Blog do Raul

Governos

Social-Eleitoral !

O PSDB sempre se saiu melhor governando do que fazendo propaganda dos seus feitos. Essa é uma das principais explicações para a perda da paternidade de programas estruturantes do país, como o Plano Real de Estabilização Econômica, o Avança Brasil e a Rede de Proteção Social, para citar os principais, que segundo estudos divulgados pela pesquisadora Lourdes Sola indicam que essas realizações podem ser facilmente apropriadas pelo lulopetismo porque os tucanos acham que não é importante comunicar. Pior que isso, além da apropriação dessas ações, o PT é useiro e vezeiro em manipular e mentir dados estatísticos, transformando-os em uma verdade absoluta pela massificação da sua propaganda enganosa.

Normalmente debato ideias e projetos de governo, sem qualquer preocupação com as comparações entre os governos FHC e Lula, como pretendem os petistas para considerar que massacrarão com as suas diferenças. Acho que esse momento de luta política dependerá muito mais da forma com que as principais ideias para o Brasil serão transmitidas, enfatizando as suas perspectivas para o futuro a partir de janeiro de 2011, quando um outro governo sucederá o de Lula.

No último programa do PT nas emissoras de rádio e televisão houve o pré-lançamento da ideia de um projeto denominado "Consolidação das Leis Sociais". É evidente que as primeiras informações dessa esperteza estruturam um discurso de campanha, com o pretexto de imitar Getúlio Vargas celebrizado pela iniciativa da CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas na década de 30. E em se tratando de comunicação mais eficiente com as pessoas acho excelente a idéia da CLS que, por outro lado e sem razões eleitorais, coincide com uma proposta que sempre defendi para a criação de mecanismos institucionais que regulem mais claramente e proíbam a descontinuidade de políticas públicas bem sucedidas.

Os avanços educacionais no período do governo FHC funcionam como um exemplo dessa natureza, por causa da interrupção ou da deformação de muitas das suas iniciativas pelo governo do PT. Mas fora isso, a CLS apropria a Rede de Proteção Social do PSDB, que originou do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, cuja validade expira em 2010 e ainda não teve uma decisão do atual governo e do Congresso Nacional sobre a sua prorrogação ou para a definição de novas fontes de financiamento de seus programas sociais hoje capitaneados pelo Bolsa Família.

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) é autora de um Projeto de Emenda Constitucional que institui uma "Lei de Responsabilidade Social" com a finalidade de estabelecer metas macrossociais, de modo a permitir que o país construa uma política de assistência eficaz e determinante nas três esferas de governo, que também não vem sendo considerado seriamente no Congresso.

Vale mais para o PT o impacto da sua propaganda exorbitante, para esconder os antecedentes estruturantes da atual estabilidade econômica, do nauseabundo PAC – Programa de Aceleração do Crescimento e de todas as vertentes do Bolsa Família. Mas o governo do PT não se cansa de vociferar os resultados de hoje como suas conquistas, tentando aplicar no Parlamento a tática de um divisorde águas que fortaleça para a sociedade a ideia de que somente eles tiveram preocupações sociais.

É preciso dizer que o PT mente desbragadamente quando afirma que a ascensão social foi "insignificante" no governo do PSDB. A proporção de pobres na população brasileira caiu de 42% para 33% entre a primeira metade dos anos 90 e o ano 2000. A de indigentes (pessoas em situação de extrema pobreza) passou de 20% para 14% no mesmo período, como mostra o portal http://pautaemponto.blogspot.com/ que faz referência ao livro "A Era do Real", que traz um balanço das realizações da gestão tucana.

Nos anos Lula, o Brasil continua sendo apenas o 75.o melhor país do mundo para se viver, segundo o ranking de desenvolvimento humano da ONU. De acordo com esse levantamento, o Brasil ainda permanece entre os dez países mais desiguais no mundo. Então, que embalagem o lulopetismo pretende para esse discurso político social-eleitoral ?

Qual a resposta para os 28 milhões de aposentados, dos quais 8 milhões, que ganham mais do que o salário mínimo, insistem em receber reajuste salarial acrescido da proposta governamental de dar ganho real de acordo com a evolução do PIB e relativamente acima da inflação ?

As chances do Brasil ter um governo que corresponda mais ao futuro, diante das perspectivas que estão se abrindo no campo econômico e que poderia levar o seu povo à emancipação social, como menor grau de dependência do Estado, me preocupam. Justamente porque o Estado precisa ser melhor acionado para gerar mais empregos, renda familiar e oportunidades da vida, com educação e saúde de melhor qualidade.

Além de tudo isso é preciso limpar a área da corrupçào, das mazelas administrativas e, sem hipocrisia, pautar o debate da competência e de maior seriedade e honestidade no trato da coisa pública. O social-eleitoral perde força, quando os programas passam a ser avaliados e mostram resultados emancipatórios. Para esse debate comparativo o PT está despreparado.

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A “vantagem” da corrupção !

Na teoria da comunicação e na experiência da minha própria vida, sempre compreendi algumas mensagens em escala, como a de que uma imagem vale mais do que mil palavras. Que um governo considerado ético é aquele que não rouba e não deixa roubar. Ou que, em relação ao espírito de solidariedade, um erro não induz nem justifica a conivência com outro erro ou com o ato infringente de norma ética ou legal. Mas, nos últimos anos, a inversão de valores é tamanha que fico pensando se terei sucesso na pregação do que sempre aprendi e entendi como o melhor para viver em dignidade.

Acho inaceitável a mais recente afirmação do presidente Lula, quando comentou o flagrante do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), recebendo um bolo de dinheiro com vídeo e áudio, de que "a imagem não fala por si". Não fosse esse mais um ato que não é isolado sob o seu governo, Lula vem pregando um tratamento político para cada desvio de conduta dos homens públicos neste país, justificando que o Brasil vive uma onda de denuncismo, julgamentos apressados e criminalização pela imprensa e pelos canais competentes (TCU, TCE’s, MP’s) de fiscalização e controle sobre a aplicação de dinheiro público.

Lí um artigo de JR Guzzo na última página da revista Veja, no último final de semana, que faz uma excelente reflexão sobre o estado de institucionalização da bandalheira nos últimos sete anos, graças à complacência do presidente da República, que deveria ser o primeiro a explicitar os melhores exemplos para a Nação. Guzzo enfatiza que "há muito tempo, na verdade, a divulgação de um escândalo deixou de inibir outro; ser pego em flagrante é a última de suas preocupações".

Ele pinça vários acontecimentos desse período lulopetista, de responsabilidade do governo e da oposição, protegidos sob a inspiração no que ele chama de "evangelho de Lula e se sustenta que ninguém é culpado de nada". Os ministros do governo Lula entoam esse mantra e diminuem a responsabilidade dos mensaleiros com as chagas na imagem do PT: "Até agora não temos nenhuma dessas pessoas julgada e condenada, por isso acho absolutamente normal que elas exerçam os seus direitos políticos", conforme Dilma Rousseff na convenção do partido.

Ou então sobre as declarações de Juca Ferreira, ministro da Cultura, de que "a imprensa é paga para mentir" e, portanto, ninguém deve acreditar no que ouve, vê ou lê nos meios de comunicação. Isso é muito ruim para a educação de um povo, que se sente cada vez menor diante dos mais espertos que pode sobreviver apenas se levar vantagem em quase tudo…

Qual a vantagem da ética sobre esse mar de lama, se os julgamentos tendem a respostas políticas ao invés de revelar a verdade ou decisões isentas ? Na semana passada o STF decidiu aceitar a denúncia contra o ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), e o novo ministro José Antonio Dias Toffoli votou contra, deixando no ar a interpretação de que um voto favorável derrubaria a tese do "eu não sabia", que ele construiu para isentar Lula.

Mas essa tese valeu antes para considerar o presidente inocente no processo do mensalão que exonerou ministros e afastou deputados do PT e da sua base aliada em 2006. O próprio senador Eduardo Azeredo disse que a sua situação é muito semelhante, mas o tratamento foi desigual e Lula não recebeu nenhum inquérito. Um erro justificaria o outro nesse caso ? A sociedade brasileira é obrigada a aceitar a compensação das falhas, se as provas forem fabricadas ou as imagens e indícios não falarem por si ?

A jornalista Mary Zaidan escreveu artigo com o título de "Pesos e Medidas", para comentar a condenação da ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PSB), obrigada a pagar R$ 353 mil aos cofres paulistanos por ter publicado em 1989, anúncios sobre a greve de ônibus na cidade. Nesse caso, Erundina não se meteu em falcatruas para encher seu bolso, não inventou operações escusas de precatórios, não fez acordos com empreiteiros, não desviou grana para caixa 2 de campanha.

Hoje o deputado federal cassado José Dirceu (PT), ao voltar ao comando do partido, disse que o povo sabe diferenciar corrupção de caixa 2. Lula disse na semana passada que o povo brasileiro sabe que a solução para mudar esse cenário passa por uma reforma política; iniciativa que sempre surge como o remédio para todos os males e que não teve consenso nas últimas quatro legislaturas do Congresso Nacional.

O povo sabe, o povo quer. Daqui a pouco sobrará para o povo a responsabilidade pela impunidade e pelas teses esdrúxulas dos governantes de plantão, às vésperas de uma eleição importante em 2010. Até quando os direitos serão desiguais para todos ? Quais as razões, como bem reflete Mary Zaidan, para a defesa insana do senador José Sarney por Lula ? Porque os produtores do dossiê antitucano na campanha de 2006 continuam fora da cadeia ? E o publicitário Duda Mendonça que relatou ao vivo e a cores que recebera dólares não declarados em uma conta no exterior para quitar dividas do PT com o seu trabalho em campanha ?

A "vantagem" da corrupção não pode diminuir a expectativa de quem faz muito para mostrar a diferença. Comecemos por impedir que se nivelem todos os políticos por baixo. Ainda há tempo de refletir e construir as nossas melhores escolhas ! Não somos avestruzes !

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Jogo sujo ou política suja ?

Estamos prestes a votar pela sexta vez para eleger um presidente da República do Brasil, desde o início da redemocratização do país em 1985. E há novos tormentos no cenário político para tentar desgastar personagens do jogo, que aumentam os índices de descrédito das pessoas na própria importância da democracia, o melhor regime de governo, indiscutivelmente. A última sexta-feira foi prodigiosa para os jornais e revistas semanais, com um artigo de César Benjamin, na Folha de São Paulo, a denúncia sobre o genro de Lula, na Veja, e o novo mensalão de Brasília, em todas as mídias. Para onde vamos assim ?

Minha primeira reação ao ler o texto de César Benjamin, contendo revelações tardias de um comentário de baixo nível feito por Lula em 1994, de que tentara "subjugar um rapaz militante do Movimento de Emancipação do Proletariado (MEP)" quando estava na prisão, porque não conseguia ficar tanto tempo sem manter relações sexuais, foi de tristeza e uma certa melancolia. Ato contínuo, descrente nessa verdade de Benjamin, por se tratar de um velho companheiro de lutas do próprio Lula, pensei no destino político do atual presidente da República, se tais revelações fossem conhecidas e confirmadas naquela época.

Com todo cuidado político, longe de turbinar o jogo sujo que muitos fazem nessas horas, mas indignado com o que acabara de ler postei comentário no www.twitter.com/raulchristiano com o seguinte teor: "Se o conteúdo do artigo de Cesar Benjamin, ex-petista, publicado hj p/ Folha, for verdadeiro, p/ dignidade Lula deveria renunciar!" No mesmo instante lí frases de efeito desqualificando Cesar Benjamin, a Folha de São Paulo, a "imprensa golpista do pais" e nenhuma resposta oficial de Lula, além da crítica do seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, de que era "ato de um psicopata" e o presidente havia ficado "triste, abatido e sem entender" os motivos do ex-parceiro.

Depois, outros participantes do mesmo encontro de Benjamin e Lula em 1994 minimizaram a gravidade do assunto, atribuindo as expressões ao jeito brincalhão do presidente. Aliás, esse jeito tem sido responsável por muitas gafes presidenciais no Brasil e no Exterior, mas essa história do "menino do MEP" (como passou a circular pela Internet e na repercussão do artigo de Cesar Benjamin) é suja e de mau gosto. Lamento muito pela Folha de São Paulo, que parece tão cuidadosa com os conteúdos de todos os artigos que pública, mesmo de textos opinativos e com a assinatura dos seus responsáveis, servir de palanque para diferenças políticas históricas. O jornal precisa e deve publicar a confirmação ou um contraponto dessa história, como defendeu hoje o seu ombudsman Carlos Eduardo Lins e Silva, o mais breve possível.

Sobre o caso do marido de Lurian, a filha mais velha de Lula, o fato é uma repetição de casos da família presidencial, que teve seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, denunciado antes ao pedir dinheiro a um empresário do ramo de jogos. Certamente haverá um bilhão de spams invadindo nossas caixas de e-mails a partir de agora, porque nesse governo ninguém fica sabendo o resultado das apurações e ressarcimentos públicos. A reincidência desses acontecimentos demonstra o quanto são vulneráveis os familiares, amigos, "mui amigos" e partidários das autoridades de plantão nesse jogo.

E o quê dizer mais além das imagens gravadas, por colaboradores do antigo governador de Brasília, Joaquim Roriz, durante a campanha de 2006, do ato de entrega de maços de dinheiro ao atual governador José Roberto Arruda (DEM)? Na ocasião, pelo que se observa, Durval Barbosa que era presidente da empresa Codeplan, do Distrito Federal, na gestão Roriz, e que até a última sexta-feira era o secretário de Relações Institucionais de Arruda, e foi o responsável pela gravação do ato divulgado agora durante as primeiras movimentações do ex-governador e ex-senador que renunciou para não ser cassado na atual legislatura. Sem falar de um novo mensalão comandado pelo próprio governador do DF, para lhe garantir a governabilidade…

Uma vergonha sem fim no meio político do Brasil, que tende a nivelar todos por baixo, no momento em que são ensaiados os primeiros passos para a sucessão presidencial, governantes estaduais, dois terços do Senado, deputados federais e estaduais. Percebe-se que o jogo sujo está aberto por muitos políticos sem escrúpulos e também por setores que têm interesses frustrados.

A meu ver a política não pode ser considerada uma causa suja, hipócrita e desrespeitosa de regras claras para o jogo, a negociação, a disputa, o entendimento e a lealdade. Acredito que através das boas práticas políticas vamos transformar o Brasil e o Mundo; mas é fundamental tentar limpar de uma vez por todas tantas mazelas, antes de propor novas medidas curativas para todos os males que nos atormentam e nos tornam menos crédulos de que é possível mudar para melhor !

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O “apagão” de Lula !

O apagão elétrico que deixou sem luz 18 Estados brasileiros na noite desta terça-feira reacende muitas dúvidas e especialistas do setor descartam que tenha sido provocado apenas por problemas naturais. Muitos dos argumentos usados pelo PT durante o governo FHC foram atualizados agora com a demonstração técnica de que um problema natural não seria capaz de provocar um apagão com essa extensão, fragilizando o currículo de ações da ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, mãe do PAC da energia, inclusive. Se os lulopetistas não se cansam de espezinhar o tucanato com o apagão de FHC, como eles se explicam agora, se propagandeiam tanto os investimentos no setor e eles não evitam apagões ? Ou vamos acreditar que estamos vulneráveis a ataques de hackers, conforme pré-anunciou o programa "60 minutos", da emissora norte-americana CBS, ao exibir uma reportagem contando que dois "apagões" no Brasil nos últimos quatro anos teriam sido causados por ataques de hackers ?

No "apagão" de FHC havia condições adversas da natureza, com a falta de chuvas e longas secas, criando dificuldades para a movimentação das hidrelétricas nacionais e binacionais. Essa condição não se repete hoje e o próprio presidente da Itaipu Nacional, Jorge Samek, atestou uma ameaça do gênero passa longe graças aos elevados índices pluviométricos em todo o Brasil. Como todo brasileiro fui surpreendido com esse fato novo. Principalmente porque, duvidando da capacidade do governo Lula em dar a atenção devida ao sistema elétrico brasileiro, por causa dos baixos índices de execução do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, que mais parece um programa de aceleração da campanha eleitoral da candidata desbravada do PT, não percebi alterações naturais no clima em São Paulo. Pelo menos entre São Paulo e Santos.

E esse apagão sob as bençãos do lulopetismo foi longo demais. Resisti o quanto pude e as baterias do meu celular e laptop, tentando saber os motivos de iluminar minha casa com luz de velas. Twitei bastante madrugada adentro, até com humor, diante de opiniões de notívagos virtuais e dos questionamentos do meu filho caçula, que me perguntou sobre o tal apocalipse de 2012… e se a escuridão poderia ser um prenúncio dele (?). Respondi que campanhas antecipadas ocorrem somente por ação e obra do PT, de Lula e Dilma, por exemplo.

Os jornais chegaram atrasado pela manhã. O primeiro a chegar foi a "Folha de São Paulo", com destaque para a "mediação" de Lula sobre o jogo de empurra entre Furnas e Itaipu. No portal do UOL lí que a imprensa paraguaia expunha o evento com a responsabilidade de São Paulo ! Oras, pensei, será que o PT vai partidarizar esse apagão de novo e culpar a oposição ? Curiosamente, durante a madrugada, por coincidência, a maior parte dos Estados afetados eram aqueles governados pela oposição ao PT, inclusive por alguns raros lulopetistas do momento.

Não temos até agora uma resposta fundamentada sobre o assunto. E o senador Arthur Virgílio, líder do PSDB, está apresentando no Senado requerimentos de convites a Dilma e o Edison Lobão (ministro de Minas e Energia) para falarem sobre a falta de luz no país. Sei bem que depois da luz acesa o tema esvazia na agenda nacional. Mas aguardo o resultado da reunião de emergência de Lula e seus ministros para redigir a versão oficial, que pode resultar numa cadeia nacional de rádio e tv à noite, talvez com Dilma explicando melhor quem é mais patético na história deste país !

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Lula segura restituições do IR.

Os últimos acontecimentos positivos, no que diz respeito à imagem do Brasil lá fora, contaminaram internamente também. Mas não poderia deixar de comentar que tenho muitos amigos lulopetistas e que eles lotam minha caixa de e-mails contando mensagens ufanistas do novo "país que eles descobriram" e da "canonização" do Santo Cara Lula da Silva. Logo eu que sempre relembro do Brasil assim, porque houve um trabalho anterior para tornar a economia estável, criar as condições de implementar uma rede de proteção social e mostrar que a qualidade da educação pode melhorar muito mais para garantir um futuro para nossas crianças e jovens. No entanto, acho que nunca é demais avisar aos lulopetistas que a soberba mata aos poucos, justamente porque gera decepções. Por exemplo, o quê eles têm a dizer agora do governo federal começando a atrasar o pagamento das restituições do Imposto de Renda para a maioria de trabalhadores da classe média ?

Pois é, o Brasil que a propaganda governista ufana a conquista da auto-suficiência em petróleo, que passou a ser emprestador do Fundo Monetário Internacional, que trouxe 20 milhões de pessoas da miséria para a pobreza e 18 milhões de pobres subiram à classe média, que será palco do maior evento futebolístico do mundo – a Copa de 2014, além de ser escolhido para sediar as primeiras Olimpíadas da América do Sul, segundo o lulopetismo, esnobou a crise econômica.

Aproveitando os mesmos argumentos das mensagens que recebo, de que "na maior crise econômica mundial pós-1929 ele encarou os desafios, esnobou a velha ordem econômica esclerosada – e em vertiginosa queda – com a alcunha de ‘marolinha’ e foi o primeiro país a retomar o crescimento econômico", são auspiciosos os seus prognósticos futuros sobre a posição de hoje no cenário econômico como 10.ª potência econômica mundial, para, conforme "previsão de peso-pesado do Banco Mundial", se tornar a 5.ª maior economia do mundo.

Ora, se banalizamos a crise, com todos os exemplos do "cara" para o Mundo, como ficar indiferente à decisão do Ministério da Fazenda, que decidiu segurar as restituições do Imposto de Renda das pessoas físicas, para compensar parte da queda de arrecadação de tributos neste ano ? Se a crise foi realmente uma "marolinha", qual a razão da queda de arrecadação de tributos ? Qual a razão, ainda, do Brasil, após 31 anos, voltar a liderar exportações de matéria-prima, em detrimento dos empregos com maior conteúdo tecnológico, que pagam maiores salários e acelera o desenvolvimento econômico ?

A notícia de hoje, da Folha, sobre a retenção do imposto pago a mais pelo contribuinte, se sustenta na informação de que depois de quatro meses seguidos de queda na arrecadação de impostos, provocada principalmente pela crise global, "o Tesouro brasileiro percebeu que as contas do governo não fechariam neste ano se nada fosse feito". Então, o governo Lula resolveu "diminuir o consumo" dos trabalhadores da classe média, desde o próximo Natal …

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MST no cravo e na ferradura !

Os discursos triunfalistas de Lula e do PT podem configurar um perigo nacional. Se nos últimos tempos batemos na tecla da incompetência do atual governo federal em executar as centenas de obras anunciadas nos palanques do PAC, pelo comportamento de integrantes do MST – Movimento dos "Trabalhadores Rurais" Sem Terra no interior de São Paulo, destruindo pés de laranja em protesto pela reforma agrária na região, é possível concluir que nem tudo na história deste país vai bem como a propaganda oficial alardeia e massifica. O MST é um braço ativo do PT, assim como a UNE e a maioria das centrais sindicais. Se o MST está no jogo e ainda demonstra a sua insatisfação, mesmo com o tratamento dócil recebido do governo e do Congresso Nacional, que recentemente arquivou CPI que investigaria os seus repasses financeiros do lulopetismo, parece que os setores produtivos deste país continuam premiados com o fio da navalha.

Mas como isso poderia acontecer, se "nunca antes na história deste país" isso e aquilo ? O lulopetismo quando segue o planejamento e desfruta das bases sólidas na economia, desde Itamar Franco e FHC, obtém resultados favoráveis e desfruta dos melhores índices em muitos setores governamentais que não exigem gestores mais competentes que o básico e necessário. Veja, por exemplo a incapacidade de gestão do PAC, dado o número elevado de contratações irregulares, conforme atestado do TCU. Ou então a incompetência do atual ministro da Educação em gerir um dos programas mais bem sucedidos da história recente, o ENEM.

Conforme dados oficiais do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o governo FHC, de 1995 a 2002, assentou 1.219.690 famílias de trabalhadores rurais sem-terra, o maior número já registrado na história do Brasil. Em contraposição a esses números, utilizo depoimento da principal liderança do MST, João Pedro Stédile, em entrevista ao UOL, onde afirma que o governo Lula está em dívida: "O número de desapropriações de fazendas, em especial na região Nordeste e nas regiões Sudeste e Sul, que são regiões mais agrícolas, foram menores do que no governo FHC."

Stédile afirma que para manter as estatísticas, o atual governo fez projetos de colonização na Amazônia, pegou terras públicas e distribuiu, enquanto na verdade, "o que vem acontecendo no Brasl nos últimos 10 anos é que há um violento processo de concentração da propriedade da terra. Em vez de nós estarmos democratizando a propriedade da terra, dando acesso a mais gente e criando mais oportunidade de trabalho para que as pessoas não venham para a cidade, nesses últimos anos nós sofremos um processo de concentração, jutamente por essa ineficácia do governo Lula em desapropriar fazendas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul."

O número de invasões de terras, durante o governo FHC, seguiu uma tendência de queda a partir de 1999, com os assentamentos e a execução de programas de agricultura familiar, até para ensinar o "sem terra" a viver e sobreviver da atividade agrícola. Mas os números começaram a inverter logo em 2003, no primeiro ano de Lula, com ocupações de propriedades privadas. Nos oito primeiros meses do lulopetismo, ocorreram 171 novas ocupações.

O coordenador nacional do MST, João Batista Oliveira, disse que o seu movimento se sente injustiçado pela maneira como a questão foi tratada durante os anos em que o PT está no poder: "O governo Lula não teve a coragem de mudar a política agrária e implementar um novo modelo de produção no campo, baseado na reforma agrária e no fortalecimento da pequena e média propriedade".

Então, se o atual governo não consegue se entender com os seus, a quem compete regular esses acontecimentos, com a definição e execução de políticas públicas mais claras para o setor agrário, e garantir a paz e a segurança no campo ? O MST não é inimputável. Se ele recebe recursos do Estado para manter as suas manobras e atividades de cunho político, a imagem do Brasil ficará mais transparente com uma nova CPI, sob a vigilância da sociedade brasileira, para investigar patrocínios sem contrapartidas.

Preocupa cada vez mais a impunidade dos radicalismos. Nada poderia justificar as cenas dos últimos dias, daquele trator derrubando cinco hectares de plantação de laranjas. Se há um governo que se diz comprometido com a emancipação social no Brasil, qual a razão para tamanho fogo-amigo ? Esse não é um processo educativo para a cidadania de um país que propagandeia viver num outro estágio perante o mundo mais desenvolvido. Cansa essa condição de pagar compulsoriamente essas contas ! Chega !

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O preço dos Jogos no Rio !

Cobrar a transparência dos investimentos previstos para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, não é um argumento para diminuir o papel do Brasil, como disse o presidente Lula. Muito menos uma reação dos opositores ao sucesso dessa conquista histórica, que pertence a todos nós. Lula e o PT, que sempre foram acostumados a vaiar até o hino nacional em solenidades de governos que não faziam parte, chegam a pensar que somos iguais a eles e que num momento como esse nos consumiríamos como "invejosos" e "apostadores do quanto pior melhor".

Da mesma forma que o Brasil foi espetacular na apresentação técnica da candidatura do Rio e que o presidente Lula foi impecável em sua defesa treinada e contida, chegou a hora do país também oferecer um exemplo educativo desde o início dos trabalhos necessários para que a Cidade Maravilhosa esteja pronta para sediar os Jogos, sem a mínima suspeita de corrupção.

O governador José Serra escreveu que a tarefa não será trivial: "Exigirá formar um comitê organizador ampliado e de grande competência e recorrer ao que existe de melhor em matéria de planejamento urbano, no Brasil e no mundo. Fazer projetos sensatos, longe da megalomania, do desperdício e dos sobrepreços." E em relação aos recursos, que o governo Lula está "garantindo" que não faltarão para as Olimpíadas, Serra sugere a formação de um fundo baseado em nossas exportações de petróleo, em especial do pré-sal, se até lá já for extraído: "Esse fundo temporário seria constituído em moeda estrangeira, para financiar despesas realizadas nessa moeda. É uma idéia a ser discutida para além de interesses partidários, eleitorais ou regionalistas".

Muitos analistas comentaram que os Jogos Olímpicos são um compromisso internacional irrevogável. A partir de agora os esforços para que dêem certo não pertencem unicamente ao Rio de Janeiro, porque esse evento mobilizará o Brasil inteiro na formação de novos atletas, para torná-lo competitivo e, quem sabe, num horizonte de 10 anos, transformá-lo numa verdadeira potência olímpica. Jamais podemos esquecer que o esporte é também um dos fatores essenciais para a inclusão social e manutenção de crianças e adolescentes nas escolas.

Esse processo, a meu ver, deve multiplicar os esforços pela educação, pois quase a totalidade dos novos atletas sairá das escolas brasileiras. Mais do que nunca, as escolas vão precisar de motivação e apoio dos governos em todas as esferas e Estados, para formar uma grande rede pelo esporte e com solidariedade. Aliás, esse objetivo reforça a necessidade de emprestarmos aquele mesmo conceito mobilizador de Obama nas eleições americanas: "Sim, nós podemos!"

Num momento como esse é importante refletir sobre a descontinuidade de políticas públicas bem sucedidas, como o Programa Esporte Solidário, criado durante o governo FHC. Naquela ocasião, o presidente da República determinou o cumprimento do artigo 217 da Constituição Federal, que dispõe o dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um. Assim, país afora, o ministério dos Esportes passou a executar ações para melhorar a infra-estrutura e os equipamentos para a prática esportiva, incentivando a construção de ginásios e quadras poliesportivas em áreas carentes, bem como nas escolas públicas em parceria com o MEC – Ministério da Educação.

Por isso reafirmo que as Olimpíadas no Rio demandas ações em todo o território nacional, não se restringindo à infra-estrutura da própria Cidade-Sede dos jogos. Mas não vamos deixar que esse acontecimento, nunca antes realizado na história da América do Sul, se apequene como na exposta incompetência do atual governo em executar o seu PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, de obras, com tantos contratos e execuções irregulares, segundo relatórios do TCU – Tribunal de Contas da União, que já desaprovou condutas à época dos Jogos Panamericanos.

Sim, nós podemos preservar a imagem do país, planejando todas as etapas executivas para as Olimpíadas, para evitar aditamentos de contratos, revisões orçamentárias, verbas extraordinárias e emergenciais, superfaturamentos, desperdícios, furtos, corrupção. A felicidade geral da Nação tem um preço que não se paga assim !

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MEC, fala sério sobre o ENEM !

Quando o Ministério da Educação – MEC anunciou neste ano, mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, para este ano, elevaram-se as expectativas de mais de 4 milhões de adolescentes e jovens em todo o país, em obter o passaporte para as melhores universidades públicas e privadas brasileiras. Com esse foco, o ministro da Educação minimizou a preocupação trazida por uma legião de especialistas, sobre os riscos operacionais da logística e da segurança. Deu no que deu: vazamento da prova e frustração dos principais interessados – estudantes e pais – que tentam, a todo custo, acreditar nos governantes e apostar na continuidade dos programas bem sucedidos em Educação.

O cenário para realizar as mudanças, tanto no mês da aplicação (sempre aconteceu em agosto para fugir dos vestibulares do segundo semestre), quantidade de municípios e de dias (agora num final de semana inteiro, sábado e domingo) para a aplicação das provas, escolha dos lugares das provas em bairros distantes e outros municípios distantes dos seus, recesso escolar por causa da gripe suína etc, recomendavam planejamento e competência de gestão.

Não consigo entender as razões que levaram o ministro confiar na própria sorte, quando o único sortudo no seu governo é o atual presidente da República. Ele pode até justificar que o acolhimento dos resultados dos exames por um número maior de universidades públicas, para cursos sempre disputadíssimos e sonhados pelos estudantes, movia a sua mais pura intenção, mas parece que não deu importância ao risco iminente, quando o tempo reduzido para organizar o exame afastou de saída a Fundação Cesgranrio, que foi a vencedora das concorrências anteriores e que sempre realizou o ENEM com sucesso, cedendo essa responsabilidade ao Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção – Connasel, sem experiência e tradição para cuidar de todos os detalhes nas 1.829 cidades em que seria aplicado.

Já ouvi dizer que lulopetistas alegam que houve sabotagem política, para prejudicar o governo federal e para sacrificar o projeto de candidatura ao governo de São Paulo pelo ministro Fernando Haddad. Mas ouvi muito pouco sobre as entidades dos estudantes, como a UNE, que pegou leve sobre esse novo fracasso do governo no MEC, defendendo o óbvio: a apuração rápida do vazamento das questões da prova, para afastar a sensação de desconfiança em relação ao ENEM.

Reflito com meus leitores daqui e que me seguem no twitter (www.twitter.com/raulchristiano) , longe de qualquer teoria conspiratória, se o MEC não teria inventado essa história para abortar o reconhecimento nacional dos seus  erros ? Não parece ingênuo tentar vender uma prova a um jornal como O Estado de São Paulo ? E a suspeita inicial à gráfica, com todo esquema de segurança de uma Casa da Moeda, se os pacotes com as provas impressas, que seriam aplicadas neste final de semana, estavam nas salas, cozinhas ou quartos dos coordenadores de aplicação do ENEM desde segunda-feira passada ?

Ou, quem sabe, toda a culpa recaia sobre judeus e adventistas do sétimo dia, pelos resguardos nos finais de semanas ? Fala sério, Brasil !

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