A dengue do PT
O Ministério da Saúde no atual governo federal do PT confirmou que o país vive uma epidemia de dengue desde fevereiro, iniciada em Estados de menor densidade populacional – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Roraima e Goiás, avançando agora sobre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na Baixada Santista, de acordo com resultados divulgados pelo Instituto Adolfo Lutz, o patamar que mantinha a região em situação de surto começa a ser ultrapassado, com a confirmação de 163 casos para cada 100 mil habitantes. O assunto é sério demais e serve para desorganizar o sistema de saúde de forma geral, porque as ações preventivas são frágeis, o atendimento hospitalar não está preparado para essa demanda e a população anda atormentada com os sintomas e o cerco da doença.
O crescimento do número de casos de dengue, sem dúvida nenhuma é provocado por causa da chuva e do calor, ambientes propícios para a proliferação do mosquito Aedes Aegipty. Em Santos, nos primeiros três meses deste ano, foram registrados 680 casos, um aumento de 389 por cento em relação a 2009. Na Baixada Santista, 18 pessoas morreram em razão da dengue. Em São Paulo, os casos mais que dobraram em apenas uma semana. No mesmo período tiveram aumento de 25% em Cuiabá e 15% em Campo Grande.
Todo cuidado é pouco e, ao buscar informações nos portais da União, constatei que os procedimentos atuais não são diferentes das medidas adotadas pelo governo FHC. A Política de Descentralização dos Serviços da FUNASA – Fundação Nacional de Saúde, ocorrida em 1999, garantiu o repasse aos Estados e municípios o trabalho de combate as endemias (dengue, febre amarela etc.) onde as respectivas secretarias de saúde passaram a ser as responsáveis pela tarefa, gerindo a prestação dos serviços e a atuação dos servidores.
Relembro que o PT, motivado pela pressão dos seus sindicatos e central sindical, contra a não renovação dos contratos temporários de guardas de endemia – conhecidos como mata-mosquitos – criou uma grande polêmica para tentar desmoralizar as três esferas de governo, também contra a descentralização dos serviços para quem pode cuidar localmente da solução dos problemas. Nessa época, José Serra era o ministro da Saúde e praticamente duplicou os recursos repassados para essa finalidade em benefício da saúde pública nacional. Hoje o problema é de gestão, desvio de recursos e falta de acompanhamento na execução dessas tarefas, carecendo de um choque de rumo e articulação pelo próprio Ministério de Saúde, a quem compete repassar os recursos específicos para controlar a ocorrência da dengue em todo o país.
Evito partidarizar temas de políticas públicas e raramente abordo o fracasso de iniciativas na área da saúde, por exemplo. Mas esse não é o comportamento semelhante ao do PT, que em 2002 tentou colar no governo FHC a imagem de privatista da saúde e de responsabilidade exclusiva pela epidemia da dengue. O candidato Lula tripudiou sobre a epidemia naquele ano e o PT incitou os mata-mosquitos a exibirem faixas e cartazes chamando Serra, então candidato do PSDB, de “Presidengue”.
E agora? Como o PT fez muito pouco na área da saúde em sete anos de governo e os números indicam que haverá uma preocupante epidemia de dengue, qual candidatura é de “Presidengue”? Quem com o mosquito pica, com o mosquito será picado!
Não me surpreendi com a baixa execução das metas propostas no Plano Nacional de Educação – PNE. Conforme relatório elaborado por professores e pesquisadores de universidades federais, a pedido do Ministério da Educação, o atual governo do PT não está conseguindo realizar com eficiência as 294 metas contidas no PNE e cumpriu até agora, em média, só 1/3. Os dados mais graves desse trabalho indicam que a União, a maioria dos Estados e de municípios não atingem os objetivos do plano nacional, por motivos que vão desde a distribuição injusta dos recursos para cumprir as suas competências, até a organização e priorização das demandas mais prioritárias na Educação.
A contragosto de muitos analistas políticos e de convivas do lulopetismo espalhados pelas redes sociais, os resultados das pesquisas pré-eleitorais confirmam a liderança do governador José Serra (PSDB-SP) para a presidência da República em 2010, sem que ele tivesse se apresentado como candidato, desfrutado do mesmo índice de exposição da candidata do PT (Dilma Rousseff) ou contasse com um cabo eleitoral como Lula. Os últimos números divulgados pelo Ibope, de levantamento realizado entre os dias 6 e 9 de fevereiro, apenas atualizam a percepção de que Serra irá para o segundo turno ou, na hipótese de Ciro Gomes receber outra missão do presidente Lula, Serra vencerá o pleito logo no primeiro turno.
O déficit de trabalhadores brasileiros qualificados para os novos postos de trabalho criados pela Petrobrás é enorme. Recentemente assisti a uma palestra sobre as necessidades de técnicos para atender as demandas da exploração do petróleo e gás no pré-sal e o número global infelizmente não me surpreendeu: dos 243 mil trabalhadores que precisa, a Petrobrás conseguiu selecionar 43 mil até agora, porque o país ainda ressente de políticas públicas continuadas e eficientes para a formação de mão de obra para o emprego. Nos últimos dias, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou pesquisa promovida entre os seus associados, que indica o problema da falta de trabalhador qualificado como um dos entraves no setor da construção, que iniciou 2010 bastante otimista em relação ao aumento da atividade econômica nos próximos seis meses.
Uma das justificativas de bate-pronto do governo Lula sobre o conteúdo do novo decreto para o Programa Nacional dos Direitos Humanos – PNDH-3 é que no governo FHC houve edições sobre o mesmo tema e a repercussão foi diferente da atual. Pois é, mas naquela ocasião não havia a revogação da Lei da Anistia, ameaças à liberdade de imprensa, limitação do papel da Justiça nos conflitos entre proprietários e invasores de terras, e na aceitação do aborto, por exemplo, como impõem os lulopetistas. Lamentavelmente esse debate foi interrompido pela tragédia do Haiti, que choca todo o Mundo, tornando uma sub-retranca das matérias da mídia sobre o outro lado de Lula e do PT.
O balanço do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento (sic) indica que das cerca de 12.500 obras anunciadas pelo atual governo federal, 1.530 foram concluídas. Pouco mais de 10%. Isso é uma demonstração de que falta gerência ao lulopetismo e essa é justamente a qualidade que os seus marqueteiros querem emplacar na candidata do PT, Dilma Rousseff. Mas como isso pode dar certo num país que têm urgências ante as perspectivas da exploração das descobertas de petróleo e gás no Pré-Sal, e dos bons sinais da economia brasileira para 2010 ?
O anúncio da desistência da pré-candidatura a Presidência da República, pelo governador Aécio Neves (PSDB-MG), não precipita nada na estratégia do partido em relação à definição do seu nome para 2010. Neste domingo o Instituto Datafolha revelou novos números de pesquisa realizada após o programa de televisão do PT, que "atormentou" até alguns tucanos pela eficiência da comunicação dos lulopetistas, mas reforçou a liderança do nome do governador José Serra, com 37% (14% na frente de Dilma Rousseff). Esse resultado pareceu óbvio para todos, porém o destino de Aécio no processo eleitoral do ano que vem está gerando todo tipo de comentário, principalmente de quem torce pela divisão do PSDB e por uma suposta oposição de Minas Gerais a uma candidatura tucana que não seja de lá.
Lí e recomendo a leitura da última edição (37) da Revista Piauí, que traz um dos mais completos perfis do governador José Serra, "Serra na hora da decisão", em reportagem da jornalista Daniela Pinheiro. Nos últimos 15 dias acompanhei comentários de colunistas, blogueiros e twiteiros, que extraíram partes da matéria, utilizando-as de maneira pejorativa na rádio peão, para tentar denegrir a imagem daquele que é, sem dúvida, a maior expressão política da oposição ao PT e ao lulopetismo. Valho-me da resumida introdução da jornalista, que escreveu: "O espelho, as duas almas, os três Eus, as pesquisas, as implicâncias e os critérios que o presidenciável levará em conta para resolver se, de fato, será candidato ao Planalto", como ponto de partida para desconstruir algumas das expressões manipuladas pelas vozes e textos de aluguel do mundo virtual e algumas colunas que se autoproclamam reacionárias ao PIG – Partido da Imprensa Golpista.