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Brasil clama por obras !

O tema é recorrente neste espaço, sobre a carência do país com a infraestrutura, especialmente de nossos portos e aeroportos. Esse grau de estrangulamento impede a recepção de navios de maior porte, enquanto os aeroportos sofrem congestionamentos de vôos, agravado ainda pela falta de acessos por rodovias e ferrovias, a construir ou duplicar. Esse diagnóstico não foi produzido pelos institutos de estudos de partidos de oposição, universidades ou organismos setoriais do mercado, mas pelo próprio Ipea (Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada), ligado à Presidência da República, que projeta a necessidade de investimentos da ordem de R$ 42,9 bilhões apenas nos portos. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) estimou até o final deste ano, cerca de R$ 9,8 bilhões, correspondentes a 23% do que precisam as obras de infraestrutura.

O atual governo federal vem oferecendo uma resposta tímida quando os setores produtivos, que geram empregos e aquecem a economia, pressionam para uma realidade que insere o país no mapa do atraso. Esse cenário contrasta com os resultados positivos da produção agrícola, por exemplo, que indicam crescimento superior a 100% em muitos casos e que podem gerar prejuízos sérios devido à incapacidade competitiva para o seu escoamento internacional.

Desde a estabilização da economia, iniciada nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, o Brasil pôde planejar o seu futuro de maneira segura e com perspectivas favoráveis nas mais variadas áreas. FHC começou a reverter o déficit na infraestrutura com o Programa Avança Brasil. Essas ações estavam descontinuadas desde os anos 70, ainda durante os governos militares, quando o país realizou obras vultosas, principalmente rodovias e hidrelétricas, para a integração nacional, descuidando das políticas sociais, educação e saúde.

Lula da Silva também descontinuou o Avança Brasil de FHC e não aproveitou as chances da economia interna e externa estáveis. Deixou para o quinto ano de seu governo o agrupamento de obras programadas para todo o país, sob o guarda-chuva do PAC, que teve baixa execução, ora pela falta de projetos de municípios e estados, ora pelo elevado número de contratações irregulares denunciadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

Concluo ainda mais convicto de que falta ao governo federal um gestor capaz de conciliar o ajuste econômico e financeiro das contas públicas com a decisão de investir e cumprir os cronogramas que o Brasil precisa. E essa capacidade deve ser descentralizada e compartilhada com os Estados, municípios e a participação cada vez maior da iniciativa privada, tirando definitivamente do papel a ideia das PPPs (Parcerias Público Privadas).

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“Progressão continuada” não é vilã !

Tenho muito receio da forma com que certos temas são colocados em debate para a sociedade durante os anos de eleições. A crítica é comum contra aqueles que estão no poder e ainda não conseguiram resolver completamente as questões, como no caso da educação, cujas medidas importam mexer com a vida de uma geração em envolvimento. Por isso vejo com reservas a forma com que a “progressão continuada” retoma o centro das atenções e das opiniões políticas e eleitorais, porque os seus defensores a deixam numa posição muito vulnerável, restando-lhes absorver todo tipo de crítica, como se fosse a única responsável pela qualidade do ensino e pelos resultados apresentados nos últimos anos.

A associação da “progressão continuada” com a “aprovação automática” configura o desvirtuamento desse modelo importante para impedir o desequilíbrio idade/série dos estudantes e evitar múltiplas repetências, que são os principais fatores da evasão escolar. A “progressão” deve ser organizada, na forma prevista pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em forma de ciclos, para saber o nível e a absorção de conhecimento, sem interrupção, mas de construção. A “progressão continuada” se orienta no acompanhamento e entendimento de que o aluno está continuamente se formando, construindo significados.

No entanto, há uma discussão que precisa ser pautada com o envolvimento dos principais atores responsáveis pela educação, especialmente dos ciclos básicos, onde a “progressão continuada” se verifica. Governos, conselhos de educação, associações de pais e mestres, dirigentes, funcionários, alunos e pais precisam com urgência tocar e fazer acontecer questões fundamentais para que esse sistema resulte em avanços, como o educador Paulo Freire já previa em seus estudos, teses e práticas: mudanças específicas nas condições estruturais, pedagógicas, salariais, de formação de professores e em todos os atributos que forem considerados essenciais para que o programa seja desenvolvido com os resultados preconizados.

Afora isso, o entendimento da sociedade, que se desperta para o assunto sempre na época das eleições, continuará restrito à “aprovação automática”, singelamente considerada desde que o estudante não falte às aulas. Infelizmente não é possível neste novo momento eleitoral pautar o tema de maneira clara e sem críticas oportunistas. A vontade política dos governantes deve ser clara nessa direção e as organizações corporativas e comunitárias não podem manter uma postura reacionária.

Se o aprendizado e o desenvolvimento dessas crianças e adolescentes “envergonham” pais e educadores, porque ficar fugindo da própria culpa, se a solução está tão próxima das suas decisões e atitudes? O estudante que tem dificuldade de aprender necessita de especialistas para identificar as suas deficiências e da aplicação das vacinas apropriadas com reforço escolar e atenção específica. O Brasil vai avançar mais quando a Educação for tratada como uma urgência e estiver inserida como o primeiro item da agenda de todos quantos tiverem o poder de decidir.

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A parte do PT das Farc !

Quem já militou nos movimentos de esquerda, para resgatar o regime democrático para o Brasil, pode refletir de outras maneiras as acusações reincidentes sobre as ligações do PT com as Farc – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Enquanto é notória a tentativa de relacionar essa história com a biografia da candidata petista Dilma Rousseff, por causa da sua militância como guerrilheira e a luta armada nos anos 60, estou preocupado com o espírito anti-democrático de parcelas dirigentes do PT e com o narco-terrorismo das Farc. A influência desses petistas na hipótese de um governo de Dilma fomenta o temor de todos quantos defendem como eu a democracia, com eleições livres e limpas, sem espaço para totalitarismos.

O atual governo federal do PT conduz a política externa de maneira ideologizada, sendo bastante leniente com governantes que tendem eliminar as distinções entre o Estado e a sociedade, insistindo em politizar todas as relações sociais. Os petistas que comandam essa linha querem mobilizar a militância partidária com um discurso de esquerda nostálgico, mas atrasado faz muitos anos, para tentar compor um verdadeiro espírito de guerrilha eleitoral, que está mais para o banditismo político, do que para a civilidade política experimentada na democracia.

Não acho que o candidato a vice-presidente de José Serra, deputado Índio da Costa, esteja exagerando ao pautar a ideologização da campanha atual. Também discordo que essa denúncia requentada de Índio seja responsável pelo rebaixamento do nível da campanha, enquanto as ideias e propostas são impedidas de chegar ao conhecimento geral do povo brasileiro, porque o horário eleitoral nas emissoras de rádio e TV começarão apenas na segunda quinzena de agosto e a candidata do PT esteja fugindo dos debates como o vampiro foge da claridade.

O PT reacionário a Lula repete neste momento a história do lobo em pele de cordeiro. O PT sempre se posicionou contra a atual Constituição Brasileira Cidadã, o Plano Real de estabilização da economia, a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Fundef de desenvolvimento da educação e valorização do magistério etc. O PT recuou estrategicamente quando foi convencido por marqueteiros eleitorais de que deveria produzir uma Carta ao Povo Brasileiro, reconhecendo os avanços econômicos e sociais, para ajudar a eleger Lula depois de três disputas presidenciais sem sucesso.

Vale muito a relembrança de Índio da Costa sobre a ligação das Farc com o PT, justamente porque Dilma é vulnerável ao esquerdismo, retrato de uma época, mas que uma parte influente do PT no atual governo federal do Brasil tenta reacender valorizando relações internacionais com Nações comandadas por ditadores. Observe que Dilma atribui essa polêmica a um pretenso baixo nível da campanha, mas não diz uma palavra sequer que desminta seus opositores ou negue as ligações do seu PT com as Farc, que atualmente são uma força ligada ao narcotráfico.

Não dá para ficar inerte diante desses fatos amplamente divulgados pela imprensa nacional e estrangeira, bem como pelas últimas tentativas desse governo petista, com a censura à imprensa, ao Ministério Público e a todas as iniciativas livres da sociedade!

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Educação técnica sem orçamento!

Na contramão dos números recentes indicando para a necessidade de qualificar mão de obra para as novas oportunidades de emprego no país, o atual governo federal do PT vem cortando verbas do orçamento para os programas de treinamento financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O tema qualificação técnica e profissional para o emprego está na agenda das campanhas eleitorais iniciadas nesta semana, mas especialistas indicam que a economia brasileira está prestes a sofrer um apagão produtivo se não houver um foco governamental em aumentar vagas e escolas técnicas.

Esta é uma urgência do Brasil e infelizmente parece que os esforços governamentais não acompanham essa tendência. Conforme dados divulgados pelo Conselho Deliberativo do FAT (Codefat), o atual governo está muito aquém da média de investimento anual do governo Fernando Henrique Cardoso. Entre 1999 e 2002 foram investidos em média R$ 768 milhões, enquanto de 2003 a 2008, sob a presidência de Lula a média despencou para R$ 97 milhões ao ano.

Um dos argumentos utilizados para tentar justificar essa grande queda foram as denúncias de desvios de verbas por sindicatos e secretarias estaduais de Relações do Trabalho e Emprego, bem como de organizações não governamentais contratadas pelos governos federal, estaduais e municipais. Ao invés de esclarecê-las, com apuração e punição dos responsáveis, o governo federal aproveitou também as metas de resultados estabelecidas pela área econômica – ministérios da Fazenda e Planejamento, e Banco Central – para cortar recursos previstos no Orçamento, sem oferecer uma alternativa concreta para a qualificação profissional para o trabalho.

Está claro que deve existir um choque de interesses e de relacionamento entre o governo e o FAT, que é gerido por representantes dos trabalhadores, empregadores e do próprio governo. Entretanto essa situação passa ao largo de uma prioridade nacional que caminha lentamente e que sem dúvida só será resolvida a partir do próximo governo, que precisará governar o assunto desde o primeiro dia de janeiro de 2011, para que o Brasil afaste a ameaça de estagnação a que está sujeito hoje.

O noticiário político e econômico vem destacando a informação da promessa feita por José Serra, candidato a Presidente da República pelo PSDB, de se criar pelo menos 1 milhão de vagas em escolas técnicas, além de um programa (Protec) de financiamento dos estudantes – jovens e trabalhadores desempregados e da ativa – para custear mensalidades inclusive em escolas particulares, a exemplo do Prouni criado para o ensino universitário. Também tenho lido sobre os objetivos da Petrobrás em treinar cerca de 243 mil trabalhadores para as suas operações com a exploração do gás e petróleo descobertos no Pré-Sal da Bacia de Santos.

Será que o problema é apenas de insensibilidade dos atuais governantes?

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Militância polí­tica virtual em 2010

Chegamos ao futuro com a Internet. Orkut, Facebook, LinkedIn, MySpace, Windows Live, Twitter, Blogs, Flickr e muitas outras ferramentas foram criadas e formam as chamadas redes sociais, que ampliaram a comunicação humana e são responsáveis pela integração global, com as suas formas de produção, distribuição e consumo do conhecimento. O Brasil registra número crescente de internautas e acessos, e neste ano a Internet vai experimentar essas ferramentas com maior liberdade nas eleições. Os exemplos e resultados positivos com a vitória de Barack Obama na campanha americana animam especialistas brasileiros em marketing eleitoral, partidos e candidatos em todos os níveis.

Essa experimentação ocorre com atraso, porque as regras em nosso país sempre foram muito rigorosas, dado que legisladores e o Judiciário não dispunham de referências de segurança para o uso político e eleitoral. O debate no Congresso Nacional revelou a preocupação com limites que são praticamente impossíveis de identificar no mundo virtual global. Houve quem defendesse uma isonomia dessas novas regras com os limites dos meios de comunicação tradicional. Esse paradigma mudou quando houve interatividade dos parlamentares com os eleitores, convictos pelo seu uso livre.

Os candidatos potenciais em 2010 se movimentam e tentam aproximar as suas ideias dos eleitores e os eleitores para as suas próprias campanhas. Contudo, a experiência eleitoral de Barack Obama ainda não serve totalmente ao Brasil, porque os americanos têm hábitos muito diferentes na Internet. No caso de Obama, os seus simpatizantes produziram vídeos manifestando apoio ao candidato, independentemente do partido ou da sua campanha. No Brasil, embora cerca de 37 milhões de usuários estejam conectados, em casa ou no trabalho, que somam 64,8 milhões quando consideramos os acessos em lan houses, bibliotecas, escolas e telecentros, os conteúdos políticos ainda têm interesse restrito.

A audiência na Internet configura hoje numa das maiores em comparação com os demais meios de comunicação, somando todos os tipos de veículos. Isso aumenta a relevância desse instrumento pela classe política, que necessitará muita criatividade para mobilizar o eleitorado na Internet no seu dia a dia. Internautas e eleitores não restringem o exercício da interatividade crítica somente no período de quase 90 dias das campanhas. Os conteúdos farão a diferença na percepção desses eleitores, que rejeitam as obviedades dos contatos pelos mecanismos tradicionais de comunicação.

O eleitor virtual vai ser atingido pelo político e pelas suas redes de militância virtual, desde que o uso da Internet observe uma comunicação em via de mão dupla e, ao mesmo tempo, convençam que as suas mensagens são também individuais, pessoais e abertas à troca de informações, ideias, propostas. Não acredito na massificação das mensagens eleitorais, justamente porque hoje há uma verdadeira repugnância às toneladas de lixo eletrônico e propagandas intrometidas. O sentido da propaganda eleitoral virtual, do emissor ao receptor, como a “entrega” de um panfleto eletrônico, sem interatividade e chance de contribuir para os conteúdos é um indicativo do fracasso nesse meio.

A Internet fará diferença nos custos das campanhas, que reduzirá materiais e agregará valor aos que compreendem a força de instrumentos virtuais. O seu uso adequado e inteligente mesclará eleitores que acreditam na política como meio de transformação da sociedade e a comunidade que busca conscientemente, credibilidade, confiança e envolvimento para mudar.

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Educação começa pela Básica !

Há uma cobrança de muitos especialistas em educação sobre a ausência de propostas dos atuais candidatos a presidência da República para o ensino básico. A conjuntura eleitoral está priorizando a discussão de saídas urgentes para evitar o apagão na educação para o emprego, ou seja, a qualificação profissional para que jovens e trabalhadores possam ocupar as novas demandas de emprego no país. Mas isso não significa que o ensino fundamental esteja fora das cogitações ou não é considerado uma questão urgente para o país.

Li comentários do senador Cristovam Buarque no twitter (www.twitter.com/Sen_Cristovam) defendendo uma possível federalização da Educação de Base, para fazer com que todas as escolas do Brasil sejam, pelo menos, tão boas quanto o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. A União banca o Pedro II e, por meio das universidades federais, os Colégios de Aplicação, que estão entre aqueles que melhor ensinam em todo o país.

Acho que seria um retrocesso inverter completamente a ordem de responsabilidades, constitucionais inclusive. Hoje cabe aos municípios a gestão do ensino básico, da educação infantil ao ensino fundamental, sendo que alguns conseguem assumir o ensino médio, que é uma atribuição dos Estados. Ao governo federal, ou à União, cabem o ensino superior e as diretrizes didático-pedagógicas para todas as fases do aprendizado nacional.

A Educação Básica necessita de mais recursos financeiros para atender às demandas iniciais de formação do povo brasileiro. Não acredito, entretanto, que esses recursos seriam conseguidos por meio de novas leis carimbando receitas da União com tributos existentes ou novos. O Congresso Nacional aprovou recentemente que 50% dos recursos do Fundo Social a ser formado com os rendimentos da exploração de gás e petróleo sob as camadas de pré-sal sejam destinados à Educação. E que destes 50%, 80% sejam aplicados em Educação Básica.

Se isso for confirmado pelo atual governo federal, que numa primeira manifestação demonstrou a sua contrariedade com essa focalização, justificando que isso dificultaria a manutenção de políticas sociais, como a Bolsa Família, os gestores deste país conseguiram cumprir as suas atribuições para a melhoria da qualidade da Educação. Atualmente a maior parte do orçamento do Ministério da Educação – MEC está comprometida com a manutenção das IFES – Instituições Federais de Ensino Superior.

O custo/aluno/ano hoje apresenta distorções muito graves, se fizermos uma comparação sobre a distância da União em relação à educação básica. Um estudante universitário federal custa cerca de R$ 9,5 mil, um aluno de escolas técnicas mantidas pelo MEC tem investimento da ordem de R$ 3,7 mil, enquanto a média para atender às crianças e adolescentes fica em torno de R$ 1,5 mil. Acontece que para tocar nesses números, explicitando a necessidade de uma redistribuição de valores por um determinado período, provocará um levante das corporações da Universidade Federal, principalmente, que já considera baixos os investimentos em seus níveis de ação.

O Brasil avançou bastante a partir do momento que começou a avaliar as condições do ensino ofertado da educação básica ao ensino superior. Contudo essa avaliação enfrenta resistência apenas quando o mérito dos gestores e educadores é considerado, com a preocupação de que o educador mal avaliado terá a culpa pela má qualidade do ensino e do aprendizado. Esse fator, na realidade, funcionaria como o uso do termômetro num paciente antes de solicitar outros exames antes do diagnóstico. Na minha visão, o senador Cristovam Buarque está certo quando mira a sua atenção para instituições muito bem avaliadas em todos os sentidos, mas sem dúvida o próximo presidente da República não pode deixar para depois das eleições as suas ideias concretas para melhorar a formação do povo brasileiro, desde os primeiros contatos com a Educação, nas próprias creches.

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China ofende Cubatão !

Fiquei indignado na semana passada, quando li matéria no jornal “Folha de São Paulo” (22/06), classificando Cubatão como um dos “lugares mais horríveis do mundo”, num ranking elaborado pela Agência de Notícias Xinhua, da China. Ruim pela notícia falsa, pior porque foi baseada em informações dos anos 1970, divulgando que ainda hoje é a cidade mais poluída do mundo ou o “Vale da Morte”. A Prefeitura convidou os chineses a uma visita ao município, para testemunhar in loco as razões que justificam o título de exemplo de recuperação ambiental, recebido da ONU – Organização das Nações Unidas, durante a Eco-Rio em 1992.

Era o secretário municipal do Meio Ambiente, quando Cubatão viveu essa transformação. Por isso acho que os representantes na Prefeitura, Câmara Municipal, sociedade civil e setores produtivos do Pólo Industrial deveriam exigir uma retratação pública. Com a propagação desse ranking podem ressuscitar a velha imagem de cidade poluída afastada faz 20 anos.

Fiz este comentário porque a Agência Xinhua é uma instituição jornalística estatal da República Popular da China e mantém o site de notícias ( http://www.xinhuanet.com/english2010/ ) mais visitado da China e terceiro do mundo, com cerca de 800 milhões de acessos diários. As notícias veiculadas por eles repercutem porque eles têm a fama de garantir por uma questão de princípio, o compromisso com a realidade, objetividade, justiça e oportunidade.

Esse princípio foi desconsiderado e a Xinhua deve desculpas a Cubatão. Para conhecer melhor o tratamento da cidade basta digitar “Cubatão” e buscar as suas notícias relacionadas, vendo logo ilustrações de um cadáver cheio de formigas e do Pólo Industrial tomado pela fumaça “poluente”. “Ignoram” que há outra cidade após o programa de controle da poluição iniciado durante o governo Franco Montoro e concluído no começo dos anos 1990. E agora o Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, que atende às pessoas que vivem desde os anos 1930 nos chamados bairros Cota, removendo-as para áreas urbanizadas e seguras.

No texto de apresentação dos “lugares mais horríveis do mundo”, a Agência Xinhua introduz o ranking assim: “Em nosso grande mundo, há também cidades horrendas, habitadas por uma subcultura de poluição, pobreza e gângsteres. Aqui, você vai descobrir alguns dos lugares mais poluídos e violentos”. Em seguida eles listam duas cidades brasileiras: o Rio de Janeiro, pelas suas favelas, e Cubatão, por causa da poluição e das péssimas condições de vida, ao lado de Dharavi (Mumbai, Índia), Tchemobil (Ucrânia), Mogadíscio (Somália), Dzerzinsk (Rússia) e comunidades pobres do Quênia, Zâmbia e do Camboja

Essa matéria faz parecer que os “colegas jornalistas” chineses da Xinhua ignoram as suas próprias mazelas. Sem querer consolar a comunidade cubatense, um dos mais importantes institutos americanos especializados em poluição, o Blacksmith com sede em Nova York, aponta duas cidades chinesas entre as dez mais contaminadas do planeta – Linfen e Tianying, excluídas das mais “horríveis”. O Brasil deve ser respeitado pelas suas conquistas e mudanças. Não é possível aceitar que, por causa de uma política externa ideologizada do atual governo federal do PT, condescendente com ditadores, Cubatão fique sem essa reparação!

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Golfo do México x Bacia de Santos

A catástrofe ambiental provocada pelo vazamento de óleo no Golfo do México apavora Barack Obama, que não consegue controlar essa situação, e todos quantos residentes no continente americano pelas consequências sem precedentes mundiais. O tempo está passando e são evidentes as dificuldades da maior potência do mundo controlar o quê se passa a 1.500 metros de profundidade. Mas esse acontecimento tem caráter educativo e deveria alertar os responsáveis para ações preventivas com investimentos nas melhores opções de segurança para uma indústria que é gravemente insegura. São muito claras as lições do Golfo do México para o que está por vir da Bacia de Santos.

O primeiro passo do atual governo federal, por meio dos seus ministros e dirigentes da Agência Nacional do Petróleo e da Petrobrás, foi anunciar a descoberta das jazidas de petróleo e gás na Bacia de Santos. Esse acontecimento trouxe para o Brasil muita esperança para a sua estabilidade financeira num futuro próximo, proliferando planos de utilização desses recursos daqui para as próximas décadas. No passado recente a Petrobrás comemorava a sua auto-suficiência, e agora com o início da exploração das riquezas sob a camada do pré-sal quem se prepara para esse salto é o próprio país.

Vivemos na região metropolitana da Baixada Santista, inserida no Litoral Paulista, que já recebe os primeiros sinais da anunciada prosperidade, mas que pouco ainda sabe do ônus dessa movimentação presente e futura. Todas as análises indicam para o aproveitamento dos dividendos da exploração e comercialização dos volumes prováveis sob a camada do pré-sal e para as medidas essenciais da convivência com o novo mundo técnico e industrial dos produtos da descoberta.

Estima-se que a camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhões de metros cúbicos de gás e óleo. Para essa extração, ainda perdura uma grande polêmica sobre a tecnologia que será utilizada e sobre os recursos técnicos para retirar o óleo de camadas tão profundas. O campo de Tupi, como exemplo, está a 300 quilômetros do litoral, a uma profundidade de 7.000 metros e sob 2.000 metros de sal. Portanto, a 7.500 metros além das jazidas do Golfo do México.

Essa é mais uma preocupação para o debate econômico do Brasil, que hoje discute no Congresso Nacional o sistema de partilha e a utilização dos seus recursos financeiros, mas ainda não possui um planejamento compartilhado com as cidades litorâneas para a expansão urbana com a previsão de infra-estrutura que assegure a qualidade de vida da população e programas continuados de qualificação de mão de obra que indica para a contratação de pelo menos 240 mil técnicos, sem falar das demais cadeias produtivas e de prestação de serviços.

Uma longa e importante entrevista do biólogo marinho americano Richard Steiner, ao caderno “Aliás” do jornal O Estado de São Paulo deste final de semana, contribui muito para os cuidados que o Brasil deve ter na hipótese de um acidente, como a explosão da plataforma da British Petroleum ou BP, no Golfo do México, há dois meses: “Antes de furar a camada pré-sal, que se pense em tudo. Do funcionamento das travas hidráulicas ao custo oculto do petróleo”. Enfim, um tema na contramão da busca de alternativas energéticas, das mudanças climáticas e de vidas saudáveis, num mundo que poderia se recuperar com maior foco na sustentabilidade e em harmonia com a natureza.

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Twitter, cadê você ?

Uma das redes sociais mais badaladas da Internet hoje em dia, o Twitter, saiu do ar por volta das 23h30 desta segunda-feira (14). Busquei informações no google e em outros sites e parece que a boataria de que o Twitter sofreria uma pane geral nos próximos dias, desta vez teve razão de ser. Faz uma hora e meia que não consigo acessá-lo e, a exemplo das vezes anteriores, ao digitar o seu endereço de acesso www.twitter.com aparece aquela já famosa imagem da baleia com o aviso “Twitter is over capacity” (excesso de capacidade do Twitter). Então comecei a imaginar como seria a vida sem o Twitter…

Coube lembrar imediatamente a letra daquela composição do Arnaldo Antunes, intitulada “Longe”, que descreve uma situação muito parecida e “aflitiva” com o pesadelo de viver sem o hábito de tuitar: “Onde é que eu fui parar? / Aonde é esse aqui? / Não dá mais pra voltar / Por que eu fiquei tão longe? / Longe… / Onde é esse lugar? / Aonde está você? / Não pega celular / E a terra está tão longe / Longe… / Não passa um carro sequer / Todo comércio fechou / Não tem satélite algum transmitindo / notícias de onde eu estou / Nenhum email chegou / Nem o correio virá / E eu entre quatro paredes sem porta / ou janela pro tempo passar / Dizem que a vida é assim / Cinco sentidos em mim / Dentro de um corpo fechado / no vácuo de um quarto no espaço sem fim / Aonde está você? / Por que é que você foi? / Não quero te esquecer / Mas já fiquei tão longe / Longe… / Não dá mais pra voltar / E eu nem me despedi / Onde é que eu vim parar? / Por que eu fiquei tão longe? / Longe, longe, longe, longe / Longe, longe, longe / Seis, cinco, quatro, três, dois, um.

Por onde os meus amigos, conhecidos, desconhecidos, fakes ou trolls, que passaram a interagir comigo, desde que criei o meu login www.twitter.com/raulchristiano em agosto de 2008, voltarão a se encontrar comigo? Quem sabe o meu amigo e colega de pós-graduação na ESPM, o publicitário Adriano Brandão, que me orientou acessar o Twitter pela primeira vez, tenha uma receita que substitua esse quase vício de contar o que estou fazendo, pensando e querendo mudar. Por ele já me habituei ao mantra: #Educaçãoétudo #Educaçãoétudo #Educaçãoétudo ou parodiar o poeta, dizendo que tuitar é preciso, mas viver é ainda muito mais!

Pelo Twitter além de interagir mais com as pessoas, contando sobre as minhas idéias e tornando mais transparentes as minhas opiniões sobre quase todos os assuntos que movimentam nossas vidas, acompanhei também as reflexões dos meus filhos e percebi o quanto bem humorados eles se tornaram. Eles cresceram e já pontuam uma visão do mundo à sua volta, que hoje em dia é quase impossível conhecer nos raros momentos em que compartilhamos todos à mesma mesa na hora do almoço ou do jantar.

O Twitter me fez tuitar mais que blogar, que já havia se tornado um hábito diário. Virtualizando consegui olhar o mundo de uma outra forma, sem barreiras, principalmente porque quando comecei aqui, o fazia pelo prazer de confabular, chegando a imaginar que na síntese das minhas orações, mensagens, agendas, análises críticas, em apenas 140 caracteres, na prática retomaria a minha produção poética dos anos 70 e começo dos 80. Mas está cada vez mais clara a importância dessa rede e de suas ferramentas eficazes, o seu uso no dia a dia pessoal, do trabalho e da militância política.

Não posso crer que o Twitter se apagou, mesmo agora quando começo a acreditar, há quase três horas sem conseguir acessar o meu próprio perfil, que os boatos tinham um fundo de verdade. Buscando informações, achei uma nota sobre um possível “Twitpocalypse”, informando que a ameaça de esgotamento devia ao banco de dados da rede social Twitter, que suporta 2.147.483.647 (dois bilhões, cento e quarenta e sete milhões, quatrocentos e oitenta e três mil, e seiscentos e quarenta e sete) posts e que, quando esse número fosse ultrapassado, a tendência é que o sistema pararia de funcionar.

A vida é mesmo assim… quem sabe esse apocalypse seja apenas mais uma estratégia de marketing para ganhar ainda mais adeptos ou então para que possamos utilizá-lor cada vez mais, como se já não tivéssemos a idéia do quanto impossível é viver fora de uma rede social nos dias atuais. Confesso que, antes de postar estas divagações, tentei dezenas de vezes acessar o Twitter, em vão… …enquanto isso não acontece, e nem bem sei se ele irá voltar, vale a pena ouvir Arnaldo Antunes, cantando “Longe”, mas tão perto de todos nós: http://youtu.be/uoKWAiwmUes

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Há empregos, mas falta qualificação !

José Serra tocou num dos pontos mais preocupantes do setor produtivo hoje: a falta de mão de obra qualificada para atender às demandas de empregos existentes e disponíveis. Ao assumir a sua candidatura a presidência da República, neste final de semana, Serra disse que um governo deve começar a governar logo no seu primeiro dia e que a sua urgência, se for eleito no dia 3 de outubro deste ano, será a criação de mais de 1 milhão de novas vagas em novas escolas técnicas, com cursos de um ano e meio de duração, de nível médio, por todo o Brasil. Mas essa contradição, da existência de empregos e da falta de qualificação para eles, associada ao exército de desempregados em nosso país, também precisa ser analisada sob a ótica dos baixos salários oferecidos pelos empregadores e que tornam essas vagas desinteressantes.

Com o compromisso público de José Serra, da importância que a Educação para o emprego terá em seu governo, a distorção salarial receberá providências na medida em que o Brasil revisar os seus recordes atuais com o mais baixo investimento governamental do mundo em infraestrutura, a maior taxa de juros reais do mundo e a maior carga tributária das nações em desenvolvimento. Resolvidos esses gargalos, que impedem a satisfação das nossas necessidades e preenchimento de nossas esperanças, o país verá o crescimento da sua economia.

Não é a primeira vez que escrevo sobre essas carências do Brasil e das estatísticas preocupantes com o número de trabalhadores excluídos dos efeitos benéficos da prosperidade e do crescimento econômico nacionais. Os avanços tecnológicos mundiais e a influência deles na vida dos setores produtivos exigem preparo dos jovens, trabalhadores, desempregados, de todos os níveis sociais e de formação educacional e profissional.

Serra atinge de maneira certeira o alvo do Brasil menos desigual para todos. Realmente é de fundamental importância priorizar um amplo programa nacional de qualificação para o emprego, inclusive prevendo a multiplicação de cursos de qualificação mais curtos, para atualização dos trabalhadores da ativa e também para os desempregados. E, nesse cenário, cabe tirar do papel idéias e programas como o “meu primeiro emprego”, para os adolescentes e jovens que saem do ensino básico despreparados para ingressar no mercado de trabalho.

Hoje crianças e adolescentes são beneficiados com a compensação financeira do programa Bolsa Família. Na travessia da adolescência para a juventude observamos um vazio que poderia ser coberto pela Bolsa Família, dando uma ajuda de custo para os jovens cujas famílias dependem desse programa, enquanto eles se sentissem inventivados em participar de cursos profissionalizantes com vistas ao primeiro emprego.

Pesquisas recentes, como a realizada pela Manpower, uma consultoria internacional de recursos humanos, reafirmam que não faltam empregos e que o grande problema dos setores produtivos e de prestação de serviços é a carência de qualificação. Cerca de dois terços dos empregadores brasileiros não encontram mão de obra qualificada para preencher vagas existentes.

Nosso país não é o mais defasado nesse quesito. O Brasil perde apenas para o Japão, de acordo com esse levantamento da Manpower: dos 35 mil empregadores ouvidos em 36 países, 64% dos empregadores brasileiros responderam que têm dificuldade em preencher as vagas, enquanto no Japão a queixa foi de 76% do total. A média dos países consultados é de 31% dos empregadores.

É evidente que com José Serra na presidência da República vamos virar uma página na história da economia brasileira, aumentando a nossa capacidade de produção e renda. Um próximo governo focado em empreender mais vagas e cursos profissionalizantes, disposto evitar um apagão de trabalhadores capazes para tarefas da sua própria sobrevivência e desenvolvimentistas, só pode ser um governo que fará muito mais pelo Brasil.

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