Enxurrada de leis injustas ?
Nunca antes na história deste país, se viu tantas leis injustas, iníquas e arbitrárias. Afinal, o quê está acontecendo com os legisladores e com a interpretação do Judiciário ? Comentei neste espaço sobre a posição do Tribunal Superior Eleitoral de permitir que candidatos com fichas sujas pudessem disputar as eleições municipais deste ano, antes que provassem o contrário. Um tema tão polêmico quanto a proibição de beber, dirigir e ir para a cadeia por isso; e a fidelidade partidária, indispensável para o fortalecimento das instituições políticas. O Congresso Nacional quer flexibilizar tudo, contornando as decisões do Supremo Tribunal Federal e do TSE. Esse cenário gera insegurança jurídica, num Brasil que é useiro e vezeiro em fazer que o seu povo disponha de leis mais iguais para uns do que para outros.
Lendo atentamente todas as opiniões sobre as novas regras para se viver em nosso país, os questionamentos são inevitáveis sobre a enxurrada de leis que, refletindo melhor, estão distantes da nossa realidade. Estou convicto de que essa é a razão pela qual não há Cristo que possa garantir a sua aplicação e eficácia. A impunidade, na maioria das vezes, é decorrente das brechas e da fragilidade na apuração dos fatos. As leis brasileiras não são frágeis.
Certa vez o jurista Miguel Reale Júnior comentou sobre os desastres da legislação, condenando especialmente as falhas na lei penal, a meu ver com uma posição que cabe bem aos dias atuais: "Temos de um lado exageros, com penas extremamente rigorosas e de outro condescendência. Vai-se da extrema benevolência ao extremo rigor, sem nenhuma proporção".
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado começou a examinar proposta que torna inelegível os políticos condenados em primeira ou única instância pela prática de crimes diversos. O Congresso, nesse caso, quer garantir que o STF disponha de amparo jurídico para barrar os candidatos com ficha suja por condenação, liberando os simplesmente processados. O juízo, nesse caso, ficaria à critério dos eleitores, no momento em que buscarem informações sobre a vida pregressa do potencial escolhido.
No caso da operação "alcool zero", ainda haverá muito pano pra manga. Os depoimentos de especialistas em direito, policiais, comerciantes e motoristas estão confundindo e criando uma sensação de lei que pode ser temporária. Os grupos de pressão estão agindo, a exemplo do corporativismo parlamentar no Congresso Nacional, com a regra da fidelidade partidária, que começa a enfraquecer graças a um projeto do deputado federal Flávio Dino (PCdoB-MA), abrindo brechas para a volta do troca-troca partidário; ou com a possibilidade do TSE fazer interpretações das leis eleitorais, restringindo os seus poderes para impedir que expeça atos normativos.
Não posso afirmar categoricamente que as leis que fazem parte da ordem do dia na sociedade são injustas. Iníquas e arbitrárias fomentam insegurança, isto sim !
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