Blog do Raul

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Inferno astral na mordomia dos reitores.

O uso abusivo dos cartões corporativos está servindo para demolir reputações no serviço público. Faço coro àqueles que defendem a sua existência, justamente porque ele dá mais transparência à relação de gastos. Tome como exemplo a fatura do seu cartão de crédito pessoal. Ele é o registro fiel das suas compras limitadas e você sabe que sacar dinheiro no caixa custará ainda mais. Como é diretamente do seu bolso que sairá o prejuízo, você pensa duas vezes; essa a diferença do corporativo, o dinheiro é seu, indiretamente, e uns privilegiados extrapolam. Pelo noticiário dominante, a sensação é de que não sobrará pedra sobre pedra, se as investigações forem mais sérias para respeitar os recursos públicos. O péssimo exemplo do reitor da UnB e a sua "punição" com a organização dos estudantes pode ser o fio da meada…

Realmente, o reitor Timothy Mulholland, da Unb – Universidade de Brasília, extrapolou na farra da montagem do seu apartamento funcional. Dentre tantos luxos, aqueles latões de lixo de alumínio ou aço escovado, que custaram a "merreca" de R$ 1 mil cada ou o saca-rôlhas que só poderia ser de ouro, por R$ 850, se não fossem capazes de provocar a indignação dos estudantes e da comunidade universitária, logo deduziríamos que nas suas veias corriam sangue de barata.

Na lixeira da história, perdoem o trocadilho infeliz, a mobilização estudantil lavou a alma de cidadãos que duvidam que as CPI’s sobre o mesmo tema não acabem em pizza. Esse comportamento, radicalizado com a invasão do prédio da reitoria da UnB, há 11 dias, resolve uma parte do problema nacional. Pena que a sociedade brasileira não reaja da mesma forma para exigir respeito com a coisa pública, em todas as esferas de governo, onde se confirmou a mesma farra.

É lamentável que o Congresso Nacional continue perdendo a luta pela faxina e pela volta da dignidade geral. As últimas declarações da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), em que revela a sua disposição de abandonar a presidência da CPI dos cartões, porque não consegue pautar um depoimento de governantes envolvidos direta ou indiretamente no caso, aumenta o nosso desalento, mas leva à comparação com os estudantes brasilienses, que nem precisaram pintar as suas caras para provocar a renúncia do reitor Timothy.

Os jornais de hoje expõem os gastos do reitor Ulysses Fagundes Neto, da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo, que fez compras pessoais em suas viagens ao exterior, com o cartão corporativo. Até o momento em que escrevia este post, não constatei movimentos pela renúncia do reitor paulista.

Lí que o ministro da Educação, Fernando Haddad, baixou regras novas para a gestão dos recursos das universidades federais, quando oriundos das chamadas fundações de apoio. Imagino que o tema autonomia universitária retomará o centro dos debates. No entanto, se a receita de tratamento dispensado às centrais sindicais e aos sindicatos, no tocante aos recursos públicos que recebem, for repetida, quem sabe a autonomia universitária servirá para impedir a fiscalização da farra dos gastos dos reitores.

Nesse mundão das corporações, combinando o jogo com o atual governo, uma única e singela palavra de ordem: estudantes neles!

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Algo de podre nas descobertas de petróleo ?

As descobertas de petróleo na Bacia de Santos não páram. As ações da Petrobrás explodem na Bolsa de Valores, mas até agora não se viu uma gota desse óleo precioso nos reservatórios da empresa. A estimativa oficial da nova reserva, de 33 bilhões de barris, que lhe dá a classificação de terceiro maior campo de petróleo do mundo, não foi comunicada como fato relevante ao mercado de ações, como deve agir qualquer empresa de capital aberto. Isso dá margem à desconfiança de que alguém está especulando e levando vantagem com essas notícias mensais da Agência Nacional de Petróleo. Aí tem…

O campo foi denominado provisoriamente de Carioca e, segundo o diretor Haroldo Lima, da ANP, é cinco vezes superior ao Tupi, que até então era apontado como a maior descoberta em nosso país. Foi achado na camada ultra-profunda pré-sal, onde, segundo especialistas, é um local de elevado potencial para descobertas. Porém, com chances muito remotas de exploração breve, porque o Brasil não dispõe de técnicos capazes para realizar esse trabalho e a Petrobrás não está suficientemente aparelhada para esse fim.

Trata-se de mais uma divulgação irresponsável, bem ao estilo do governo Lula, que foi bem definido hoje, pelo filósofo Roberto Mangabeira Unger (ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos) em entrevista ao jornal Valor Econômico: "Essa prosperidade superficial e frágil não nos deve enganar a respeito da situação em que estamos. Ainda não encontramos o caminho necessário da reconstrução industrial".

Pena que há muita gente que ainda acredita nesse governo. No caso de Santos e de toda a Baixada Santista, há muita expectativa do boom das descobertas de petróleo e gás nas suas bacias mais próximas do Rio de Janeiro. A Petrobrás está se instalando em dois prédios da região, superlotando estações de trabalho de executivos bem pagos, numa viagem precursora da vinda dos royalties para os municípios.

Sobre isso, quem leu a manchete do jornal O Estado de São Paulo desta segunda-feira, "Petróleo financia farra de contratações nos municípios". Em Campos (RJ), entre 2002 e 2006, o aumento do número de servidores foi de 207%; sem falar que o prefeito local, Alexandre Mocaiber (PSB), foi acusado de usar fundações e organizações não-governamentais para desviar mais de R$ 200 milhões na contratação de 16 mil funcionários terceirizados.

No mesmo jornal, há o registro do caos nos municípios cariocas que, valendo-se do dinheiro dos royalties do petróleo, atraem pessoas de todas as regiões do país, a maioria sem qualificação, sem renda, sem casa e fazem explodir os índices de ocupações irregulares de moradias e esgotam os sistemas de serviços públicos, principalmente nas áreas da educação e da saúde.

Esse é o filme que pode ser reeditado na Baixada Santista, se os municípios ficarem de braços cruzados contemplando os factóides da prosperidade. Por falar em Petrobrás, companhia de todo o povo brasileiro, nesse governo de "elevados índices de sucesso", como se explica o prejuízo de R$ 1 bilhão amargado na área internacional no ano passado, dos quais R$ 940 milhões apenas no quarto trimestre, por causa dos resultados negativos nas atividades exploratórias dos EUA e Colombia; além de contabilizadas perdas no Equador ?

Alguém está faltando com a verdade ? Pode até ser, mas acredito também nessas descobertas. Só não é possível aceitar a negligência e o oportunismo que assola e explora o nosso Brasil. Chega! 

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Acorda, para uma agenda crítica !

Não há mea culpa a fazer em relação às críticas mais contundentes ao governo Lula e à sua passividade com os escândalos e maus exemplos. O papel da imprensa, com as suas reportagens, analistas e blogs, deve ser de investigar e opinar a fundo, para alertar os representantes da sociedade que exercitam o poder em qualquer esfera e para estimular ações e sensações de mudanças possíveis. Nada de crítica pela crítica, como se fosse apenas para desconstruir um projeto de interesse público desafinado com as nossas convicções.

Do que adianta ficar apenas apontando os erros dos outros e governando com o olhar no retrovisor, se falta capacidade de apresentar soluções? Os erros atuais são muitos e devem continuar na pauta, até porque a eficiência da sua correção é tão remota, que concomitantemente é necessário ampliar o espaço para questões que dizem respeito a uma agenda positiva, que oriente o debate para o plano das idéias, longe dos ataques pessoais ou de natureza partidária.

Nesse sentido, quando agendarmos posições acerca da atual política econômica, que agrada e faz sucesso desde o advento do Plano Real, com Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, é preciso considerar políticas que efetivamente reduzam a carga tributária e ampliem a capacidade de produção no país. Ou sobre as políticas públicas de transferência de renda, como a Bolsa Família, que paralelamente apresentem direcionamentos para que estas deixem de ser apenas compensatórias, para significar emancipatórias de fato com formação técnica profissionalizante, emprego e oportunidades de geração de renda familiar.

Dentre as políticas públicas básicas, como Saúde e Educação, qualquer um é capaz de formular um diagnóstico sobre a situação precária desses setores. A saúde vive um verdadeiro caos, e é um setor que exige um reforço de monta nas suas verbas, além da melhoria do seu modelo de gestão. Na educação, alguém discordará que o maior desafio é pela melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis?

Quanto à infra-estrutura, o Brasil precisa muito mais que ondas de investimentos a cada quatro anos. É fundamental um choque de planejamento e a execução de políticas que assegurem construções e manutenções permanentes das obras e serviços públicos que elas proporcionam, para que o país deixe para trás o retrato de abandono e sucateamento.

Para começar, acho que estes temas poderiam localizar ou formular a agenda que o país reclama. O exercício, por si só, colocaria os temas no cenário político, contribuindo para chacoalhar o Congresso Nacional, que perde tempo fazendo o papel que melhor caberia ao Tribunal de Contas da União ou à Polícia Federal. Decepciona ver um parlamento sem foco, quando há urgências e o entendimento míngua.

A CPI dos Cartões Corporativos, por exemplo, domina as atividades dos deputados federais e senadores, enquanto o governo cumpre uma pauta política que visa exclusivamente o desgaste do parlamento e da oposição. Pior que isso, a oposição, que não mescla o seu papel com uma agenda propositiva, fica desmoralizada.

E ainda perde o bonde da história em relação aos casos da CPI das verbas para as entidades não governamentais e do veto à fiscalização dos recursos públicos repassados aos sindicatos e centrais sindicais. Há munição de sobra contra o governo Lula, mas os políticos brasileiros precisam modificar logo esse jeito omisso de se contentar com holofotes esporádicos. Ao aceitar as regras do jogo, ninguém tem mais notícia das reformas política, tributária e previdenciária, apenas para citar algumas.

Como discutir e se projetar contra o urdido terceiro mandato, a re-reeleição, se amanhã tem sessão parlamentar para continuar a discussão sobre a qualidade da tapióca do ministro dos esportes ou para aceitar que o governo monta dossiês para a oposição vazar?

O Brasil está parado, apesar de tantas alternativas concretas para sair dessa mesmice. Não vejo futuro em projetos artificiais, que se sustentam apenas nos discursos demagógicos e no abuso da publicidade institucional. Está na hora de acordar e querer mais que tudo isso, bem além da esperança!

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Viaje “Pelas Curvas das Estradas de Santos” !

Capa Pelas Curvas - AbertaCapa Sérgio Willians é um jornalista interessado e apaixonado por Santos e pelo litoral paulista. Trabalhamos juntos em diversos projetos políticos e de imprensa regional. Em todos os momentos, de uma amizade que completa 18 anos em 2008, me impressionei com o seu apetite pela pesquisa histórica e pelo jornalismo investigativo. Foi nesse período que Sérgio "lecionou" comunicação global, mundo virtual, Internet e fez-me experimentar novas ferramentas no jornalismo e na política. Este blog, por exemplo, nasceu das suas provocações e faro fino. Criativo, mas de temperamento reservado, agora Sérgio Willians saiu definitivamente da toca com a descoberta da primeira viagem de carro de São Paulo a Santos pela Serra do Mar, numa viagem que durou 37 horas.

Isso aconteceu há 100 anos, em 16 de abril de 1908, e representa o marco zero do desenvolvimento rodoviário no Brasil. Como expus no início, o trabalho do "arqueólogo" Sérgio Willians, na Internet e, principalmente, no google, ganhou conteúdo riquíssimo e interessante. Ainda bem que ele, a duras penas, conseguiu a aprovação do projeto no Ministério da Cultura e, graças à Lei Rouanet, contou com os patrocínios da Usiminas e da Cosipa – Companhia Siderúrgica Paulista, e os apoios da Fundação Arquivo e Memória de Santos e da Unimes – Universidade Metropolitana de Santos, sem os quais não seria possível a sua concretização.

Desse projeto nasceu um livro muito bonito, "Pelas Curvas das Estradas de Santos", que fará os seus leitores viajarem no tempo, experimentando impressões e sensações muito antes daquelas que reforçaram a inspiração na música de Roberto Carlos, sobre o mesmo tema.

O livro de Sérgio será lançado neste domingo (13), a partir das 18h00, no Espaço Cultural Casa de Frontaria Azulejada, na rua do Comércio, 96, no Centro Histórico de Santos. Um momento e tanto para nos reencontrarmos com a história, em todos os sentidos.

Saiba mais do projeto e do livro do Sérgio, acessando o link: http://estradasdesantos.com.br/blog/o-evento

Sergio WilliansSérgio Willians, parabéns!!!

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Candidatos próprios ou apropriados ?

O PSDB decidiu orientar os seus dirigentes, para que apresentassem candidaturas próprias em todos os municípios do país. Essa não é uma tarefa simples, porque quando bate a lucidez política, para não dizer racionalidade, há dirigentes buscando candidatos apropriados para resolver os problemas da maioria da população. Acontece que nem sempre o momento favorece às candidaturas próprias, porque há uma predileção ou reconhecimento local pela capacidade de figuras que não integram a legenda.

Trocando em miúdos, no PSDB ou em qualquer partido é fundamental que não se perca de vista o interesse público. Sei que estas considerações levarão tucanos a pensar que sou contra o lançamento de nomes próprios. Muito pelo contrário, sou favorável que o partido esteja mais sintonizado com a sociedade, contabilizando alguns sacrifícios de militantes ou lideranças locais, obrigados a concorrer, às vezes sem nenhuma condição, apenas para marcar uma posição política, mas consciente de que precisa considerar a hipótese de alianças fortes de curto, médio e longo prazos.

Veja o caso de Santos. O PSDB dispõe de dois deputados estaduais eleitos em 2006, depois de um jejum de oito anos sem eleger um. Conta com dois vereadores fortes na Câmara Municipal. Participa de um governo bem sucedido e aprovado pela população. Teve um nome próprio colocado à disputa (deputado Bruno Covas), para cumprir a orientação partidária, mas retirou a sua disposição quando houve uma decisão pela preservação da aliança local com o PMDB do prefeito João Paulo Papa.

Bruno errou ? Sim e não ao mesmo tempo. Como pode isso ? Reforça a tese do encimadomurismo do PSDB ? O PSDB sempre teve candidatos próprios em Santos, desde 1988 quando foi fundado, e chegou mais perto da Prefeitura em 1996, com uma excelente votação de Edmur Mesquita. Bruno poderia repetir o feito de Edmur ou de Papa em 2004, que se elegeu. Nada garantiria o seu sucesso, senão o partido convicto de uma vitória e unido de fato para conquistá-la.

Mas Bruno acertou em seguir a decisão da maioria do seu diretório santista, que agora aguarda o consentimento da direção estadual do PSDB. Acho cedo, porém, que se verifique nos bastidores uma disputa para o cargo de vice-prefeito de Papa, quando ainda depende de decisão de uma instância superior, que age sensível aos movimentos locais, desde que não se pretenda uma solução de continuidade, por falta de liderança ou de capacidade de se tornar uma alternativa viável numa próxima disputa direta da Prefeitura.

O PSDB não vive dilema em Santos, de candidatos próprios ou apropriados. Em São Paulo, por exemplo, a discussão está num outro patamar. O PSDB dispõe de nome viável eleitoralmente, contudo está dividido porque ainda não consegue separar os seus projetos presentes e futuros. A última pesquisa do IBOPE preocupa pela incidência de novos fatores na disputa (Maluf, por exemplo) e a projeção da petista Marta, que nesta quinta-feira apareceu na primeira página da Folha de São Paulo, fazendo campanha com crianças num parque de diversões, a pretexto do Dia Nacional da Alegria.

Sem contar que ainda há no PSDB e em outros partidos, ex-prefeitos que não puderam se re-reeleger, mas que fizeram os seus sucessores e agora não desejam que as suas criaturas se reelejam, mesmo com gestões municipais aprovadíssimas! Enfim, cada um é cada um, enquanto não se tem uma agenda clara e promissora para o futuro! 

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Cadê a agenda deste país ?

O brasileiro gosta de decidir e votar, mas muitas vezes não se dá conta do devido valor da democracia. Quantas vezes testemunhamos críticas preconceituosas em relação aos personagens da política e ficamos com cara de pois é ? Personagens sem exemplo de vida ou uma proposta de interesse público, que se apresentaram aos partidos, conseguiram legendas para disputar eleições, foram eleitos e hoje compõem a maioria num cenário de políticos que só pensam no próprio umbigo. Culpados, quem, quantos ? Todos nós que não alertamos devidamente a sociedade e deixamos o barco correr, nesse rio turvo da política brasileira, carregado de figuras com horror da transparência.

É ou não é constrangedor ler a notícia de que prefeitos de 16 cidades são presos por suspeita de desviar R$ 200 milhões ? Envergonha ou não a manchete sobre o ministro das Cidades admitir o uso eleitoral do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento do governo Lula ? Surpreende ou não, que a investigação dos gastos irregulares dos cartões corporativos se tornou o principal ponto da agenda política nacional ?

Essas dúvidas diante de constatações escancaradas nos levam a refletir sobre o comentário do Pelé, que o brasileiro não sabia votar. Será que naquela época, quando a ditadura ainda reinava em nosso país, o povo brasileiro estava sedento para decidir um outro destino para si ? Estava e até se mobilizava para engrossar os movimentos populares em defesa da democracia.

O processo político, desde a redemocratização, é que tem sido pouco transparente, em razão da indefinição doutrinária e ideológica dos partidos atuais. No passado haviam duas opções, MDB e ARENA. Com isso víamos o exercício do contra e do a favor, sem alternância no poder. Era mais fácil desfraldar bandeiras de lutas, havia conteúdo em todos os movimentos da sociedade. Bem diferente de hoje, quando se fala que os políticos são "todos farinha do mesmo saco".

Reparto estas reflexões, meio indigestas, para provocar os leitores deste blog a uma nova travessia, menos precipitada, menos reacionária. Volto a citar expressões de FHC, mescladas das filosofais palavras de Lula, de que nunca antes, na história deste país, perdemos tantas oportunidades de resgatar a decência e a dignidade.

Não tenho receio de dizer que ainda confio na restauração de uma agenda para o Brasil, mesmo sem Mário Covas e Franco Montoro entre nós!

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Até quando a bandalheira será premiada ?

O quê esperar de um governo que afaga cassados por bandalheira, premia fabricadores de dossiês e mantém a sete chaves os gastos da cozinha presidencial ? Nada além de uma doce ilusão, que isso pode mudar a partir de janeiro de 2011, sem mais Lula-lá ! Questionamento e resposta resultaram da semana passada inteira lendo e ouvindo o presidente da República nos palanques. Mas, nos jornais de hoje e revistas deste final de semana, sobraram zombarias lulo-petistas, com o balanço da saúde brasileira, que teve 489 surtos de doenças em 2 anos, com as vantagens dos sindicatos e centrais sindicais e com a nomeação de Erenice Guerra para o Conselho Fiscal do BNDES.

Todos estamos cansados de saber as razões que levaram o deputado cassado Severino Cavalcanti perder o seu mandato. O fio da meada foi puxado pelo achaque ao concessionário do restaurante da Câmara dos Deputados. Derrotado nas urnas, mas prometendo voltar, Severino sentiu a mão de Lula sobre a sua cabeça, chamando-o de vítima do preconceito das elites de São Paulo e do Paraná.

Em harmonia com esse gesto, repetido, aliás, quando assessores presidenciais foram flagrados em hotel na cidade de São Paulo, transportando malas de dinheiro para comprar dossiês contra tucanos nas eleições de 2006, Lula os afagou banalizando o ocorrido com a caracterização de "aloprados", porque são gente inocente, inimputáveis.

Na sua edição de hoje, o jornal Folha de São Paulo denunciou que Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil e braço direito da ministra Dilma Rousseff, assume nos próximos dias uma vaga no Conselho Fiscal do BNDES, o que lhe garantirá renda extra de R$ 3.500,00 para participar de uma reunião por mês. A "aloprada" Erenice coordenou a montagem do dossiê com informações sobre os gastos da família de Fernando Henrique Cardoso.

O governo Lula tenta com essa medida impor freio às investigações da CPI dos cartões corporativos e dos gastos das autoridades governamentais. Curiosamente ele expõe os gastos de FHC, que já sugeriu expor as contas realizadas no seu governo e no de Lula também. A resposta: silêncio comprometedor e contrário à transparência no trato do dinheiro público. Será que a presidência da República promove folia com esses recursos ?

Fernando Henrique escreveu hoje, no jornal Estado de São Paulo, sobre a oportunidade perdida pelo governo Lula "de dar um salto grandioso na construção de uma Nação decente". Nessa mesma edição, matéria sobre saúde pública, destaca que o "Brasil registrou 489 surtos de doenças nos últimos dois anos". Um conjunto de doenças transmissíveis que incapacitam e matam, como a dengue, que já matou quase 400 brasileiros desde a posse do "presidengue" (dói a alcunha, não?).

Para finalizar, atendendo à sugestão da leitora Dorô, deste blog, destaco os feitos de figuras importantes da oposição, pelo senso responsável e eficiente: é hora de premiar a estabilidade da economia (Plano Real), a rede de proteção social com as políticas de transferência de renda (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Vale Gás e PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), a revolução educacional (Fundef, Dinheiro Direto na Escola, ENEM, Provão, TV Escola, Parâmetros Curriculares Nacionais, PROEP e FIES), a revolução na saúde (genéricos, quebra de patentes dos medicamentos de combate a AIDS e PSF – Programa de Saúde da Família, universalização do SUS), investimentos pesados em infra-estrutura (Avança Brasil) e por aí foram os feitos de FHC …

Até quando zombarão de nós ?

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Lula não é a única esperança.

Se as eleições fossem hoje, o governador José Serra seria eleito o novo presidente do Brasil. Os últimos levantamentos do Datafolha e da CNI/Ibope indicam essa direção, dentro das atuais regras do jogo. Mas são relevantes as taxas de aprovação de Lula, em todas as faixas de renda, assim como os movimentos do PT e dos seus aliados em abrir os caminhos institucionais para tentar um terceiro mandato. Embora discorde da continuidade do lulo-petismo por mais quatro anos, acho legítimo que eles tentem essa possibilidade casuística no meio de tantas ações reprováveis.

A meu ver perdemos tempo em demasia com algumas estratégias parlamentares, que apenas desgastam a importância do Congresso Nacional como agente político de organização e fortalecimento dos partidos, e da própria sociedade. Nem os holofotes das CPIs são eficazes para desgastar um governo que, pela reincidência de escândalos, parece ter criado anticorpos. Então, qual o espaço livre para sugerir novos caminhos para o Brasil, senão for o de construir pontes com o próprio lulo-petismo?

Semana passada, não consegui engolir a receita de Lula, que se diz preocupado com a organização da sociedade para não permitir que país tenha o retrocesso. O crescimento da sua popularidade legitima a sua soberba e o menosprezo aos seus opositores. Sabe-se que o presidente Lula rege uma orquestra desafinada, mas toca a música que o povo gosta de ouvir, do seu melhor jeito populista, arrogante e, quando contrariado, raivoso.

A desconstrução dessa "instituição" nacional exige contrapontos históricos, com bases programáticas e reafirmação da paternidade de tarefas executadas, bem sucedidas e sem escândalos. Nunca é demais ligar o atual momento à luta pela redemocratização do país, à criação e elaboração do plano de estabilidade econômica, às reformas do Estado e organização de uma rede de proteção social, a partir das reformas educacionais e na área da saúde, durante os governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

Estou mais convencido que foi excelente derrotar a prorrogação da CPMF. Mas me angustia a impunidade sob o manto ético e moral do governo Lula, bem como a sua condescendência episódica com ex-parlamentares, como Severino Cavalcanti, e os seus aloprados petistas, que insistem nos dossiês e chantagens. A própria CNBB explicitou no seu documento "Análise da Conjuntura", de forma generalizada, que "a política, os partidos e o Poder Judiciário perderam credibilidade diante da corrupção e do corporativismo que favorecem a impunidade".

O vice-presidente José Alencar, o prefeito de Recife, João Paulo, o deputado cassado José Dirceu e o deputado Devanir Ribeiro, empunham a bandeira do terceiro mandato. O governador Aécio Neves prossegue no seu movimento para dentro do lulo-petismo, articulando politicamente com Ciro Gomes, que faz tudo para tentar inviabilizar o governador José Serra, que é uma nova esperança para o Brasil.

Se não formos capazes de consagrar que Lula não é a única esperança para fazer este país avançar e se consolidar, serão remotas as chances de derrotá-lo nas urnas em 2010. Não podemos esquecer também da afirmação recente de Dirceu, de que "aquilo que ruim para o Serra é bom para nós".

Nós quem, cara-pálida ?

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Educação perdeu Cida Santilli !

Muita gente do mundo político ainda não sabe que a professora Maria Aparecida de Campos Brando Santilli, ou simplesmente Cida Santilli, faleceu no último dia 22 de março. Hoje, penúltimo dia do 52.º Congresso Paulista de Municípios, em Santos, encontrei tucanos que ignoravam esse acontecimento e ficaram pasmados com essa triste notícia. A educação e o PSDB perderam uma militante, que mesclava sua carreira de professora e pesquisadora à de cidadã ativa na vida político-social.

Cida Santilli era viúva do ex-prefeito de Assis, José Santilli Sobrinho, e mãe do ex-deputado federal Márcio Santilli. Nos últimos anos ela liderava as ações do secretariado de mulheres tucanas e participava dos grupos relacionados à educação e à formação política.

Cida Santilli foi amiga do educador Paulo Freire e uma das pioneiras em relação aos estudos africanos e à ficção contemporânea portuguesa. Dirigiu na USP o Centro de Documentação para a América Latina, foi membro do Conselho Estadual de Educação (SP) e presidente da Associação Brasileira dos Professores da Literatura Portuguesa.

Recordo-me de vários momentos em que estivemos trabalhando em causas comuns. Escrevo este comentário para registrar a minha homenagem singela e o meu profundo respeito pela sua história de vida. Saudades, Cida Santilli !!!!!!!!

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Primeiro turno eleitoral de abril.

O movimento é reservado aos líderes e dirigentes dos partidos, e funciona como um turno eleitoral sem voto direto. Ninguém perceberia as suas articulações, se não fosse a exposição até das posições contraditórias pela imprensa. A corrida começou e à essa altura do campeonato, com os últimos números da pesquisa do Instituto Datafolha para a prefeitura de São Paulo, em que Geraldo Alckmin e Marta Suplicy estão empatados tecnicamente – com respectivos 28 e 29% -, novos lances estão por vir, patrocinados pelo governo Lula: Paulo Maluf e Orestes Quércia.

Hoje é possível dizer que a presença desses novos atores no processo eleitoral serve para dividir os votos da união PSDB-DEM. Quem sabe a justificativa que faltava para impulsionar a unidade das duas principais candidaturas do campo oposicionista nacional – Alckmin e Gilberto Kassab. Tenho em mente uma proposta para tucanos e democratas, sem recorrer a orações ou rezas bravas: aquele que estiver em melhor situação numa pesquisa na primeira semana de junho será o candidato a prefeito da aliança paulista.

A meu ver essa combinação política não ficaria restrita às eleições municipais, pré-definindo um projeto de longo prazo para o governo do Estado e para as duas vagas que serão disputadas para o Senado em 2010. Não me recordo de um acordo político assim em 2004, mas é bom relembrar que, em 2006, a então pré-candidata ao Senado pelo PSDB, Zulaiê Cobra, abriu mão dessa condição para o DEM, para atender à manutenção da aliança entre os dois partidos.

Ainda bem que o silêncio tomou conta da situação nesta semana, porque antes da divulgação do Datafolha estava corroendo as estruturas dessa aliança política. O crescimento de Marta é sintomático, porque ninguém pauta os programas iniciados por José Serra e continuados por Kassab na Prefeitura. Se pautassem, haveria o exercício do debate e da comparação com os feitos do PT, que resgatariam a vantagem das políticas públicas do PSDB/DEM no governo da cidade de São Paulo, contra os escândalos do lulopetismo local nas áreas de coleta de lixo e na gestão dos transportes, por exemplo.

Acho ilógico o PSDB protagonizar uma verdadeira autofagia (nutrição à custa das reservas do próprio organismo), ao revelar votos no DEM antes da definição de um caminho de entendimento e sensatez.

Reconheço os esforços do José Henrique Reis Lobo para tentar resolver e reverter os resultados dessa equação, que gera a divisão do tucanato. Lí o artigo de Lobo, publicado na Folha de São Paulo de segunda-feira (31), carregado de aflições e apelo por orações, diante do seu reconhecimento que "as vitórias em São Paulo também se devem à capacidade do PSDB de escolher bem os seus parceiros".

Esta semana foi difícil para manter atualizado este blog. Minha última reflexão foi sobre não ter medo de dormir com o inimigo. O comentário sugeriu que, como na leitura de um livro, é preciso ler uma página de cada vez. Muitas vezes identificamos entre os próprios tucanos, o comportamento de Hillary e Obama nos Estados Unidos, tendência à fratura de relações supostamente unificadas e integradas pelos programas partidários, devido aos projetos pessoais.

Os tucanos de São Paulo tradicionalmente revelam a sua satisfação pela disponibilidade de quadros políticos e eleitorais. Mas na pólítica há regras que não se restringem às disputas imediatas. Isso reforça a minha tese para que a aliança PSDB/DEM tenha candidatura única, a partir de uma data limite. Quem estiver melhor na opinião popular até lá será o candidato e ponto final.

Curioso é que numa boa parte dos municípios há confrontos sobre quem sairá candidato, inclusive com a vontade surpreendente de ex-prefeitos querendo suceder seus sucessores, quando estes poderiam exercer o direito à reeleição. O cenário de três turnos se repete além da Capital, mas a polarização da disputa Alckmin/Kassab abduz os dirigentes partidários da racionalidade e do bom senso.

Também é fato que, na ausência de uma definição clara do PSDB em relação à sua política nacional de alianças, com vistas à reconquista da presidência da República em 2010, o cenário é um Deus nos acuda. Esse comportamento de cada um por si justifica, por exemplo, que Aécio Neves tem avançado mais, embora entregando as possibilidade tucanas à base aliada do PT: em 2008, Aécio e o PSDB mineiro apóiam um candidato do PSB a prefeitura de Belo Horizonte; em 2010, para sucedê-lo, Aécio e o PSDB mineiro apoiarão o próprio PT…

Falta rumo nesse primeiro turno eleitoral de abril. É trágico que isso esteja acontecendo, mais parece um arakiri… 

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