolha do Vereador, no meio dessa enorme e quase inexplicável indecisão!

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Renato Amary a serviço do PT ?

Põe fogo amigo no comportamento do deputado federal Renato Amary, presidente estadual do Instituto Teotônio Vilela do PSDB-SP! Incomodado antes das convenções municipais porque foi convencido a deixar que seu sucessor na prefeitura de Sorocaba tivesse direito à reeleição, por causa de uma gestão aprovadíssima, a uma semana das eleições ele se presta ao desserviço de aparecer no programa eleitoral do candidato petista Hamilton Pereira para criticar o candidato tucano Vitor Lippi, que segundo ele não manteve os seus apadrinhados políticos no governo local e descontinuou os seus projetos.

Vitor Lippi sucedeu Amary na Prefeitura de Sorocaba em 2004 e hoje desponta com 75% das intenções de voto, contra o novo candidato do deputado federal tucano, Hamilton Pereira (PT), com ínfimos 7%, em pesquisa do Ibope / TV Aliança Paulista. Lippi não só manteve as expectativas da população, em relação aos governos tucanos, como melhorou a aprovação do jeito tucano de governar.

Então, essa atitude de Renato Amary é surpreendente, por se tratar também de um dirigente estadual do PSDB. Quando o assunto ganhou a Internet, muitos simpatizantes e militantes do partido chegaram a responder que não acreditavam numa ocorrência dessa natureza dada a estatura política do protagonista. Me incluo dentre aqueles que duvidaram, daí a razão pelo tamanho da minha decepção, indignação.

Na semana passada escrevi sobre a necessidade da direção nacional do PSDB tomar atitudes concretas e não permitir mais o assistido salve-se quem puder. Imagino que tentarão promover um supertribunal de ética e fidelidade partidárias pós-eleitoral municipal, para tentar justificar que não houve falta de comando político; mas nada suficientemente preventivo, planejado e conseqüente para orientar melhor as vaidades e os projetos pessoais de alguns companheiros.

Veja e ouça o deputado federal Renato Amary, no lamentável depoimento em vídeo exibido pelo PT de Sorocaba: http://www.youtube.com/watch?v=tCzUHoMraLg 

Confesso que sempre admirei o deputado e ex-prefeito de Sorocaba, mas a sua postura nessa eleição não é um exemplo digno do PSDB que ajudamos a fundar em 1988. Para ser mais explícito, reitero: lamentável !

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Quando a crise americana chegar …

No alto dos seus 77,7% de popularidade, o presidente Lula reza (ou ora, para os evangélicos) contra a chegada dos efeitos da crise americana ao Brasil. Ele também não está só no momento de falar com Deus, nesse quesito estamos todos juntos. Mas Lula não tem perdido a oportunidade dos palanques municipais para reforçar a sua antítese, tranqüilizando os seus ouvintes com a informação de que o Brasil têm reservas em caixa de US$ 200 bilhões e que a responsabilidade por resolver a crise econômica mundial é exclusivamente dos EUA.

Hum… Para quem dava de ombros nos primeiros sintomas, entre o final de 2007 e o começo deste ano, agora o comportamento de Lula revela o que sempre foi percebido no Mundo. A vida inteira se soube que qualquer movimento instável na economia americana repercute nos mercados internacionais. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, questionado na ocasião se dormia em paz com essas ameaças, dizia que a turbulência não tirava o seu sono, embora dormisse com "um olho aberto e outro fechado". Nos seus arroubos, Lula não escondia que fechava os olhos para essa situação de "porca que entortou o rabo".

Lula criticou ontem o plano de US$ 700 bilhões do governo americano para ajudar as instituições financeiras. Mudou de posição outra vez, pois recordo que o mesmo Lula, combatente crítico do Proer – Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional criado no governo FHC, chegou a sugerir a George Bush que adotasse esse procedimento para proteger os correntistas americanos: "O Brasil tem know-how para salvar bancos. Tem o Proer. Se eles americanos precisarem podemos mandar tecnologia."

Com o Proer para o saneamento dos bancos privados e o Proes para os bancos públicos estaduais, a sociedade e a economia brasileiras perderam menos com as intervenções do que ao deixar ocorrer uma sequência de falências desorganizadas, abalando todo o sistema financeiro e comendo poupanças, investimentos e fundos de pensões. Lá, os americanos sempre foram incentivados ao consumismo com as hipotecas a perder de vista; por aqui, o governo Lula, paternalista e sem gerar renda, tem facilitado o acesso aos bens de consumo, com crédito fácil e  endividamento popular, que nem imagino onde isso vai parar.

Ferreira Gullar escreveu hoje na "Folha de São Paulo", que "nunca os pobres se sentiram tão protegidos e nunca os banqueiros lucraram tanto no Brasil", para explicar o alto índice de popularidade do presidente Lula. Dentre os fatores e causas disso, as antíteses lulopetistas: "… a estabilidade econômica de que o país goza hoje e de que não gozaria se as teses de Lula, contra o Plano Real, tivessem prevalecido…", a radicalização na política de juros altos e a fusão dos programas sociais de amparo às camadas desfavorecidas da sociedade, antes aplicados em Campinas e Brasília, depois adotados por Fernando Henrique em âmbito nacional e que Lula manteve, ampliou e mudou o nome para Bolsa Família.

O historiador Luiz Felipe de Alencastro, catedrático da Universidade de Paris-Sorbonne, em entrevista ao "O Estado de São Paulo", deste domingo, também comenta a popularidade de Lula e deixa uma interrogação à nossa sorte econômica com os reflexos da crise americana: "Se a crise afetar duramente a economia real, a popularidade de Lula pode desabar. Mas vale lembrar que os efeitos desse caos atual podem ser retardados: a crise de 29 nos EUA veio bater à porta da Europa em 1934 e 1935".

Acho melhor deixar o Lula popular !

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Grampos livres, imprensa não ?

Enquanto corre solta a grampomania, com uma CPI na Câmara dos Deputados e a sensação permanente das nossas conversas bisbilhotadas por terceiros, o governo Lula encaminhou projeto de lei ao Congresso Nacional para punir criminalmente os veículos e jornalistas que divulgarem as escutas telefônicas ilegais ou legais sob segredo de Justiça. Nenhuma ação foi observada até agora para garantir a privacidade dos cidadãos, que continuam desfrutando de um sistema de telefonia frágil, da banalização das autorizações de monitoramento das suas vidas e o bem sucedido negócio profissional dos detetives particulares, além da parceria da Abin – Agência Brasileira de Inteligência com a PF – Polícia Federal. Parece que o governo quer achar outro responsável pela proteção das informações e, ao mesmo tempo, dispor delas como instrumento de controle e pressão comparáveis às ditaduras.

O sigilo telefônico é garantido pela Constituição e cabe à Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações regular que as operadoras de telefonia são responsáveis pela inviolabilidade do sigilo de suas redes. Num país marcado pelos malfeitos dos poderosos, que chegam ao conhecimento da sociedade graças ao trabalho de uma imprensa que ainda é livre, a decisão de punir a imprensa mostra o caráter de censura do atual governo, quando os responsáveis seriam apenas os vazadores dessas informações.

Será que o Congresso Nacional repelirá essa tentativa de impor limites para a liberdade de imprensa ? É sabido que o próprio Congresso tem sido alvo da revelação de conversas gravadas, com denúncias sobre comportamentos não republicanos dos seus deputados federais e senadores. Sem censura, mas oferecendo regras mais claras sobre a utilização dessas informações, com o impedimento do seu uso para a obtenção de vantagens ou provocação de injúria contra citados, acho que teríamos limites importantes para a responsabilidade dos detentores das informações.

Num regime democrático todos temos direito à informação, da mesma forma que precisamos de garantias que impeçam e reprimam os grampos ilícitos e a violação dos grampos legais, até que se concretizem os processos para os quais foram exigidos. Há uma evidente contradição nesse caso, devido à grampomania, porque a imprensa publica conteúdos de gravações que deixaram de ser secretas no momento em que o seu detentor a passou adiante.

Essa questão merece desde logo uma ampla discussão das entidades defensoras da democracia e da liberdade de imprensa, como a Federação Nacional dos Jornalistas, a Associa;áo Nacional de Jornais, a Associação Brasileira de Imprensa, os sindicatos de jornalistas, a Ordem dos Advogados do Brasil e muitas outras organizações da sociedade civil. O seu tratamento é delicado, e precisa garantir também à imprensa a preservação do direito ao sigilo das suas fontes.

A democracia não subsiste sem a liberdade de imprensa e o respeito aos cidadãos !

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Dispersar, jamais !

A história registra muitas frases de efeito, que quase sempre servem bem para a reflexão nos momentos de "cólera". A expressão "não vamos nos dispersar" de Tancredo Neves, após ser escolhido presidente da República no Colégio Eleitoral em 1985, para que a sociedade brasileira continuasse reunida, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão, cabe ao PSDB neste momento quase irracional e derradeiro do primeiro turno das eleições na Capital de São Paulo. Resta espaço para um chamamento à unidade partidária, talvez com um porque não te calas, como sinal de respeito a todos que acreditam ou simpatizam com a força do partido dos tucanos para retomar a direção do Brasil. Não é um espetáculo bonito para o partido e muito menos para a sociedade, esse estranhamento pela imprensa, como uma briga de rua, numa autêntica falta de respeito aos transeuntes.

Daqui a pouco vão sobrar "balas perdidas", tamanho o grau de exacerbação de ânimos entre partidários das candidaturas do PSDB e do DEM. Com isso, nossas caixas de e-mails estão superlotando de "impropérios", para logo mais tentar explicar que no primeiro turno vale-tudo e que a eleição mesmo vai acontecer apenas no dia 26 de outubro. Se o jogo for encarado de forma mais séria, e ainda há tempo para esse cuidado, PSDB e DEM não sairão dessa disputa paulistana desmanchados no ar.

Hoje recebi uma proposta de manifesto contra o fundador do PSDB, Clóvis Carvalho, por causa da sua entrevista no jornal "Folha de São Paulo" e de algumas expressões pouco felizes. A meu ver, esse não é o melhor caminho para fortalecer o PSDB e a candidatura do Geraldo Alckmin. O Clóvis, como todo filiado e militante tucano, também deve merecer respeito, mas infelizmente as suas posições foram escancaradas pela imprensa (do mesmo modo que são useiras e vezeiras as plantações de notas contra companheiros nas principais colunas políticas em todo o país).

Acho que está chegando a hora de parar esse troço, que já está em desabalada carreira. Quanto você tem um partido estruturado, como o PSDB, com democracia interna e instâncias muito bem definidas desde a sua fundação há 20 anos, existem palavras de ordem para as missões políticas e eleitorais, mas há uma direção constituída. Não podemos nos dispersar, apesar dessa enchente de contradições políticas, mas somente essa direção, fortalecida com o respaldo dos seus principais líderes nacionais, pode exercer a determinação de um BASTA, para não gastar novos esforços para reconstruir tudo, depois !

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“Lula tudo bem. O problema é o PT.” ?

Juro que evitei, até agora, comentar sobre a nova frase da campanha do Geraldo Alckmin – "Lula tudo bem. O problema é o PT." – que a meu ver pode ser interpretada como oportunista, uma rendição, que não se coaduna com a origem do PSDB, orgulhosa em se afirmar longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas. Mesmo considerando que atualmente o "pulsar das ruas" indica o recorde histórico de popularidade do presidente da República. Isso não pertence ao PSDB, que deve buscar alternativas mais inteligentes para comparar e acentuar as suas diferenças com o lulopetismo e com o jeito gafanhoto do PT governar. Ao PSDB pertencem Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves, Sérgio Guerra, Arthur Virgilio, José Aníbal, Paulo Renato, Tasso Jereissati, Beto Richa, Gustavo Fruet e o próprio Geraldo, apenas para citar alguns exemplos.

Tivemos oportunidades históricas de uma aliança comum, na Constituinte e no pós-impeachment de Fernando Collor. Porque o PT e o PSDB foram construídos com índole democrática, na luta lado a lado com a sociedade, resultando em bases fortes e muito bem definidas. Porém, cada um a seu modo, optou por exibir estratégias  transformadoras da sociedade bem diferentes. O PSDB, querendo a vitória nas urnas para mobilizar a sociedade e realizar as mudanças necessárias. E o PT, com o mesmo objetivo de vitória, mas querendo ocupar a vanguarda do trabalhador e, como partido, ocupar o Estado e daí promover as mudanças.

A eleição para a Prefeitura de São Paulo reacende esse debate diferencial. E não se trata de nacionalizar o discurso político, porque o paulistano quer um governo identificado com a solução dos problemas locais, no sistema de saúde, nos transportes públicos e no verdadeiro caos viário. Ao mesmo tempo, é possível resgatar na memória o estado da Prefeitura quando José Serra assumiu em janeiro de 2005 e foi obrigado a realizar ajustes vitais, que evitaram a falência da maior cidade da América do Sul.

Deixando de lado, um pouco, o cenário da disputa e das últimas pesquisas, nada justifica a negação de posições recentes do próprio Geraldo Alckmin, quando concedeu entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo" (26/03/2007), para contestar uma proposta de trégua ao PSDB por parte do presidente Lula: "Ele não entende a lógica democrática… É tão patriótico ser governo quanto ser oposição. O que a oposição tem de fazer é criticar, fiscalizar, cobrar…"

Incomoda ver na imprensa os comentários de que o comando do PSDB faz vista grossa ao esforço de seus candidatos, por todo o país, para se associarem ainda que "de lado" à imagem de Lula. Há um preço para cada eleição. As contingências desfavoráveis de hoje, em alguns municípios, não podem levar ao desespero de causa, porque o marketing político, a criatividade publicitária e as avaliações por meio de pesquisas não substituem a coerência do discurso e da sua prática.

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Serra nomeia Edmur assessor especial.

O Diário Oficial do Estado, desta terça-feira, estampou a dupla designação do ex-deputado estadual do PSDB, Edmur Mesquita: ele é o mais novo assessor especial do governador José Serra e responderá também pela diretoria executiva da Agência Metropolitana da Baixada Santista – AGEM. Com esse desfecho, o governador definiu o substituto de Rubens Lara, que há seis meses nos deixou prematuramente. São grandes os desafios que serão enfrentados por Edmur, numa região que vem recebendo do governo estadual muitas ações transformadoras.

Não falta experiência e sensibilidade política ao Edmur, um tucano histórico que conhece como poucos a realidade regional da Baixada Santista, do Litoral e do Vale do Ribeira. Serra tem focado a região com as suas prioridades de governo, em especial o saneamento, com os programas "Onda Limpa" e "Água no Litoral" da Sabesp; a recuperação da Serra do Mar, com a execução de projetos habitacionais para os moradores dos bairros-Cotas de Cubatão; os investimentos na infra-estrutura viária do Porto de Santos, de São Vicente e de Cubatão, sem falar no turismo com o Museu Pelé e a Plataforma de Pesca de Mongaguá, na prestação de serviços aos cidadãos com o "Poupatempo Regional de Santos", dentre outras ações.

Edmur deixou recentemente a vice-presidência da Fundação Casa, onde cumpriu com sucesso a missão de compor e executar um amplo programa de parcerias da instituição com empresas privadas importantes. Seu nome chegou a ser cogitado como candidato a vice-prefeito de Santos, nas eleições deste ano, com João Paulo Tavares Papa (PMDB). Ele já passou pela AGEM em 2006, mas agora retorna com a força acumulada pela assessoria especial do governador José Serra, o quê sem dúvida ampliará o seu papel de principal articulador do governo do Estado com os atuais e os futuros prefeitos da região. 

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A água, em questão !

DE ZARAGOZA (ESPANHA) – Faz dois dias que visito a Expo Zaragoza 2008, que conta com a participação de 100 países e onde a água e o desenvolvimento sustentável concentram toda a atenção. A água tem o mesmo significado em todos os idiomas e o movimento de pessoas de todas as idades por aqui mostra bem a dimensão que o mundo começa a dar ao tema, como sustentação da vida, meios de subsistência e modos de utilização. Parece óbvio, mas vale a pena refletir sobre o conceito de que a água e o desenvolvimento sustentável são conceitos interdependentes: sem água não há desenvolvimento sustentável e sem desenvolvimento sustentável acaba a água.

Hoje não há uma reserva mundial de água, um país identificado com a salvação da espécie humana. Percorrendo a Expo, em toda a sua extensão, é possível considerar a busca contínua de todos por fontes alternativas de captação, tratamento, oferta e reaproveitamento do líquido mais precioso. Essa busca não restringe aos alertas, comuns em todos os estandes, estações, show-roons e pavilhões espalhados pelo evento mundial, mas nos dá a dimensão do que cada país vem realizando no planejamento urbano e populacional, bem como a correção dos estragos com a ocupação desordenada.

O evento em si é um avanço em relação à defesa do meio ambiente, e do desafio transversal da gestão da água com implicações no domínio da saúde, da proteção ambiental, do desenvolvimento econômico, da paz e da segurança. Os esforços serão coroados de êxito com foco em educação ambiental, que no Brasil já são percebidos pelos governos e pelas empresas públicas e privadas responsáveis pelo saneamento básico. Recentemente o governador José Serra e o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, estiveram no Japão, tratando de novos financiamentos para a redução de perdas de água, que, aliás, é um tema da Expo, quando assinala como um desafio inteligente a inovação para a sustentabilidade.

2008 é o "Ano Mundial do Saneamento", conforme aprovação da Organização das Nações Unidas, que definiu o ano passado como o "Ano Mundial da Água". Em Zaragoza você viaja sobre abusos cotidianos e logo desperta para o senso responsável. Retorno nesta segunda-feira com muitas idéias e adaptações para uma comunicação ainda mais eficiente sobre o uso racional da água. Há países muito mais avançados que o nosso, nesses cuidados, mas temos amplas condições de responder a tudo isso, com a efetivação de programas estruturados para reforçar a necessidade do equilíbrio entre o uso da água e o desenvolvimento.

Organismos internacionais indicam que nos países em desenvolvimento, a falta de acesso à água potável e ao saneamento é uma das causas principais de doenças e mortes. É igualmente um dos principais fatores que travam a educaçao e o desenvolvimento econômico. Dentre os muitos números apresentados, elenquei que 20 litros é a quantidade mínima de água que se estima que qualquer ser humano devia dispor para consumo diário (em algumas regiões, este volume não é sequer acessível); e que o consumo diário de água de um europeu é de 200 litros, enquanto um norte-americano consome 600 litros. No Brasil consumimos mais de 250 litros por dia.

A estratégia utilizada pelos organizadores desta Expo simula uma viagem à Disneylândia, mas linkada com a realidade. Não há fantasia por aqui. Chocamos com o jeito como deixamos até agora o mundo para as futuras gerações. Quando está em causa "salvar o futuro, cada gota conta…", registra documento da União Européia. Por isso, e pelas consequências desse alerta, que tive o privilégio de testemunhar graças à delegação e ao apoio do Governo do Estado de São Paulo e da Sabesp, a Exposição Internacional de Zaragoza – Água e Desenvolvimento Sustentável (promovida de 14 de junho até o próximo dia 14 de setembro de 2008) servirá de bússula para muitos programas e ações governamentais para a proteção da água nossa de todos os dias.

A água, em questão ! Read More »