Blog do Raul

Eleições

“Progressão continuada” não é vilã !

Tenho muito receio da forma com que certos temas são colocados em debate para a sociedade durante os anos de eleições. A crítica é comum contra aqueles que estão no poder e ainda não conseguiram resolver completamente as questões, como no caso da educação, cujas medidas importam mexer com a vida de uma geração em envolvimento. Por isso vejo com reservas a forma com que a “progressão continuada” retoma o centro das atenções e das opiniões políticas e eleitorais, porque os seus defensores a deixam numa posição muito vulnerável, restando-lhes absorver todo tipo de crítica, como se fosse a única responsável pela qualidade do ensino e pelos resultados apresentados nos últimos anos.

A associação da “progressão continuada” com a “aprovação automática” configura o desvirtuamento desse modelo importante para impedir o desequilíbrio idade/série dos estudantes e evitar múltiplas repetências, que são os principais fatores da evasão escolar. A “progressão” deve ser organizada, na forma prevista pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em forma de ciclos, para saber o nível e a absorção de conhecimento, sem interrupção, mas de construção. A “progressão continuada” se orienta no acompanhamento e entendimento de que o aluno está continuamente se formando, construindo significados.

No entanto, há uma discussão que precisa ser pautada com o envolvimento dos principais atores responsáveis pela educação, especialmente dos ciclos básicos, onde a “progressão continuada” se verifica. Governos, conselhos de educação, associações de pais e mestres, dirigentes, funcionários, alunos e pais precisam com urgência tocar e fazer acontecer questões fundamentais para que esse sistema resulte em avanços, como o educador Paulo Freire já previa em seus estudos, teses e práticas: mudanças específicas nas condições estruturais, pedagógicas, salariais, de formação de professores e em todos os atributos que forem considerados essenciais para que o programa seja desenvolvido com os resultados preconizados.

Afora isso, o entendimento da sociedade, que se desperta para o assunto sempre na época das eleições, continuará restrito à “aprovação automática”, singelamente considerada desde que o estudante não falte às aulas. Infelizmente não é possível neste novo momento eleitoral pautar o tema de maneira clara e sem críticas oportunistas. A vontade política dos governantes deve ser clara nessa direção e as organizações corporativas e comunitárias não podem manter uma postura reacionária.

Se o aprendizado e o desenvolvimento dessas crianças e adolescentes “envergonham” pais e educadores, porque ficar fugindo da própria culpa, se a solução está tão próxima das suas decisões e atitudes? O estudante que tem dificuldade de aprender necessita de especialistas para identificar as suas deficiências e da aplicação das vacinas apropriadas com reforço escolar e atenção específica. O Brasil vai avançar mais quando a Educação for tratada como uma urgência e estiver inserida como o primeiro item da agenda de todos quantos tiverem o poder de decidir.

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A parte do PT das Farc !

Quem já militou nos movimentos de esquerda, para resgatar o regime democrático para o Brasil, pode refletir de outras maneiras as acusações reincidentes sobre as ligações do PT com as Farc – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Enquanto é notória a tentativa de relacionar essa história com a biografia da candidata petista Dilma Rousseff, por causa da sua militância como guerrilheira e a luta armada nos anos 60, estou preocupado com o espírito anti-democrático de parcelas dirigentes do PT e com o narco-terrorismo das Farc. A influência desses petistas na hipótese de um governo de Dilma fomenta o temor de todos quantos defendem como eu a democracia, com eleições livres e limpas, sem espaço para totalitarismos.

O atual governo federal do PT conduz a política externa de maneira ideologizada, sendo bastante leniente com governantes que tendem eliminar as distinções entre o Estado e a sociedade, insistindo em politizar todas as relações sociais. Os petistas que comandam essa linha querem mobilizar a militância partidária com um discurso de esquerda nostálgico, mas atrasado faz muitos anos, para tentar compor um verdadeiro espírito de guerrilha eleitoral, que está mais para o banditismo político, do que para a civilidade política experimentada na democracia.

Não acho que o candidato a vice-presidente de José Serra, deputado Índio da Costa, esteja exagerando ao pautar a ideologização da campanha atual. Também discordo que essa denúncia requentada de Índio seja responsável pelo rebaixamento do nível da campanha, enquanto as ideias e propostas são impedidas de chegar ao conhecimento geral do povo brasileiro, porque o horário eleitoral nas emissoras de rádio e TV começarão apenas na segunda quinzena de agosto e a candidata do PT esteja fugindo dos debates como o vampiro foge da claridade.

O PT reacionário a Lula repete neste momento a história do lobo em pele de cordeiro. O PT sempre se posicionou contra a atual Constituição Brasileira Cidadã, o Plano Real de estabilização da economia, a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Fundef de desenvolvimento da educação e valorização do magistério etc. O PT recuou estrategicamente quando foi convencido por marqueteiros eleitorais de que deveria produzir uma Carta ao Povo Brasileiro, reconhecendo os avanços econômicos e sociais, para ajudar a eleger Lula depois de três disputas presidenciais sem sucesso.

Vale muito a relembrança de Índio da Costa sobre a ligação das Farc com o PT, justamente porque Dilma é vulnerável ao esquerdismo, retrato de uma época, mas que uma parte influente do PT no atual governo federal do Brasil tenta reacender valorizando relações internacionais com Nações comandadas por ditadores. Observe que Dilma atribui essa polêmica a um pretenso baixo nível da campanha, mas não diz uma palavra sequer que desminta seus opositores ou negue as ligações do seu PT com as Farc, que atualmente são uma força ligada ao narcotráfico.

Não dá para ficar inerte diante desses fatos amplamente divulgados pela imprensa nacional e estrangeira, bem como pelas últimas tentativas desse governo petista, com a censura à imprensa, ao Ministério Público e a todas as iniciativas livres da sociedade!

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Educação técnica sem orçamento!

Na contramão dos números recentes indicando para a necessidade de qualificar mão de obra para as novas oportunidades de emprego no país, o atual governo federal do PT vem cortando verbas do orçamento para os programas de treinamento financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O tema qualificação técnica e profissional para o emprego está na agenda das campanhas eleitorais iniciadas nesta semana, mas especialistas indicam que a economia brasileira está prestes a sofrer um apagão produtivo se não houver um foco governamental em aumentar vagas e escolas técnicas.

Esta é uma urgência do Brasil e infelizmente parece que os esforços governamentais não acompanham essa tendência. Conforme dados divulgados pelo Conselho Deliberativo do FAT (Codefat), o atual governo está muito aquém da média de investimento anual do governo Fernando Henrique Cardoso. Entre 1999 e 2002 foram investidos em média R$ 768 milhões, enquanto de 2003 a 2008, sob a presidência de Lula a média despencou para R$ 97 milhões ao ano.

Um dos argumentos utilizados para tentar justificar essa grande queda foram as denúncias de desvios de verbas por sindicatos e secretarias estaduais de Relações do Trabalho e Emprego, bem como de organizações não governamentais contratadas pelos governos federal, estaduais e municipais. Ao invés de esclarecê-las, com apuração e punição dos responsáveis, o governo federal aproveitou também as metas de resultados estabelecidas pela área econômica – ministérios da Fazenda e Planejamento, e Banco Central – para cortar recursos previstos no Orçamento, sem oferecer uma alternativa concreta para a qualificação profissional para o trabalho.

Está claro que deve existir um choque de interesses e de relacionamento entre o governo e o FAT, que é gerido por representantes dos trabalhadores, empregadores e do próprio governo. Entretanto essa situação passa ao largo de uma prioridade nacional que caminha lentamente e que sem dúvida só será resolvida a partir do próximo governo, que precisará governar o assunto desde o primeiro dia de janeiro de 2011, para que o Brasil afaste a ameaça de estagnação a que está sujeito hoje.

O noticiário político e econômico vem destacando a informação da promessa feita por José Serra, candidato a Presidente da República pelo PSDB, de se criar pelo menos 1 milhão de vagas em escolas técnicas, além de um programa (Protec) de financiamento dos estudantes – jovens e trabalhadores desempregados e da ativa – para custear mensalidades inclusive em escolas particulares, a exemplo do Prouni criado para o ensino universitário. Também tenho lido sobre os objetivos da Petrobrás em treinar cerca de 243 mil trabalhadores para as suas operações com a exploração do gás e petróleo descobertos no Pré-Sal da Bacia de Santos.

Será que o problema é apenas de insensibilidade dos atuais governantes?

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Militância polí­tica virtual em 2010

Chegamos ao futuro com a Internet. Orkut, Facebook, LinkedIn, MySpace, Windows Live, Twitter, Blogs, Flickr e muitas outras ferramentas foram criadas e formam as chamadas redes sociais, que ampliaram a comunicação humana e são responsáveis pela integração global, com as suas formas de produção, distribuição e consumo do conhecimento. O Brasil registra número crescente de internautas e acessos, e neste ano a Internet vai experimentar essas ferramentas com maior liberdade nas eleições. Os exemplos e resultados positivos com a vitória de Barack Obama na campanha americana animam especialistas brasileiros em marketing eleitoral, partidos e candidatos em todos os níveis.

Essa experimentação ocorre com atraso, porque as regras em nosso país sempre foram muito rigorosas, dado que legisladores e o Judiciário não dispunham de referências de segurança para o uso político e eleitoral. O debate no Congresso Nacional revelou a preocupação com limites que são praticamente impossíveis de identificar no mundo virtual global. Houve quem defendesse uma isonomia dessas novas regras com os limites dos meios de comunicação tradicional. Esse paradigma mudou quando houve interatividade dos parlamentares com os eleitores, convictos pelo seu uso livre.

Os candidatos potenciais em 2010 se movimentam e tentam aproximar as suas ideias dos eleitores e os eleitores para as suas próprias campanhas. Contudo, a experiência eleitoral de Barack Obama ainda não serve totalmente ao Brasil, porque os americanos têm hábitos muito diferentes na Internet. No caso de Obama, os seus simpatizantes produziram vídeos manifestando apoio ao candidato, independentemente do partido ou da sua campanha. No Brasil, embora cerca de 37 milhões de usuários estejam conectados, em casa ou no trabalho, que somam 64,8 milhões quando consideramos os acessos em lan houses, bibliotecas, escolas e telecentros, os conteúdos políticos ainda têm interesse restrito.

A audiência na Internet configura hoje numa das maiores em comparação com os demais meios de comunicação, somando todos os tipos de veículos. Isso aumenta a relevância desse instrumento pela classe política, que necessitará muita criatividade para mobilizar o eleitorado na Internet no seu dia a dia. Internautas e eleitores não restringem o exercício da interatividade crítica somente no período de quase 90 dias das campanhas. Os conteúdos farão a diferença na percepção desses eleitores, que rejeitam as obviedades dos contatos pelos mecanismos tradicionais de comunicação.

O eleitor virtual vai ser atingido pelo político e pelas suas redes de militância virtual, desde que o uso da Internet observe uma comunicação em via de mão dupla e, ao mesmo tempo, convençam que as suas mensagens são também individuais, pessoais e abertas à troca de informações, ideias, propostas. Não acredito na massificação das mensagens eleitorais, justamente porque hoje há uma verdadeira repugnância às toneladas de lixo eletrônico e propagandas intrometidas. O sentido da propaganda eleitoral virtual, do emissor ao receptor, como a “entrega” de um panfleto eletrônico, sem interatividade e chance de contribuir para os conteúdos é um indicativo do fracasso nesse meio.

A Internet fará diferença nos custos das campanhas, que reduzirá materiais e agregará valor aos que compreendem a força de instrumentos virtuais. O seu uso adequado e inteligente mesclará eleitores que acreditam na política como meio de transformação da sociedade e a comunidade que busca conscientemente, credibilidade, confiança e envolvimento para mudar.

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Educação começa pela Básica !

Há uma cobrança de muitos especialistas em educação sobre a ausência de propostas dos atuais candidatos a presidência da República para o ensino básico. A conjuntura eleitoral está priorizando a discussão de saídas urgentes para evitar o apagão na educação para o emprego, ou seja, a qualificação profissional para que jovens e trabalhadores possam ocupar as novas demandas de emprego no país. Mas isso não significa que o ensino fundamental esteja fora das cogitações ou não é considerado uma questão urgente para o país.

Li comentários do senador Cristovam Buarque no twitter (www.twitter.com/Sen_Cristovam) defendendo uma possível federalização da Educação de Base, para fazer com que todas as escolas do Brasil sejam, pelo menos, tão boas quanto o Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. A União banca o Pedro II e, por meio das universidades federais, os Colégios de Aplicação, que estão entre aqueles que melhor ensinam em todo o país.

Acho que seria um retrocesso inverter completamente a ordem de responsabilidades, constitucionais inclusive. Hoje cabe aos municípios a gestão do ensino básico, da educação infantil ao ensino fundamental, sendo que alguns conseguem assumir o ensino médio, que é uma atribuição dos Estados. Ao governo federal, ou à União, cabem o ensino superior e as diretrizes didático-pedagógicas para todas as fases do aprendizado nacional.

A Educação Básica necessita de mais recursos financeiros para atender às demandas iniciais de formação do povo brasileiro. Não acredito, entretanto, que esses recursos seriam conseguidos por meio de novas leis carimbando receitas da União com tributos existentes ou novos. O Congresso Nacional aprovou recentemente que 50% dos recursos do Fundo Social a ser formado com os rendimentos da exploração de gás e petróleo sob as camadas de pré-sal sejam destinados à Educação. E que destes 50%, 80% sejam aplicados em Educação Básica.

Se isso for confirmado pelo atual governo federal, que numa primeira manifestação demonstrou a sua contrariedade com essa focalização, justificando que isso dificultaria a manutenção de políticas sociais, como a Bolsa Família, os gestores deste país conseguiram cumprir as suas atribuições para a melhoria da qualidade da Educação. Atualmente a maior parte do orçamento do Ministério da Educação – MEC está comprometida com a manutenção das IFES – Instituições Federais de Ensino Superior.

O custo/aluno/ano hoje apresenta distorções muito graves, se fizermos uma comparação sobre a distância da União em relação à educação básica. Um estudante universitário federal custa cerca de R$ 9,5 mil, um aluno de escolas técnicas mantidas pelo MEC tem investimento da ordem de R$ 3,7 mil, enquanto a média para atender às crianças e adolescentes fica em torno de R$ 1,5 mil. Acontece que para tocar nesses números, explicitando a necessidade de uma redistribuição de valores por um determinado período, provocará um levante das corporações da Universidade Federal, principalmente, que já considera baixos os investimentos em seus níveis de ação.

O Brasil avançou bastante a partir do momento que começou a avaliar as condições do ensino ofertado da educação básica ao ensino superior. Contudo essa avaliação enfrenta resistência apenas quando o mérito dos gestores e educadores é considerado, com a preocupação de que o educador mal avaliado terá a culpa pela má qualidade do ensino e do aprendizado. Esse fator, na realidade, funcionaria como o uso do termômetro num paciente antes de solicitar outros exames antes do diagnóstico. Na minha visão, o senador Cristovam Buarque está certo quando mira a sua atenção para instituições muito bem avaliadas em todos os sentidos, mas sem dúvida o próximo presidente da República não pode deixar para depois das eleições as suas ideias concretas para melhorar a formação do povo brasileiro, desde os primeiros contatos com a Educação, nas próprias creches.

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Há empregos, mas falta qualificação !

José Serra tocou num dos pontos mais preocupantes do setor produtivo hoje: a falta de mão de obra qualificada para atender às demandas de empregos existentes e disponíveis. Ao assumir a sua candidatura a presidência da República, neste final de semana, Serra disse que um governo deve começar a governar logo no seu primeiro dia e que a sua urgência, se for eleito no dia 3 de outubro deste ano, será a criação de mais de 1 milhão de novas vagas em novas escolas técnicas, com cursos de um ano e meio de duração, de nível médio, por todo o Brasil. Mas essa contradição, da existência de empregos e da falta de qualificação para eles, associada ao exército de desempregados em nosso país, também precisa ser analisada sob a ótica dos baixos salários oferecidos pelos empregadores e que tornam essas vagas desinteressantes.

Com o compromisso público de José Serra, da importância que a Educação para o emprego terá em seu governo, a distorção salarial receberá providências na medida em que o Brasil revisar os seus recordes atuais com o mais baixo investimento governamental do mundo em infraestrutura, a maior taxa de juros reais do mundo e a maior carga tributária das nações em desenvolvimento. Resolvidos esses gargalos, que impedem a satisfação das nossas necessidades e preenchimento de nossas esperanças, o país verá o crescimento da sua economia.

Não é a primeira vez que escrevo sobre essas carências do Brasil e das estatísticas preocupantes com o número de trabalhadores excluídos dos efeitos benéficos da prosperidade e do crescimento econômico nacionais. Os avanços tecnológicos mundiais e a influência deles na vida dos setores produtivos exigem preparo dos jovens, trabalhadores, desempregados, de todos os níveis sociais e de formação educacional e profissional.

Serra atinge de maneira certeira o alvo do Brasil menos desigual para todos. Realmente é de fundamental importância priorizar um amplo programa nacional de qualificação para o emprego, inclusive prevendo a multiplicação de cursos de qualificação mais curtos, para atualização dos trabalhadores da ativa e também para os desempregados. E, nesse cenário, cabe tirar do papel idéias e programas como o “meu primeiro emprego”, para os adolescentes e jovens que saem do ensino básico despreparados para ingressar no mercado de trabalho.

Hoje crianças e adolescentes são beneficiados com a compensação financeira do programa Bolsa Família. Na travessia da adolescência para a juventude observamos um vazio que poderia ser coberto pela Bolsa Família, dando uma ajuda de custo para os jovens cujas famílias dependem desse programa, enquanto eles se sentissem inventivados em participar de cursos profissionalizantes com vistas ao primeiro emprego.

Pesquisas recentes, como a realizada pela Manpower, uma consultoria internacional de recursos humanos, reafirmam que não faltam empregos e que o grande problema dos setores produtivos e de prestação de serviços é a carência de qualificação. Cerca de dois terços dos empregadores brasileiros não encontram mão de obra qualificada para preencher vagas existentes.

Nosso país não é o mais defasado nesse quesito. O Brasil perde apenas para o Japão, de acordo com esse levantamento da Manpower: dos 35 mil empregadores ouvidos em 36 países, 64% dos empregadores brasileiros responderam que têm dificuldade em preencher as vagas, enquanto no Japão a queixa foi de 76% do total. A média dos países consultados é de 31% dos empregadores.

É evidente que com José Serra na presidência da República vamos virar uma página na história da economia brasileira, aumentando a nossa capacidade de produção e renda. Um próximo governo focado em empreender mais vagas e cursos profissionalizantes, disposto evitar um apagão de trabalhadores capazes para tarefas da sua própria sobrevivência e desenvolvimentistas, só pode ser um governo que fará muito mais pelo Brasil.

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Mais Educação reduz dependência social

O projeto que cria o Fundo Social do Pré-Sal e estabelece o regime de partilha (em vez de concessão) como novo modelo de exploração do petróleo, além de redistribuir royalties foi votado e modificado no Senado, na madrugada do dia 10 de junho. Os senadores aprovaram também que 50% dos recursos desse fundo sejam destinados para a educação pública superior e básica, e que, desse total, 80% dos recursos precisam ser aplicados na educação básica. O presidente Lula não gostou dessa iniciativa e disse que “daqui a pouco é 50% para não sei o quê. Daqui a pouco o governo não vai ter como fazer política social, porque (o dinheiro) já está carimbado.” Não vejo outro destino melhor que a Educação; só a Educação não é qualquer coisa.

A meu ver, essa decisão, que agora depende de uma nova votação na Câmara dos Deputados, porque sofreu alterações no Senado, é muito saudável para a eficiência das políticas compensatórias de renda – unificadas em torno da Bolsa Família – e de todas as ações originadas durante o governo FHC para a estruturação de uma Rede de Proteção Social. Com a garantia de mais recursos para a Educação, a travessia para a redução das desigualdades sociais deixará de ser uma utopia, prevalecendo o caráter emancipatório que toda política pública deve ter.

A vinculação de 50% dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal para a Educação precisa ser confirmada pelos deputados federais, se essa matéria for votada ainda neste ano de eleições. Entendo que em nada comprometerá a existência dos programas sociais, que devem ser melhorados com ações complementares de qualificação dos adolescentes e jovens para o primeiro emprego. A Educação com maiores recursos caminhará para cumprir o desafio da melhoria da sua qualidade e garantir a desimportância da própria Bolsa Família no futuro. Mas já observo a movimentação de líderes parlamentares lulo-petistas antecipando que o presidente da República vetará o quê estiver fora da sua lógica assistencialista atrasada.

Lula está dizendo agora que há exagero nas decisões do Congresso e que ele não hesitará vetar aquilo que confirmar essa interpretação. Antevejo que o presidente da República já articula anunciar o seu “temor” com o direcionamento de mais dinheiro para a Educação, que é a principal política pública de inclusão social de qualquer país do Mundo e pode atingir as metas de investimentos previstas no Plano Nacional de Educação. Vistos discursos anteriores, não me surpreenderei se Lula e os seus candidatos nessas eleições atribuírem ao Congresso Nacional a responsabilidade por uma suposta e inverídica tentativa de acabar com a Bolsa Família, por exemplo.

Espero que essa movimentação ajude os estrategistas da oposição, a pensar nos melhores meios de explicar que há perspectiva de futuro inclusive para as classes mais dependentes das políticas e dos programas sociais. Apesar das estatísticas revelarem a ascensão do povo que viveu e das camadas populares que ainda vivem abaixo da linha da pobreza, os graus de satisfação são artificiais, enganosos e sujeitos à manipulação por governantes demagogos.

A descoberta das reservas de petróleo e gás no Pré-Sal não deixa dúvida, especialmente num ano eleitoral, de que todo político tentará extrair uma casquinha dessa verdadeira panacéia para o desenvolvimento social. Por isso aposto na Educação como o passaporte necessário para essa travessia, principalmente se forem confirmados e realizados os 50% dos recursos que serão alocados no Fundo Social, resultantes da exploração e comercialização dessas reservas. Também aposto que, com mais Educação, o povo pobre terá condições de perceber a viabilidade das suas chances reais de ter a sua independência econômica, graças à sua capacidade para o trabalho e geração de renda para os seus núcleos familiares, como nunca antes na história deste Brasil, verdadeiramente.

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“Aloprados” sempre de plantão !

Sobraram denúncias e confirmações ao longo do atual governo federal do PT, da fabricação de “dossiês” contra os seus adversários políticos, por orientação direta da Casa Civil da Presidência da República, do ministério da Justiça ou de pessoas contratadas pelo partido governista para as suas campanhas e ações eleitoreiras. As justificativas oficiais rechaçam sempre a versão da existência de uma central de “dossiês”, optando pela irônica referência a uma tarefa corriqueira atualização de “banco de dados”, que prevê bisbilhotar inclusive a vida pessoal dos seus opositores para tentar inibir reações contrárias ao novo modo de fazer política no Brasil pelos lulo-petistas. Isso é uma afronta ao estado democrático, repetida agora no início da disputa eleitoral de 2010.

O tema “fábrica de dossiês” retornou ao noticiário em todas as mídias, por conta de um alerta feito por José Serra, de que havia indícios de uma nova ação dos articuladores da campanha atual do PT, para ilegalmente escutar conversas telefônicas, reunir material contra pessoas e partidos, principalmente do PSDB e do DEM. A reação do PT foi imediata, “indignados” e pró-ativos numa possível interpelação de Serra nas barras da justiça. Mas logo veio a confirmação de atores consultados para elaborar o roteiro de uma nova tentativa de farsa eleitoral. E caiu o gabinete de comunicação da candidata Dilma.

Vale relembrar que a então ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) foi pilhada quando a sua secretária-executiva Erenice Alves Guerra, atual ministra da mesma pasta, montava com a sua equipe um dossiê com denúncias feitas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua mulher Ruth Cardoso. O episódio nunca foi esclarecido, além de uma minimização de que se tratava de uma atualização do banco de dados da presidência da República.

Na sequência, em 2006, a mesma movimentação da central de dossiês queria atingir as campanhas do PSDB. Detectada e denunciada a tempo de transformar o processo eleitoral num festival de baixarias, coube ao próprio presidente Lula considerar publicamente que as imagens de petistas e contratados do PT, carregando malas de dinheiro e dialogando em escutas telefônicas da Polícia Federal sobre a fabricação de informações contrárias a políticos do PSDB, eram coisa de “aloprados”, uma “brincadeira”. Ora, até hoje não se sabe a origem e o destino daquela dinheirama movimentada nos bastidores da campanha de 2006 do senador Aloysio Mercadante.

Imaginava que o PT reagiria dessa lição e se ocuparia de outros meios, recompondo-se com a ética e com o respeito às regras democráticas esperadas em campanhas e eleições livres e limpas. Ledo engano. A nova descoberta demonstra que toda atenção será pouca no processo político em curso. Os próximos quatro meses prometem muito e acho fundamental manter o equilíbrio nesse jogo desigual, rasteiro, que não deveria, mas que precisa de novos revezes para ser considerado sério e merecer o crédito de uma sociedade longe da perplexidade. A culpa é do cenário óbvio, infelizmente.

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O mal do Brasil sem fronteiras !

José Serra não faltou com respeito à Bolívia e aos bolivianos, quando disse que o governo daquele país é cúmplice com o tráfico de drogas e que 90% da cocaína consumida no Brasil vem daquele país. José Serra apenas realçou que o atual governo federal do PT é complacente com a direção imposta pelo mui amigo Evo Morales, ideologizando uma parcela do Itamaraty (leia-se ministério das Relações Exteriores com dois ministros sentados na mesma cadeira – Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia) e deixando frouxa a vigilância das fronteiras brasileiras, porque os vizinhos são bastantes companheiros.

A Bolívia não combate nem a produção, nem o tráfico de drogas. A Colômbia, bem ou mal, combate. E o atual governo brasileiro se mostra incapaz de cobrar contrapartidas de seus parceiros políticos estrangeiros, aceitando sem qualquer resistência o maior combustível para o crime organizado no Brasil e para a imobilização da juventude brasileira sujeita ao vício da cocaína e do crack, com a acessibilidade cada vez mais fácil em todo o território nacional. Porque não se corta o mal pela raiz ?

O jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo, teve acesso a documentos oficiais produzidos pelo governo federal durante a gestão do presidente Lula, que reforçam a acusação de José Serra contra o governo da Bolívia. As candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) estão equivocadas quando, respectivamente, combateram as declarações do presidenciável do PSDB: a petista disse que Serra “demoniza” a Bolívia, enquanto a verde alegou que “não se trata assim um país irmão”. Ora, não lí até agora uma linha de ambas em relação à maior segurança nas fronteiras do Brasil, à Soberania Nacional e à política concreta de Segurança Pública em todos os níveis.

Conforme os documentos revelados por Josias de Souza, realmente 80% da cocaína distribuída no Brasil vem da Bolívia, sendo a maior parte na forma de “pasta”, para que o refino seja feito no país. A fonte é uma autoridade da Divisão de Controle de Produtos Químicos da Polícia Federal, e o próprio Itamaraty atesta que, sob o governo de Evo Morales houve “valorização” da folha de coca, o aumento na sua produção pelo quinto ano consecutivo e o interesse daquele governo firmar acordo com o Brasil, segundo o qual a PF brasileira passaria a atuar lá no combate ao tráfico de cocaina e armas.

Ao invés de um gesto de preocupação e tranqüilidade para com a família brasileira, vítima das drogas e do crime organizado em nosso país, o PT insurgiu juntamente com o ministério das Relações Exteriores da Bolívia, as candidatas petistas (Dilma e Marina) e o presidente Lula, tentando desqualificar José Serra e as suas graves denúncias. Lula brincou de “fazer inveja no Serra”, abraçando Evo Morales no Rio de Janeiro, enquanto a cocaína continua atravessando nossas fronteiras. Por essas atitudes e por muitas outras que ainda estão por vir, acho fundamental que a sociedade reflita melhor sobre quais mãos garantem um futuro mais sério e seguro para todo o Brasil.

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