A construção de Serra
Não estou satisfeito com o comportamento do PSDB em relação às eleições para a presidência da República em 2010, mesmo com a vantagem do nome do governador José Serra em todas as pesquisas eleitorais que se tem notícia hoje. Está cada vez mais claro para mim, praticamente desde a sua fundação, que a unidade partidária do PSDB despreza seu arco ideológico – social democrata, socialista democrático, democrata cristão e liberal progressista – e o seu próprio programa, para evidenciar projetos de pessoas e disputas regionais. No caso da disputa do ano que vem ví esse filme antes, em 2006, quando Geraldo Alckmin se apresentou como pré-candidato a Presidente e uniu burocraticamente o PSDB em torno do seu nome. Qual palanque regional os estrategistas tucanos pensam formar agora, se há apenas dois partidos – DEM e PPS – integrados a um presidenciável do PSDB?
Isso não é um jogo de cena para manter o PSDB em evidência como muitos estão imaginando. Mas revela que o PSDB tem dificuldade de superar algumas doenças infantis porque não manteve em dia a sua caderneta de vacinas. As ambições pessoais superam quase sempre a busca de identidade programática e a definição estruturada de uma política de alianças nacionais. E o PSDB falha porque acaba aceitando e interagindo com as regras do jogo. Não se mostra diferente, apesar de ter entre os seus quadros os melhores nomes quando se pensa mais seriamente no futuro do Brasil.
Quando nasceu com personalidade forte, vitaminado por expressões políticas nacionais como Franco Montoro, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, José Richa, Pimenta da Veiga e José Serra, sinalizava como um partido de quadros prontos para realizar um projeto de salvação nacional. E naquela altura ainda havia uma casta política ideológica que remetia o PSDB às bandeiras históricas do MDB autêntico como Cristina Tavares, Domingos Leonelli, Newton Friedrich e João Gilberto, apenas para citar alguns parlamentares que pensavam mais na ideologia e menos em partidos para projetos eleitorais.
José Serra é o nome mais lembrado pelo povo brasileiro, principalmente nos Estados do Sul e do Sudeste, e em pé de igualdade no Nordeste, onde uma pesquisa interna no Piauí, por exemplo, indica a vantagem da candidata do PT de um mísero ponto de vantagem, que analisando sob o prisma da margem de erro também pode estar em desvantagem. Portanto, acho indiscutível pensar outra alternativa além de Serra, a não ser que o PSDB queira viver outra experiência arriscada de perder.
Se os palanques regionais estão prontos com DEM e PPS, logo de saída, porque tentar imaginar que o PMDB, que vai deixar a sua decisão para os 15 minutos finais do segundo tempo da prorrogação, ou quem sabe para as disputas por penaltis? Não acredito que os dirigentes nacionais do PSDB fiquem motivados com as declarações de Ciro Gomes, de que ele abriria mão da sua candidatura para Aécio Neves em favor do país. Ora, Ciro sustenta ou não com o seu PSB o projeto do PT no Brasil?
A indefinição de Serra perturba somente as ambições pessoais do PSDB e o projeto de Lula continuar na presidência da República. Se as eleições presidenciais fossem hoje, Serra seria o próximo Presidente. Essa ficha precisa cair no PSDB e esperar a convenção de junho de 2010, se for o caso. É inusitado ouvir líderes tucanos e democratas pressionando uma definição agora.
Aécio, por sua vez, pode e deve dizer que é pré-candidato ao Senado por Minas Gerais. Consolidar a sua liderança no Estado, inclusive incensando o nome de seu vice Antônio Anastasia para sucedê-lo. Se lá na frente houver uma mudança de plano e Aécio for pressionado para disputar a vice-presidência da República de José Serra ou a própria presidência no lugar do paulista, a teoria das filas sempre lembrada por Fernando Henrique será observada sem prejuízo de um projeto maior do seu partido.
Ah, mas daí tem a questão de São Paulo, se o José Serra não for o candidato a Presidente pode ser candidato à reeleição… Óbvio e lógico! Por isso é fundamental saber de antemão qual é o foco principal do PSDB para o País. Se a presidência da República é a sua prioridade e o nome mais bem posicionado é o de Serra, não há razão para aliviar o PT dessa derrota. Deixa o Serra governar São Paulo enquanto não precisa se desincompatibilizar, porque assim ele continua se destacando para o Brasil.
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Dois artigos pontuaram neste final de semana a atenção que a educação brasileira precisa ter como política pública essencial, prioritária dos governos em todos os níveis. Refiro-me ao texto da secretária municipal de educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, intitulado “Educando filhos para um mundo melhor”, no Jornal do Brasil, e à análise do ministro da área, Fernando Haddad, com “Educação e Constituição”, na seção de Tendências e Debates da Folha de São Paulo, que discorre sobre o aumento de recursos e de brasileiros que merecem a preocupação do governo, sem uma linha sobre a melhoria da qualidade do ensino. As letras mortas na Constituição de 1988 foram reavivadas por FHC e descontinuadas por Lula, que agora insere mais obrigações sem que tenha realizado o dever de casa.
Sou a favor de uma vida mais digna para todos os aposentados. Sempre achei injusto um cidadão trabalhar uma vida inteira para conseguir sobreviver e quando pode se dedicar com liberdade aos desejos pessoais fica recluso em casa ou é expulso dela porque não conseguiu comprar uma antes ou não consegue pagar os próprios aluguéis. Faz tempo que o Brasil não dá a devida atenção para os aposentados e muitas vezes olham para eles como se fossem um estorvo. Parlamentares e governos precisam encontrar logo uma saída.
O apagão elétrico que deixou sem luz 18 Estados brasileiros na noite desta terça-feira reacende muitas dúvidas e especialistas do setor descartam que tenha sido provocado apenas por problemas naturais. Muitos dos argumentos usados pelo PT durante o governo FHC foram atualizados agora com a demonstração técnica de que um problema natural não seria capaz de provocar um apagão com essa extensão, fragilizando o currículo de ações da ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, mãe do PAC da energia, inclusive. Se os lulopetistas não se cansam de espezinhar o tucanato com o apagão de FHC, como eles se explicam agora, se propagandeiam tanto os investimentos no setor e eles não evitam apagões ? Ou vamos acreditar que estamos vulneráveis a ataques de hackers, conforme pré-anunciou o programa "60 minutos", da emissora norte-americana CBS, ao exibir uma reportagem contando que dois "apagões" no Brasil nos últimos quatro anos teriam sido causados por ataques de hackers ?
Quando o governador José Serra criou o Programa de Valorização pelo Mérito para professores, supervisores e diretores da rede estadual de ensino em São Paulo houve reações negativas dos sindicatos corporativos e de políticos adversários do PSDB, e positivas de especialistas do setor e da sociedade em geral. Nessa balança, entre as justificativas infundadas de que a iniciativa beneficiará apenas uma minoria do magistério e jogará nos ombros dos educadores toda responsabilidade pela qualidade do ensino no Estado, o peso maior recai no reconhecimento do papel-chave do professor para a conquista da melhoria do aprendizado e para tornar mais atraentes as carreiras do magistério.
Se o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, admite que o governo Lula testa os "limites de tolerância" da Lei Eleitoral e nenhuma atitude é tomada para coibir a antecipação da campanha, é possível acreditar que as disputas de 2010 vão institucionalizar o vale-tudo ! Nunca antes na história deste país essa atitude saiu impune, mas agora parece legal emitir sinais eleitoreiros nas margens do São Francisco, nas cercanias do Palácio do Alvorada e nas "inspeções" de obras lentas do PAC. Quem pagará pelo dinheiro público que está sendo utilizado na campanha, com tenda árabe no meio do sertão, com nove cozinheiros, 22 garçons, cantor de forró e aviões e helicópteros transportando lulopetistas ? Não sabia que o TSE e os TRE’s têm "limites de tolerância".
Lí e recomendo a leitura da última edição (37) da Revista Piauí, que traz um dos mais completos perfis do governador José Serra, "Serra na hora da decisão", em reportagem da jornalista Daniela Pinheiro. Nos últimos 15 dias acompanhei comentários de colunistas, blogueiros e twiteiros, que extraíram partes da matéria, utilizando-as de maneira pejorativa na rádio peão, para tentar denegrir a imagem daquele que é, sem dúvida, a maior expressão política da oposição ao PT e ao lulopetismo. Valho-me da resumida introdução da jornalista, que escreveu: "O espelho, as duas almas, os três Eus, as pesquisas, as implicâncias e os critérios que o presidenciável levará em conta para resolver se, de fato, será candidato ao Planalto", como ponto de partida para desconstruir algumas das expressões manipuladas pelas vozes e textos de aluguel do mundo virtual e algumas colunas que se autoproclamam reacionárias ao PIG – Partido da Imprensa Golpista.
Faz 20 anos que a cidade de Santos contempla os armazéns – 1 a 8 – do seu Porto, desativados e em estado gradativo de deterioração. Não faltam projetos para o uso dos mesmos, com atividades turísticas, culturais, educacionais e empresariais, a exemplo do que ocorre em Buenos Aires (Puerto Madero) e em Belém do Pará (Estação das Docas). Infelizmente parece que esse processo não sairá tão cedo do papel. Soube que o prefeito João Paulo Papa articulou todos os detalhes com a Codesp – Companhia Docas do Estado de São Paulo, proprietária dos armazéns, e já mereceu solenidades públicas de anúncio da intenção do repasse a Prefeitura, inclusive com a participação do ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, mas ficou nisso.
Fui surpreendido nesta segunda-feira (19), no meio da tarde, com a informação da morte do publicitário Luiz Celso de Piratininga, o "velho" Pira, aos 76 anos de idade, que atualmente presidia a ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Instantâneamente lembrei de quando o conheci, apresentado pelo também publicitário Petrônio Correa, durante o governo FHC em Brasília. Os dois chegaram na sede do MEC sorrindo, cúmplices de alguma história que não ousaria perguntar, para não perder a oportunidade de testemunhar com encanto uma amizade entre dois grandes talentos da propaganda, que só conhecia do mercado, dos livros e da história da publicidade no Brasil. Até hoje não me lembro de vê-lo mais sério que na foto que ilustra esta homenagem singela. Desde então, sempre nos tratamos como velhos amigos, graças também à capacidade de Petrônio integrar pessoas de todas as gerações, e ao jeito simples do ser humano admirável, professor Piratininga.
Nesta semana o PT exercitou um velho hábito durante os comerciais políticos no horário nobre das programações de rádio e TV. Mentiu sem vergonha que o governo Lula investirá R$ 100 bilhões no Estado de São Paulo até 2010. Sua retrospectiva revela uma intenção permanente de "trabalhar o imaginário da população", como justificou um conhecido marqueteiro (João Santana). Na mentira dessas últimas inserções da sua propaganda política, o PT "omite" que os referidos bilhões de reais totalizam o dinheiro repassado pela União, incluindo despesas de empresas públicas federais e estaduais, empréstimos de bancos federais e investimentos vultosos do Governo do Estado e dos próprios municípios.